quarta-feira, abril 26, 2006

Ai ôh, Silver!...




Ralph Peters é uma espécie de John Wayne das redacções. Ou dito com maior isenção: o Luís Delgado lá do sítio. Vale a pena ler este artigo para orçarmos da geopolítica benemérita com que exaure as sinapses.
Ah, mas Peters é de outro fôlego: também escreve livros. Epopeias emocionantes; fábulas principescas (à la Maquiaveli, bem entendido). O seu último romance intitula-se: "New Glory: Expanding America's Global Supremacy."
Percebe-se a cavalgada. Os índios todos deste mundo, quer-me cá parecer, estão fodidos.
Mas o mais singular eclode quando, a determinada altura deste seu manual da "Supremacia Global", ele apregoa:
«We are hated not for what we have done to others, but for what we have done for ourselves. The example of our success is humiliating and bitter to all those who cling to traditions our power reveals inadequate.»
Ora, é impressão minha, ou isto soa a déjà vu. Mas onde é que eu já li isto? Ah, agora me lembro: então não é esta uma das fórmulas predilectas dos excelentíssimos judeus e seus acólitos de plantão?... Não se reclamam eles como vítimas profissionais de ódio por via do seu sucesso sempre genial e exuberante?...
Então, isto quer dizer o quê? Será que os americanos querem usurpar o trono dos hebraicos? O Anti-semitismo vai ser recauchutado em anti-americanismo? Ou são as duas faces actuais da mesma moeda? Estaremos na iminência duma fusão?...
Isto é terrível. Descobre-se, afinal, que quando criticamos a América, temos é inveja. Aliás, quando criticamos seja o que for, temos é inveja. O melhor mesmo é não criticar nada nem ninguém, excepto os pobres, os desempregados, os cidadãos anónimos, enfim, esses filhos da puta, invejosos do caralho, que só querem deitar a fateixa às benesses, prebendas, mordomias e ricos tachos de toda essa excelente gente bem sucedida, jet-coisa, triunfante, neste como em qualquer melhor dos mundos. Porque é que não se self-made-fazem como os outros, estes choramingas, hein?! Cabrões! Coça-micoses!
Aliás, doravante não vou estar com contemplações. Agora que descobri a moral, ai de quem eu apanhe a mijar fora do penico. Críticos dos gays? - Têm é inveja da sensibilidade e do jeito para as artes deles, bem como as facilidades de carreira. Críticos dos árabes explosivos? - Têm é inveja dos colhões dos gajos, já não falando nos haréns, aquém e além-Morte. Críticos das abortistas feministas? - Têm é inveja da emancipação das tipas, da isenção de lavar loiça, bem como dos orgasmos múltiplos. Críticos do capitalismo selvagem? - Têm é inveja do Belmiro, da família Bush e do Bill Gaitas! Críticos da globalização aos molhos? -Têm é inveja da Barbie, da McDonnalds, da Microsoft! Críticos dos metrossexuais? - Têm é inveja do estilo, do perfume e da pele depilada dos gajos! Críticos do Pacheco Pereira? - Têm é inveja dos megafones do gajo! Críticos do Governo? - Têm é inveja das jantaradas opíparas, das viagens à borla e da boa vida a expensas do erário! Críticos da pedofilia? - Têm é inveja da elite! Críticos da corrupção? - Têm é inveja dos carros e das casas dos gajos! Críticos do Saramago? - Têm é inveja do nobel e das tiragens do antigo serralheiro, controleiro e tarefeiro do DN! Críticos da incompetência? - Têm é inveja das promoções dos gajos e gajas! Críticos do nepotismo? - Têm é inveja das assessorias, consultadorias e outros berimbaus!...
Agora os pequeninos, os indefesos, os desgraçadinhos, -os otários, enfim - especialmente se velhos já gastos ou criancinhas à mão de semear, pois esses, que são muitos, mais que as mães, esses, não tem nada que saber: fogo na peça! Crítica? Qual crítica, qual carapuça! Nesses é ódio mesmo. Essa merda só estorva a felicidade e a carreira das pessoas modernas - só lhes enseba e armadilha os trampolins e as rampas de lançamento; só lhes torpedeia os cruzeiros, os safaris e as férias nas Bahamas. Isso é a escória, o excremento do paraíso!...

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