No dia de hoje, para a ficção e anualmente no calendário, comemora-se o maior festival de borreguice de que há memória desde a fundação do Reino. Um festival que, entretanto, tem passado a diário e ininterrupto. E com tal fervor, que até o calendário religioso não escapou incólume, vendo-se São Marcos apeado pela nova padroeira (e ribeira) de milagres: Santa Debandada.
Quanto ao memorável retrato da calamidade é sucinto e pode resumir-se nas sábias palavras de António José Saraiva:
«Se alguém quisesse acusar os portugueses de cobardes, destituídos de dignidade ou de qualquer forma de brio, de inconscientes e de rufias, encontraria um bom argumento nos acontecimentos desencadeados pelo 25 de Abril.»
(...)
Com estes começos e fundamentos, falta ao regime que nasceu do 25 de Abril um mínimo de credibilidade moral. A cobardia, a traição, a irresponsabilidade, a confusão, foram as taras que presidiram ao seu parto e, com esses fundamentos, nada é possível edificar. O actual estado de coisas, em Portugal, nasceu podre nas suas raízes. Herdou todos os podres da anterior; mais a vergonha da deserção. E com este começo tudo foi possível depois, como num exército em debandada: vieram as passagens administrativas, sob capa de democratização do ensino; vieram «saneamentos» oportunistas e iníquos, a substituir o julgamento das responsabilidades; vieram os bandos militares, resultado da traição do comando, no campo das operações; vieram os contrabandistas e os falsificadores de moeda em lugares de confiança política ou administrativa; veio o compadrio quase declarado, nos partidos e no Governo; veio o controlo da Imprensa e da Radiotelevisão, pelo Governo e pelos partidos, depois de se ter declarado a abolição da censura; veio a impossibilidade de se distinguir o interesse geral dos interesses dos grupos de pressão, chamados partidos, a impossibilidade de esclarecer um critério que joeirasse os patriotas e os oportunistas, a verdade e a mentira; veio o considerar-se o endividamento como um meio honesto de viver. Os cravos do 25 de Abril, que muitos, candidamente, tomaram por símbolo de uma primavera, fanaram-se sobre um monte de esterco.»
Nunca é demais relembrá-las. E permanecem duma actualidade sempre viçosa. O 25 de Abril estabeleceu uma estagnação e uma putrefacção que nunca pioram porque tal não é possível, nem nunca melhoram porque. até enquanto estrume, a situação é estéril. A democracia com que pretendem rechear a cobertura do acontecimento é apenas uma maquilhagem para o verdadeiro pastel a concurso: o da Inércia. Não governam nem saem de cima.
3 comentários:
hehehehe
A notícia que eu destaco para comemorar o dia:
http://www.cmjornal.xl.pt/nacional/portugal/detalhe/bancaria_desvia_vinte_milhoes_a_clientes_vip.html
Familiar do Spínola.
25 de Abril sempre.
A veneração ao 25 de Abril
O 25 de Abril foi transformado numa espécie de Deus para ser venerado apesar de milhões de pessoas terem sido prejudicadas gravemente.
Dividiram a História de Portugal em dois períodos . O antes e o após do 25 de Abril. O 25 de Abril é uma espécie de Cristo. AC e DC. A25 Abril e D25 Abril.
Com o 25 de Abril veio uma coisa boa: uma evolução positiva do Direito. Mas o resto foi um desastre. Milhões de mortos, feridos, estropiados, órfãos, viúvas espalhados pelos cinco continentes.
O 25 de Abril recebeu uma economia a crescer 8%, uma divida mínima e basicamente nacional , quase mil toneladas de ouro nos cofres , uma frota de marinha mercante e de pesca, empresas industrias e comerciais de capital nacional ( a quadragésima maior empresa do mundo era portuguesa) e hoje 25 de Abril de 2016 temos uma economia quase em colapso, uma divida que em notas de 500 euros umas em cima das outras tem 12 000 km ( vai daqui à China ) e 300 toneladas de ouro que ninguém sabe onde está ( já ouvi dizer que está em Frankfurt) as maiores empresas todas de capitais estrangeiros,o centro de Lisboa propriedade de fundos imobiliários estrangeiros e até o Banco de Portugal pertence ao BCE.
Mesmo em termos de liberdade se a liberdade se medir pelo número de pessoas presas hoje temos 14000 presos, dos quais 2300 nem sequer foram julgados quando em 1972 tínhamos 3405 dos quais 509 preventivamente.
Ao progresso que houve D25A obviamente que se mantivéssemos o crescimentos que tínhamos tido nos 14 anos anteriores ao 25/4 o nosso PIB per capita hoje estaria à frente de Singapura, um país pequeno, sem recursos, estrategicamente bem colocado e com um regime muito parecido com o regime A25A.
Reparem nestes números da Pordata Portugal entre 1960 e 1974 passou de 3400 euros per capita para 8100 e de 1974 ate hoje passou de 8100 para 16 200 . O crescimento nesses 14 anos acumulado foi de 130% e nos últimos 42 anos foi 100%.
Crescemos percentualmente mais em 14 anos do que em 42.
FM
pois recebeu. recebeu um país de analfabetos, sem escolas, sem hospitais, sem estradas... sem saneamento e água canalizada para a marioria... com um atraso brutal a todos os níveis...
claro que para os privilegiados era tudo um sonho. que rapidamente, diga-se, voltou a ser para os do topo da pirâmide.
esfregar halibut nesses cotovelos, meninos.
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