Escrevia Fernando Pessoa, há quase cem anos atrás:
«A nossa civilização corre o risco de ficar submersa como a Grécia (Atenas) sob a extensão da democracia, de cair inteiramente nas mãos dos escravos, ou então de ficar como Roma, não nas mãos de imperadores filhos do acaso e da decadência, mas de grupos financeiros sem pátria, sem lar na inteligência, sem escrúpulos intelectuais e sem causa em Deus.»
Pois bem, quase um século transposto, fosse hoje vivo, Pessoa podia tranquilizar-se: a nossa civilização já não corre tais riscos. Já ultrapassou essa fase perigosa. Já se "romanizou" até à ponta dos cabelos. Já caiu por completo nas tais garras... Que de mãos têm quase nada, mas de tentáculos providos de ventosas têm quase tudo.
Na altura, como antídoto para o ameaçador processo, Pessoa estipulava «uma lenta aristocratização» que «pela arte, supremamente, podia ser feita».
Hoje, porém, há suficientes provas de que foi precisamente o contrário disso que aconteceu: em vez da tal "lenta aristocratização", foi uma rápida cacocratização o que alastrou e floriu. Não foram os melhores, mas os piores quem vicejou. Inaugurou-se a era do "quanto pior, melhor". Num perverso sentido, acaba por ser uma aristocracia às avessas, de patas para o ar - uma "aristocracia dos pérfidos", dos destituídos de qualquer escrúpulo, ética ou valor - para além daquele com que recheiam os bolsos offshore. Daqueles a quem nada custa vencer a qualquer custo. Dos descendentes ufanos do macaco que doravante emulam a ratazana. A bem do sucesso fácil, do êxito rápido, do triunfo obscuro, o mais ignóbil e rasteiro possível. A mal deste desgraçado planeta que, em regime de praga, infestam.
«A nossa civilização corre o risco de ficar submersa como a Grécia (Atenas) sob a extensão da democracia, de cair inteiramente nas mãos dos escravos, ou então de ficar como Roma, não nas mãos de imperadores filhos do acaso e da decadência, mas de grupos financeiros sem pátria, sem lar na inteligência, sem escrúpulos intelectuais e sem causa em Deus.»
Pois bem, quase um século transposto, fosse hoje vivo, Pessoa podia tranquilizar-se: a nossa civilização já não corre tais riscos. Já ultrapassou essa fase perigosa. Já se "romanizou" até à ponta dos cabelos. Já caiu por completo nas tais garras... Que de mãos têm quase nada, mas de tentáculos providos de ventosas têm quase tudo.
Na altura, como antídoto para o ameaçador processo, Pessoa estipulava «uma lenta aristocratização» que «pela arte, supremamente, podia ser feita».
Hoje, porém, há suficientes provas de que foi precisamente o contrário disso que aconteceu: em vez da tal "lenta aristocratização", foi uma rápida cacocratização o que alastrou e floriu. Não foram os melhores, mas os piores quem vicejou. Inaugurou-se a era do "quanto pior, melhor". Num perverso sentido, acaba por ser uma aristocracia às avessas, de patas para o ar - uma "aristocracia dos pérfidos", dos destituídos de qualquer escrúpulo, ética ou valor - para além daquele com que recheiam os bolsos offshore. Daqueles a quem nada custa vencer a qualquer custo. Dos descendentes ufanos do macaco que doravante emulam a ratazana. A bem do sucesso fácil, do êxito rápido, do triunfo obscuro, o mais ignóbil e rasteiro possível. A mal deste desgraçado planeta que, em regime de praga, infestam.
E se a civilização vai assim, o país, penduricalhado à boleia, não vai melhor. Porque se, como vaticinava ainda Pessoa, «uma nação vale o que vale o seu escol», então, hoje, Portugal não vale a ponta dum corno!...
Sem comentários:
Enviar um comentário