domingo, julho 03, 2005
Interlúdio Musical
O Live Aid Não-sei-quantos foi um acontecimento musical. E nada mais que isso. Da choldra que por lá passou, não perco tempo com comentários.Basta dizer que considero os U2 uma grandessíssima merda. Calculem agora o resto da popezinha fast-sound que para aí se inocula aos mentecaptos e adolescentes do planeta, passe o pleonasmo.
Quanto a mim, o evento, musicalmente falando, valeu por dois momentos, não por acaso finais: ver os Floyd todos juntos de novo a tocar, empenhadamente, "Confortably Numb" e, surpresa maior ainda, assistir ao melhor músico vivo a dar o melhor show da noite. Quem sabe, sabe. E ele sabe. Eu julgava-o num asilo, mas, felizmente, o cavalheiro fez questão de me desmentir. Pois, o senhor Paul McCartney não só arrasou com uma garra, elegância e energia absolutamente incríveis para a idade, como se deu ao luxo de tocar ao vivo "Helker Skelter", a música maldita do White Album, aquela que Manson escreveu a sangue nas paredes do massacre de Sharon Tate. McCartney, todavia, possesso dum Lennon que o deve ter iluminado lá do Além, acompanhado por uns catraios nada coxos, tocou-a. Aos primeiro acordes, eu, estupefacto, disse para a Senhora Dragão: "Não é possível! Este gajo está doido...Com sessenta e tal anos não se vai atrever a berrar isto ao vivo!..."
Mas ele atreveu-se e berrou-a, meus amigos! Lá dos abismos! Exemplarmente! A um nível capaz de fazer corar os Zeppelin no seu apogeu. O cabrão do preto gordo na bateria não ficou a dever nada ao Bonham dos melhores dias.
Olha, Paul, vinte valores! Deus te abençoe.
E, de vez em quando, para variar, dá gozo ver alguém podre de rico que o mereça.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
27 comentários:
Concordo com tudo, excepto com uma coisa...que os U2 sejam uma 'grandes´síssima merda'.
É um pouco injusto, a meu ver.
Hoje talvez sejam uma porcaria, mas nem sempre foi assim.
Mas nos anos 80 apresentaram trabalhos muito bons.
Depois....ficaram ricos, coitados ;)
Já agora uma pergunta 'maldosa':
-Gilmour ou Waters?
;)
Sharon Stone assassinada por Manson? Essa é nova. Documenta-te pá!
1. Waters.
2. Tem toda a razão o anónimo. Foi um cabrão dum lapso freudiano: em vez de escrever Sharon Tate, escrevi automaticamente Sharon Stone. Já foi corrigido e agradeço o reparo.
Cabrão do Alzheimer, é o que é!
Alzheimer? Quem é o gajo?...
;)
É pá, ó lagarto
esqueceste-te dos Pet Shop Boys em Moscovo
isso é que foi o melhor da festa
mas também concedo (sou um homem de diálogo) que o Nelson tem razão e que o Dragão também e que o wish you were here e o confortably numb valeram tudo o resto
Eu gostaria era ter de visto o Syd Barrett a tocar ao vivo. Ou talvez nao... tambem ja' deve ir para la' dos 60.
Acabei de ver que o McCartney faz "sixty-four" no ano que vem. Algo me diz que vai haver festa!
O Syd Barret? A tocar ao vivo? Acho que a pergunta deveria ser é se ele ainda está vivo? E, é chato brincar com estas coisas, mas a última vez que tive notícias dele tinha saído finalmente do manicómio em que esteve internado uns anos e estava "domiciliado".
Es capaz de ter razao... nao sabia do manicomio. Mas gosto bastante do "Piper at the Gates of Dawn" e do "Madcap Laughs".
Pronto, assim já não posso postar nada sobre o Live 8!
Tá tudo dito com a pérola do "Paul possesso"! Só pode ter sido...
Desculpem lá, a única coisa decente deste Live 8 da treta (o original tambem já tinha sido muito mau) foram as gloriosas Destiny`s Childs (lideradas pela imortal Beyonce Knowles, a mulher mais bonita do Mundo).
Isso sim é que foi espectacular. , os nossos apresentadores começaram a falar de solidariedade para com os pobrezinhos de Africa.
