«União Europeia contra a fast food».
Claramente, estamos perante uma conspiração, um boicote sinistro aos nossos pensadores liberais ML (muita loucos), quer de direrda, quer de esquerdeita. Todos sabemos como é no decurso - e, sobremaneira, no corolário - da digestão de tão suculentas rações que logram produzir aqueles portentosos nacos de doutrina econopolítica. Quando, a bem da reestruturação empresarial, descobre que sai mais rentável e infinitamente menos dispendioso para as meninges concessionar, em regime de outsourcing, as funções cerebrais ao intestino grosso, pode lá uma junk-mind viver sem uma dose abundante de junk-food. Se lhe retiram o input, que será do output? Isto, acreditem, na vida das psicoputas, não é nenhuma questão de somenos.
De caminho, a mesma notícia reforça-nos uma evidência que julgo pública e notória: «Em Portugal, um em cada três jovens são obesos» De facto, um em cada três é obeso e três em cada quatro são estúpidos que nem uma porta. Graças a essas cadeias de fast food mental que são as televisões, com realce para a inestimável e consagradíssima TVI. A estes costumes, a UE, contudo, diz nada. Não admira: ao contrário da obesidade, a imbecilidade é um dos pilares - pilar e trave mestra - da Nova-Civilização Acidental. Ou melhor dizendo, se a porcinização do corpo os preocupa ligeiramente, por causa das despesas, já a porcinização da alma enche-os de satisfação pelo dever cumprido, por causa dos lucros.
Para terminar, e em jeito de revelação angustiante, ficamos a saber que as «famílias menos abastadas comem mais fast food». Aqui, todavia, permito-me duvidar. Duvido mesmo com grande cepticismo. Na realidade, as famílias da classe média-média é que comem cada vez mais fast food (têm que poupar na comezaina para os diversos créditos -de viagens, solários, spas, colégios, salas de explicação, play-stations, etc); as menos abastadas, essas, quer-me cá parecer, devoram, isso sim, e com inusitado desembaraço, doses crescentes de rações para cães e conservas fora de prazo. E chamo a atenção que estamos apenas a sociopsiar ao nível da classe dos "abastados" - dos menos e dos semi-outrora-quase. Porque se formos para a classe dos pobres - dos mais, dos menos, dos completos (fora os absolutamente indigentes e sem-abrigo)-, temo que o quadro, de tal modo excruciante e ruinoso, ainda cause alguma revolução ó-gregoriana nas entranhas dos leitores mais sensíveis. Para ser sincero, a mim, mais até do que a sobrevivência dessas quase-gentes, intriga-me, sidera-me e constitui mistério profundo a arte quotidiana de conseguirem não apenas sobreviver como ainda alimentar um ou mais telemóveis. É caso para dizer que num país onde, tradicional e fervorosamente, se engravidou pelos ouvidos, agora descobriram como alimentar-se também. À falta de com que darem ao dente, dão à tremela; em vez de encherem a barriga, atestam o orelhame. Bizarro? Incrível? Por mais que pesquise, não vislumbro outra explicação. Direi até mais: se no tempo do Salazarismo tenebrosíssimo cada pobre conseguia o prodígio de alimentar inúmeras bocas famintas, agora, nesta democracia radiante que Deus a benza, cada pelintra consegue a não menos transcendente proeza de alimentar numerosíssimas orelhas insaciáveis. Já não falando nos pobres de espírito, os indigentes mentais convulsivos, acantonados nas elites e gravitando à babugem delas, porque esses, ao que tudo indica, privilegiam mais o SMS.
Já agora, uma estatística interessante seria avaliar o número -certamente crescente - de pessoas que, sem dinheiro sequer para o Mcdonnald's ou demais manjedouras de comida-lixo, se alimentam directamente no contentor do mesmo nome. Poderá ser mais deprimente, é certo, mas estou em crer que, a médio/longo prazo, é capaz de se tornar mais saudável.
5 comentários:
Eles bem tentam dizer que o sistema em que vivemos é uma evolução da democracia da Grécia antiga, mas não percebo como da mente sã em corpo são evoluiu para mente de merda em corpo balofo.
Looooool!!!
BEM PREGAS FREI TOMÁS!
o arauto da liberdade de expressão é um mero CENSOR frustrado.
Tens de comer muitas canetas de tinta azul para me calares aqui!
oOoOoOoOoOoOoOoOoOoO
Há censura na caixa
de comentários aqui
no dragoscópio
oOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoO
NÃO ME CALARÁS!!
O que me dói mais é tudo isto ser verdade!
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