Recordo um postal, intitulado a "peste Vermelha". que reflecte uma das pragas que alastrou pelo mundo e influiu fortemente em determinados fenómenos. A nossa descolhonização foi um deles.
«No rescaldo amargo da Primeira Grande Guerra, Max Hoffmann, para alguns o mais brilhante general alemão da época, carpia significativamente nas suas memórias :
«Transportando Lenine para a Rússia, animava-nos o firme propósito de inocular a peste no exército russo; mas não pensámos em como esta praga contaminaria também as nossas tropas, arruinando-as.»
Isto vem de encontro à ideia que, pessoalmente, mantenho do comunismo: uma espécie de sida mental. Uma sida, aliás, em múltiplos sentidos: homicida, genocida, logocida, patricida, historicida, mnemocida, democida e infanticida, especialmente. Foi coisa peganhenta que sempre me causou uma natural e visceral repugnância, o comunismo. Aquilo tresanda a milhas a seita religiosa, daquelas particularmente fanáticas. Eu diria até que o comunismo me lembra invariavelmente aquele filme macabro (não me recordo se do Capra, se de quem) em que um cangalheiro à beira da falência tratava de ir pessoalmente, durante a noite, angariar clientela. Que é como quem diz, ia dar uma mãozinha à mão invisível. Em analogia, o comunismo afigura-se-me como a agência nocturna e tenebrosa do capitalismo. É o seu golem, não duvidem. A sua máquina sinistra, terraplenante. A patorra colectivista que prepara e surriba o terreno para a mão colectora. E um raio me caia já aqui em cima se me equivoco por um milímetro que seja neste diagnóstico... Estão a ver? Não caiu. Ergo...
O caso de Lenine, ademais, é flagrante e paradigmático. Reflecte o método da aranha-lobo: o envenamento corolado de liquefacção como método de conquista. Ou, melhor dizendo, de absorção.
O capitalismo de estado é só o país em anteparo e pousio para o capitalismo da seita.»
Agora reparem, a guerra de subversão que foi instrumental nas diversas "descolhonizações " europeias por esse mundo fora, cumpria uma estratégia. Que pode ser sintetizada em três momentos:
a) A declarada intenção de Lenine de "contornar, isolar e arruinar a Europa pela perda de África";
b) A garantia de Stalin (1947) de existirem "as esperanças e condições para se aproveitarem as possibilidades que as lutas e movimentos nacionais oferecem para a sua libertação do jugo colonial, de tal modo que este smovimentos transformem os países colonizados e dependentes, em reserva da revolução proletária em vez de reservas do imperialismo burguês";
c) A previsão de Mao Tse Tung (1953) "de uma vaga de revoluções varrerá todo o continente africano e os imperialistas e colonialistas serão rapidamente lançados ao mar... uma vez a Ásia e a África separados dos países capitalistas, o continente europeu desmoronar-se-á por completo do ponto de vista económico".
Posto isto, recomendo um exercíciozinho muito simples e nada retórico: constatem em que estado está África e em que estado anuncia estar muito brevemente a Europa.
2 comentários:
ó dragão
pensa como gente e não como besta alada
repara nisto;
"OCDE prevê que a Alemanha (e a Europa) seja uma das principais vítimas da globalização (já em 1925 se adivinhava isto)
Num paper em que se encontra escrito a dada altura:
"Sustained improvements in the combined productivity of inputs into production (e.g. different kinds of capital and labour) will be the main driver of growth over the next 50 years. Average annual productivity growth is projected to be 1.5% globally. But countries with comparatively low productivity levels now – such as India, China, Indonesia, Brazil and Eastern European countries – are projected to grow faster than more developed economies."
(http://www.oecd.org/economy/economicoutlookanalysisandforecasts/2060%20policy%20note%20FINAL-1.pdf)
Eis agora a tradução (minha) de um excerto de uma palestra dada por um trotzkista australiano, Nick Beams, secretário nacional do Partido da Igualdade Socialista (Socialist Equality Party—SEP) da Austrália em 2007:
"Para Trotsky, porém, o importante não era simplesmente observar as conquistas da economia soviética, mas prever novos problemas e perigos e apontar para os meios de os superar.
A questão crucial, dizia Trotzky, não era a relação entre o Estado e a indústria privada dentro da União Soviética — por mais decisivo que isso fosse — mas a "bem mais importante" questão da relação entre a economia soviética e a economia mundial como um todo. À medida que a economia soviética entrava no mercado global, não aumentavam apenas as esperanças mas também os perigos.
Isto porque a superioridade fundamental dos Estados capitalistas estava no baixo preço de suas mercadorias — a expressão de mercado do facto de que tinham uma maior produtividade do trabalho. E seria a produtividade do trabalho que determinaria, em última análise, se seria vitorioso o capitalismo ou o socialismo.
"O equilíbrio dinâmico da economia soviética não deveria de forma alguma ser considerado como o equilíbrio de uma unidade fechada e auto-suficiente," escreveu Trozky. "Pelo contrário, conforme passar o tempo, a nossa economia interna será mais e mais mantida pelas conquistas do balanço das nossas importações e exportações. Este ponto deve ser sublinhado pelas suas importantes consequências: quanto mais entrarmos no sistema da divisão internacional do trabalho, mais aberta e diretamente os elementos da economia soviética dependentes do preço e da qualidade de nossos produtos serão afectados pelo mercado mundial." (1925, Leon Trotsky, Towards Capitalism or Towards Socialism? p. 327)
e ainda não são 18h GMT
mas hoje é domingo
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