quinta-feira, agosto 30, 2007

O Império da Novilíngua




James Burnham publica em 1941 "The Managerial Revolution: What is Happening in the World". A obra teve grande impacto, tornando-se até o "modelo" inspirador de 1984, de George Orwell.

A certa altura pode ler-se: "Os políticos modernos do tipo que encontramos presentemente em França, na Alemanha e noutros países de regimes análogos assemelham-se muito a directores modernos. Dirigem os povos segundo métodos análogos aos que empregam os directores para dirigir a produção: têm mentalidades semelhantes, utilizam do mesmo modo as possibilidades da técnica. Staline e Hitler preparam a nova feição da sua política mais ou menos como um director de fábrica prepara o fabrico de um novo modelo."

Burnham, que começara por ser comunista (fundador da seita trotskeira nos USA), não andaria longe de acreditar que o verdadeiro paradigma da sociedade futura seria a Alemanha Nazi. Estava convicto (em 1940/41, lembre-se) de que a Alemanha e o Japão triunfariam e que, no futuro, três superestados directoriais partilhariam entre si a hegemonia mundial: a Alemanha, o Japão e os Estados Unidos (os americanos como herdeiros o Império Britânico então em declínio). Verificada a derrota da Alemanha e do Japão, Burnham publica em 1947 uma nova obra - "The Struggle for the World" - onde revê os prognósticos e convida expressamente os Estados Unidos a assumirem a supremacia mundial, se necessário pela força. Nessa obra, augura igualmente uma Federação Europeia sob supervisão e controlo americanos.
Naturalmente, Burnham teve uma importante influência na geopolítica dos neoconservadores. E não só. Estabeleceu, tanto quanto uma fórmula inquietante, uma receita deveras atractiva e vantajosa para todos aqueles que experimentem um interesse determinado na sujeição do mundo, mais que a uma determinada nação, a um directório tutor dessa nação e, através dela, do globo.
Em 1983, James Burnham foi condecorado com a Medalha da Liberdade pelo Presidente Ronald Reagan. Há toda uma ironia cínica no Império da Novilíngua.

Sem comentários: