Em Miami, um nadador-salvador que teve a distinta (e infeliz) ideia de salvar um banhista em perigo, fora da área concessionada, foi imediatamente despedido. E foi muito bem feito. Devia saber que a humanidade prejudica os negócios; que, detalhe ainda mais importante, a vida humana, na escala de valores, está abaixo destes; e pior que tudo isso: com a sua acção desmiolada, estava a neutralizar danosamente o trabalho dos outros funcionários da empresa que trabalhavam, submersos, na área não-concessionada: os nadadores-afundadores.
PS: Pelo menos é assim que eu antevejo o empreendimento, na rampa auspiciosa de me lançar nele e após um curso rápido de calvinismo aplicado, mirandismo às rodelas e turbo-liberalismo a jacto: não basta garantir um bom serviço na nossa praia; é essencial garantir e manter um péssimo serviço nas do lado. Chama-se a isto dar uma "maozinha invisível" ao mercado. Neste caso, o nadador-afundador, num léxico mais suave e marketingeiro pode até - e deve! - ser denominado (e tributado para efeitos de IRS) como nadador-invisível.. De resto, o trabalho invisível, ao contrário do outro, o trivial é que deve ser bem remunerado. O nadador-visível (ou salvador), que real valor é que cria?
A Humanidade? É um sub-conjunto da nossa empresa. O critério de admissão? O lucro, ora pois.PSS: Bem, quem diz deitar a mão, diz deitar o dente. O dente, aliás, seria até bem mais proveitoso. O funcionário trabalharia por prazer, dispensando honorários, férias e outras regalias..
2 comentários:
ahahaha
Supimpa!
susan ellis despidió a don tomás lópez?
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