O resto foi uma grande porcaria, especialmente os U2, o Paul MacCartney (que já tem idade para ter juizo) e os Pink Floyd (continuam chatos como sempre).
Concordo com quase tudo inclusive os U2 serem uma merda. desde os anos 80 que o digo.
Agora essa de o Mccartney ser o melhor músico vivo ou é ignorância ou tolerável mas consciênte exagero de um fã enormíssimo. Vou considerar que é a segunda.
Já agora, se quiser ver um dos maiores músicos vivos, vá a sines ouvir Hermeto Pascoal.
Entre os anos de 1966 e 1970, o senhor Paul McCartney na companhia do senhor John Lennon, escreveu a melhor música do século XX.
Não reconhecê-lo ou é, aí sim, ignorância ou problemas dignos dum bom otorrino.
Há também a questão do gosto. Gostos não se discutem.
Mas daqui por trezentos anos, os Beatles farão parte dos clássicos, como Mozart, ou Bach.
Quanto ao Pascoal, por mais Hermeto que seja, faço questão de ignorá-lo. Todos os dias. A não ser que me capturem e me obriguem, sob tortura, a escutar as suas certamente pomposas e originalíssimas melopeias. Além disso, ainda não estou suficientemente gagá, nem pedante, para me pôr a ouvir jazz. Não gosto de circo.
O Rock terminou com o advento dos anos 80. Já na década de setenta apareceram bandas meladas - Queen e Supertramp - a desviar a atenção da excelência que o rock sinfónico atigiu com os Pink, os Yes, os Emerson , Lake & Palmer, os Genesis, os Gentle Giant, os King Crimson, os Aria ...
Quanto às canções dos Beatles ficarem para a história, não faço ideia, mas se pudesse escrever a história a meu gosto aqueleas bandas surgiriam muito acima destes rapazes de Liverpool.
Caro Carlos,
Eu fui grande fã dos Genesis (logicamente com o Peter Gabriel). No entanto, mesmo os Genesis andaram a ganhar balanço para escrever o "Super's ready" e o "Lamb Lies Down". O resto fica muito aquém. Tal qual os Floyd andaram a ganhar balanço para o Dark Side (gravado em Abbey Road), o "Wish You were here" e, finalmente, o "The Wall". Aos outros que menciona, eu preferiria os "Jethro Tull", do sr. Ian Anderson, uns rapazes de eleição que fazem corar de vergonha muitos supostos malabaristas do jazz.
Mas isto, as opiniões, sobretudo em matéria de gosto, são como as cerejas.
Agora, os de Liverpool são um mito à parte. Fizeram sonhar o mundo. E como eu acho que a Arte é tanto mais bela quanto mais simples...
Assim, de lenda, lá próximo só realmente os "Doors".
Mas até 75, de facto, o difícil é escolher. Depois a indústria tomou conta do assunto e a música, num certo sentido, morreu. Ficou por aí o Zappa, o Reed, o Young e meia dúzia de dinossauros que não sabiam fazer merda e pouco mais.
"Entre os anos de 1966 e 1970, o senhor Paul McCartney na companhia do senhor John Lennon, escreveu a melhor música do século XX."
E então Tom Jobim? Gershwin? Cole Porter? Miles Davis? ( ah, já me esquecia: faz questão de ignorar)
Hermeto Pascoal não é nada pomposo. É autodidacta, genial e genuíno. Basta ter alguma abertura.
Quanto as considerações finais sobre Jazz nem vou comentar. Achar que gostar de jazz é pedanteria é um comentário de complexado que já nasceu gagá. Aposto que o sir McCartney não tem esses complexos
Já agora, muita da mehor obra dos beatles foi composta por George Harrison. Ah, mas este era um harmonizador mais complexo, usava acordes demasiado dissonantes, quase jazzisticos, talvez por isso preferiu ignorá-lo.
Tem razão, gostos não se discutem, lamentam-se.
Desculpe te-lo importunado. Este também fã do Beatles (mas que não é obcecado) pensou que se podia falar de música com tolerância, sensibilidade e inteligência. Obviamente que me enganei.
