Na primeira comparência em tribunal, acusado de furto, Quartavious Davis, de 18 anos, foi sentenciado em...162 anos de cadeia (e sem possibilidade de condicional!). Não, não matou nem feriu ninguém. Andou apenas no gamanço. O cínico da coisa é que não condenaram o infeliz a prisão perpétua por roubo, mas a 162 anos de pena efectiva e não atenuável.. Presume-se que, mesmo que alcance os 150 anos de vida e solicite então a possibilidade de liberdade condicional, eles, severíssimos, não lha concedem.
Já não se trata aqui de mera volúpia do castigo: é state of the art do êxtase sádico. Bem, o tipo chamava-se Quartavious e era preto, duas temíveis agravantes naquela zona. Mas, mesmo assim, concedendo até que isso possa constituir uma potencialidade demoníaca formidável, não explica em absoluto uma bestialidade destas. Posto que a pilhagem desenfreada é a instituição principal daquela espécie de país - a nível do estado sobre os contribuintes, a nível dos políticos sobre os eleitores, a nível das empresas sobre os consumidores, a nível da seita armada sobre os outros países -, arrisco alvitrar que o crime mais grave que conceber se pode e punir se deve é o de imperícia na virtude nacional. E quando cumulada esta com insucesso profissional flagrante, temos caso, no mínimo, para perpétua alargada. É que grave por ali não é roubar: é roubar pouco e, ainda por cima, deixar-se apanhar. Sim, isso e não estar devidamente sindicalizado.
PS: E que ninguém me venha com tretas de que isto é lindamente dissuasivo. Isto não dissuade ninguém de roubar. Pelo contrário, incita ao homicídio. E, às tantas, à bela maneira surrealista.
3 comentários:
Bem pincelado este quadro Dragoso...
E não o queimaram numa cruz quirosinada a bem da democracia? WTF querem ver que os xerifes já não são eleitos.
Doctrina Parot?
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