segunda-feira, junho 18, 2007

A Comida-lixo e o lixo que serve de comida



«União Europeia contra a fast food».
Claramente, estamos perante uma conspiração, um boicote sinistro aos nossos pensadores liberais ML (muita loucos), quer de direrda, quer de esquerdeita. Todos sabemos como é no decurso - e, sobremaneira, no corolário - da digestão de tão suculentas rações que logram produzir aqueles portentosos nacos de doutrina econopolítica. Quando, a bem da reestruturação empresarial, descobre que sai mais rentável e infinitamente menos dispendioso para as meninges concessionar, em regime de outsourcing, as funções cerebrais ao intestino grosso, pode lá uma junk-mind viver sem uma dose abundante de junk-food. Se lhe retiram o input, que será do output? Isto, acreditem, na vida das psicoputas, não é nenhuma questão de somenos.

De caminho, a mesma notícia reforça-nos uma evidência que julgo pública e notória: «Em Portugal, um em cada três jovens são obesos» De facto, um em cada três é obeso e três em cada quatro são estúpidos que nem uma porta. Graças a essas cadeias de fast food mental que são as televisões, com realce para a inestimável e consagradíssima TVI. A estes costumes, a UE, contudo, diz nada. Não admira: ao contrário da obesidade, a imbecilidade é um dos pilares - pilar e trave mestra - da Nova-Civilização Acidental. Ou melhor dizendo, se a porcinização do corpo os preocupa ligeiramente, por causa das despesas, já a porcinização da alma enche-os de satisfação pelo dever cumprido, por causa dos lucros.
Para terminar, e em jeito de revelação angustiante, ficamos a saber que as «famílias menos abastadas comem mais fast food». Aqui, todavia, permito-me duvidar. Duvido mesmo com grande cepticismo. Na realidade, as famílias da classe média-média é que comem cada vez mais fast food (têm que poupar na comezaina para os diversos créditos -de viagens, solários, spas, colégios, salas de explicação, play-stations, etc); as menos abastadas, essas, quer-me cá parecer, devoram, isso sim, e com inusitado desembaraço, doses crescentes de rações para cães e conservas fora de prazo. E chamo a atenção que estamos apenas a sociopsiar ao nível da classe dos "abastados" - dos menos e dos semi-outrora-quase. Porque se formos para a classe dos pobres - dos mais, dos menos, dos completos (fora os absolutamente indigentes e sem-abrigo)-, temo que o quadro, de tal modo excruciante e ruinoso, ainda cause alguma revolução ó-gregoriana nas entranhas dos leitores mais sensíveis. Para ser sincero, a mim, mais até do que a sobrevivência dessas quase-gentes, intriga-me, sidera-me e constitui mistério profundo a arte quotidiana de conseguirem não apenas sobreviver como ainda alimentar um ou mais telemóveis. É caso para dizer que num país onde, tradicional e fervorosamente, se engravidou pelos ouvidos, agora descobriram como alimentar-se também. À falta de com que darem ao dente, dão à tremela; em vez de encherem a barriga, atestam o orelhame. Bizarro? Incrível? Por mais que pesquise, não vislumbro outra explicação. Direi até mais: se no tempo do Salazarismo tenebrosíssimo cada pobre conseguia o prodígio de alimentar inúmeras bocas famintas, agora, nesta democracia radiante que Deus a benza, cada pelintra consegue a não menos transcendente proeza de alimentar numerosíssimas orelhas insaciáveis. Já não falando nos pobres de espírito, os indigentes mentais convulsivos, acantonados nas elites e gravitando à babugem delas, porque esses, ao que tudo indica, privilegiam mais o SMS.

Já agora, uma estatística interessante seria avaliar o número -certamente crescente - de pessoas que, sem dinheiro sequer para o Mcdonnald's ou demais manjedouras de comida-lixo, se alimentam directamente no contentor do mesmo nome. Poderá ser mais deprimente, é certo, mas estou em crer que, a médio/longo prazo, é capaz de se tornar mais saudável.

5 comentários:

Hugo disse...

Eles bem tentam dizer que o sistema em que vivemos é uma evolução da democracia da Grécia antiga, mas não percebo como da mente sã em corpo são evoluiu para mente de merda em corpo balofo.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Looooool!!!

Anónimo disse...

BEM PREGAS FREI TOMÁS!

o arauto da liberdade de expressão é um mero CENSOR frustrado.
Tens de comer muitas canetas de tinta azul para me calares aqui!

oOoOoOoOoOoOoOoOoOoO
Há censura na caixa
de comentários aqui
no dragoscópio
oOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoO


NÃO ME CALARÁS!!

Anónimo disse...

O que me dói mais é tudo isto ser verdade!