ó sacha
não leves a mal o meu amigo dragão
ele é assim a modos que bruto mas é só fumaça
e em termos musicais (como em outros) o diabo do lagarto é mesmo o meu alter ego. Ele tem toda a razão.
gostava de saber a opinião do fumarento sobre outros , por exemplo, New Order e seus derivados (electronic, monaco, etc.), Pet Shop Boys, Go-Between, Triffids, Waterboys, enfim, todos os que vão aparecendo no meu blogue
Caro Sacha,
Como acaba de atestar, tolerância, sensibilidade e inteligência não são o meu forte (sobretudo, sensibilidade).
Sou um brutamontes, um verdadeiro calhau com olhos, um penedo esotérico!
Mas também não precisa de se melindrar dessa maneira, caramba!
E não diga que ignoro o George, que eu tenho-lhe muita devoção, homem de Deus!
Quanto a esses que traz ao confronto, eu oponho aquele rapaz muito eclético, o Frank Zappa. E como também é fã dos Beatles (se bem que não fundamentalista, o que é pena) eu sempre lhe digo que gosto de ouvir o Coltrane. Veja bem o vexame público a que acabo de me sujeitar...
Isto agora tem de haver tolerância para tudo, até para a musical...
ehhe
dantes chamava-se ecletismo ou ser-se selecto. A maior parte dos grandes músicos (e dos grandes artistas em geral) detestam todo o tipo de género que não fazem. E lá por isso não vamos dizer que o que lhes falta é tolerância...
ehehe
e eu falo à vontade porque, tirando umas embirrações congénitas (como e´o caso do teatro) até sofro de mal oposto: gosto de demasiadas coisas diferentes.
Mas naquilo em que se percebe de verdade é-se sempre intolerante. Este é o meu lema. È como gostar de gelados. Quem aprecia uma boa conchanata não come um corneto ":Oþ
o que me admira é o José não ter aparecido... falar-se de Zappa e ele não saltar logo é porque está de férias...
Férias?! Trabalhos forçados, isso sim...
Quanto ao estimado e celebrado Revolver, ponho no pick up, em contraponto o petit Pet Sounds de uns certos Beach Boys, também de Maio de 1966 ( o Revolver é de Agosto de 1966).
Eleanor Rigby- Wouldn´t it be nice
Here, There and Everywhere-God only knows
Tomorrow never knows -I know there´s no answer
Yellow Submarine-Good vibrations (Outubro de 66).
Knock out!
O Zappa é inclassificável e portanto, está fora de concurso.
Em 1966 já ele escrevia How could i be such a fool?
That´s it!
Para além disso, quanto ao Paul McCartney, o seu trabalho no dedilhar do baixo, no Revolver a até no que se seguiu, o celebradíssimo Sergeant Peppers, deve mais ao Pet Sounds do que os surfistas lhe devem a ele...
Basta ouvir com atenção.
Vai perguntar ao mano génio Wilson o que ele pensa do McCartney, ó Zé. E deixa-te de teses peregrinas.
O Wilson coitado, agora só consegue balbuciar... i wasn´t made for these times.
Ouvi o remake do Smile( de 1966.67) que guardo e concedo que fez uma magnífica obra de colagem da voz aos arranjos antigos de Vega-tables e outros heroes and vilains.
As entrevistas que o Wilson agora dá, é para dizer que o McCartney é o maior! E o McCartney diz que não- que o maior é o Wilson.
Porém, não me interessa muito a opinião deles- basta-me a música.
E a dos Beach BOys é mais...everlasting, embora a dos Beatles seja mais heartbreaking
Se me derem a escolher entre a discografia dos Beatles e a dos Beach Boys, para levar para a tal ilha deserta, escolho a dos surfistas, mesmo um pouco a contra gosto, pois se ouço I´ll follow the sun, fico derretido em admiração e não encontro paralelo em qualquer fun, fun, fun.
Mas como soi dizer-se, gostos não se discutem...
Só para dar a minha "razão de ciência":
tenho quase todos os discos dos Beach BOys, incluindo os da década de setenta ( fabulosos) e ainda a caixa Good Vibrations que me compraram em Espanha e que não trazia o booklet original, com as notas e textos ( desconfio que foram os madrilenos que a abifaram).
Os Beach Boys é grupo que ouço frequentemente e nunca me cansam os tímpanos. Dá para cantar a capella e em canon!
I get around!
Enviar um comentário