Não sei se já repararam, mas a moral, para certas pessoas sofisticadas cá da paróquia oscila entre a doença bipolar e a erupção cutânea. Fases de euforia e borbulha inflamada cedem lugar a períodos indolentes de prostração mortiça e pele cremosa e macia. Inesperadamente (ou nem tanto), o gafanhoto exaltado e ribombástico transforma-se em baba senil balbuciante. Baluartes da moral e dos bons princípios da governação que atroavam as ciber-avenidas com furores, anátemas e abrenúncios anti-corrupção, anti-desgoverno e zurze-venalidade das massas pouco sensíveis aos delíquios das óperas, surgem subitamente metamorfoseados em ténias ministeriais, recolhidas e aconchegadas a uma qualquer nova vaga comilhonária de esperança, propriedade alheia e orçamentos. Razão tinha quem afirmava: "Os anti de hoje são sempre os neos de amanhã". Senão, em que é que divergem os anti-abrantes de ontem dos neo-abrantes de hoje?
Meditando nisto, e na figura inerme de certos assessores, clareou-se-me o problema da política em Portugal. É uma fatalidade em tudo gémea da economia: uma genuína questão de poupança. Quando na oposição, esbanja, gasta e esgota toda a moral. Devia poupar alguma para quando ascende ao poder.
Meditando nisto, e na figura inerme de certos assessores, clareou-se-me o problema da política em Portugal. É uma fatalidade em tudo gémea da economia: uma genuína questão de poupança. Quando na oposição, esbanja, gasta e esgota toda a moral. Devia poupar alguma para quando ascende ao poder.
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