Mais adiante, o mesmo senhor -que sobreviveu, até à data, a 20 tentativas de homicídio voluntário, só nos últimos seis meses - tenta ser compreensivo. Reconhece que "os britânicos não fizeram aquilo de propósito. Foi inadvertidamente, sem intenção. Quando substituiram as antigas forças policiais e militares por energúmenos facciosos e desleais ao governo iraquiano; e quando os treinaram e armaram desveladamente, nunca pensaram que eles iriam formar grupos extremistas e sanguinários, leais apenas aos seus partidos ou facções, nunca ao país."
No entanto, nós, que já passámos por idênticas - se bem que não tão açougueiras - balbúrdias e vamos mais adiantados no processo, podemos garantir ao senhor Chefe da Polícia de Basra que, mais que compreensivo, está a ser ingénuo. O processo de democratização é isso mesmo, ó caro amigo. Na essência, despido de maquilhagens e coberturas, consiste em escaqueirar um país em seitas, tribos, partidos e facções de energúmenos patriofóbicos e velhacabundos, todos eles fanatizados ao único e alarvajante intuito de submeter a desgraçada nação à mandíbula e respectivo aparelho digestivo do seu divino bando. No fundo, é devolver a civilização aos seus charcos embrionários.
Portanto, caro Khalaf, anime-se! Não é nenhum imprevisto fortuito: é mesmo assim. Não é A-cidente, é O-cidente. Bem vindo!
(Esta coisa de "injectar a democracia" sempre me fez lembrar a picada necróptica da aranha-reclusa. O veneno é um solvente dos tecidos orgânicos da vítima que actua de modo a propiciar a absorção. Com tal arte e liquidez que, depois, a aranha nem digere: ingere.)
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