domingo, dezembro 18, 2005
Wittgenstein au champignons
Depois de ter corrigido, com uma perna às costas (a da garina que me secretariou na função) aquele alfarrábio que o Dragão me emprestou (o tal que agora passou a chamar-se “Crítica da Razão Puta” e foi enriquecido com um roteiro das melhores casas de alterne da capital, logo a seguir à “arquitectónica da razão puta”, aliás, “vodkatónica da razão pura” na nova versão), eis que me preparo para meter na ordem novo calhamaço, por sinal ainda mais bisarmo que o outro, mas igualmente atestado de milongas e galgas que só visto. Mais uma vez, foi o sacana do Labaredas, armado em educador da classe ordinária, que mo emprestou. Intitula-se, imaginem, “Tratado Lógico-Filosófico”, foi escrito por um trinca-espinhas chamado Ludwig “qualquer coisa” (um palavrão difícil de labiar cumó caneco!) e trata-se dum livro de receitas. O Jorra-Lumes ainda me explicou que o gajo, o tal Ludovigo Wit... Witt-genst... enfim, Vi-te não sei aonde, puta que o pariu!, parece que pró fim da vidinha começou a bater ainda pior das válvulas do que era costume e deu em jardineiro.
“- Bem, jardineiro ainda vá que não vá”, frisei ao Labaredas. “Do mal o menos; se fosse em paneleiro era bem pior!”
Mas adiante. Sem mais aquelas, meto já mãos à obra e começo por corrigir, de urgência, o cabrão do nome do abexim, que só de tentar pronunciá-lo um gajo até quase cospe os pulmões... Ludevigue Vitinho, ou apenas Vitinho, para os amigos. Ãh? Não está mal. Mas pior que o nome são as receitas... Devem estar em código secreto, em linguagem isotérmica, ou cavalística... Macacos ma mordam, se não é culinária para aqueles espiões muita finórios, do mete-sete, mete-oito, e mete-nove e mete por aí adiante!... Não acreditam?
‘Atão topem só – isto é o que diz o Vitinho:
«1. O mundo é tudo o que é o caso.
1.1 O mundo é a totalidade dos factos, não das coisas.
1.2 O mundo é determinado pelos factos e assim por serem todos os factos.
1.12 A totalidade dos factos determina, pois, o que é o caso e também tudo o que não é o caso.
1.13 Os factos no espaço lógico são o mundo.
1.2 O mundo decompõe-se em factos.
1.21 Um elemento pode ser o caso ou não ser o caso e tudo o resto permanecer idêntico.
2 O que é o caso, o facto, é a existência de estados de coisas.»
...Viram? E isto:
«1 – Caso necessário colocar o porta tubos correspondente ao gás disponível (diâmetro pequeno para o gás butano ou propano, diãmetro grande para o gás natural).
2 – Queimadores da mesa de trabalho:
2.1 Retirar as grelhas, as tampas e os espalhadores dos queimadores
2.2 Retirar os injectores e substitui-los pelos adequados.
2.3 Voltar a montar os espalhadores, as tampas dos queimadores e as grelhas
3. – Forno:
3.1 Abrir a porta do forno, retirar todos os acessórios e o fundo do forno.
3.2 Retirar o queimador desapertando os parafusos de fixação, puxando-o para a frente e levantando-o.
5.1 Pôr o queimador a funcionar durante alguns minutos no máximo. »
... isto é o que diz o “Manual de Instruções para instalação, Utilização e Manutenção de Fogões”.
É preciso acrescentar mais alguma coisa?
Digo apenas que não me espanta que o gajo tenha dado em jardineiro, se bem que coveiro até fosse mais justo. Realmente, uma enxada nas unhas só lhe deve ter feito é bem.
E, para acabar de vez, também me lembra um ditado cá da terra:
«Quando um gajo não sabe foder, até os colhões estorvam.»
Aquele gajo tem com cada lixo dentro de casa!...
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3 comentários:
só para o fim da vida é que foi jardineiro
antes "era bem pior"
Faz hoje dois aninhos, que vocês nos andam a tratar da saúde, não é assim?
Plo menos, dá-me a impressão ké hoje, piquenos.
um abraço de congratulante, deste reservado admirador ;)
«Quando um gajo não sabe foder, até os colhões estorvam.»
O' Caguinchas, essa lembrou-me o Sr. Candido da ANL. Meu, nao me digas que tambem andaste pelas galeras!!... tou-te a ver a fazer umas boas caranguejas e depois vinhas com desculpas... o seu Candido punha-te logo na ordem. eheheh :-)
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