sexta-feira, janeiro 09, 2009

Super-Défice


Ao contrário do que os pusilânimes coca-continhas nos teimam em impingir, o Défice é o Viagra dos Estados. Lei mais fatal não se conhece: super-défice=super-potência. Já os lucros astronómicos aos longo de décadas, como vamos constatando actualmente na banca e nos fabricantes automóveis, conduzem à falência. Instintivamente, nós, portugueses, já vinhamos adivinhando isso há muito tempo. E, em não menor conformidade, vínhamos alegremente refocilando.
Irmãos, endividemo-nos! Poupar, afinal, não é ganhar: é perder. Perder tempo e oportunidade, sobretudo. Porque ganhar é gastar o alheio!... E claro, arranjar uma bela arma e um bando não menos belo, de modo a dissuadir o mesmo tal de nos exigir pagamento.
Consumir sem ter que pagar é coisa antiga. E não se chama "dívida": chama-se privilégio. Mas em que planeta é que estes grafo-titiladores de jornais, televisões e blogues vivem? O óbvio, o elementar, o banal é assim tão inexpugnável ao entendimento?...

Entretanto, como TPC de hoje, escrever cem vezes a frase que convém memorizar para a posteridade como emblema da nossa época:
«O Défice é o viagra dos Estados».
Significa, entre outras coisas menos essenciais, que um Estado com um grande Défice é um Estado que anda a montar, fogosa e gratuitamente, vários outros. Não admira: os Estados são como as pessoas (de baixa extracção, entenda-se).
É por isso que, por exemplo, a nossa obsessão em diminuir o nosso prometedor défice só é compreensível enquanto imposição estrangeira -franco-alemã, mais exactamente -; ou seja, enquanto imposição daqueles que se sentem a ser desfrutados por nós. Abuso inaceitável, entendem eles. Esse tipo de coisas, na realidade, é uma frescura que, com volúpia masoquista, só admitem aos ingleses e americanos. Regra de ouro, essa, que só reconhece uma excepção ainda mais dourada - mas não é preciso que eu vos diga o nome do felizardo, pois não?...

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