Em vésperas das eleições que conduziram ao actual desgoverno da nacinha, conjecturava eu:
De boas intenções está o inferno cheio... e o erário vazio. Quanto ao negócio da contrafacção de promessas é melhor nem falar.
De tanto o pagode obnubilado ir às urnas, lá vai o país à sepultura.
Atrás de flautistas não são homens que enfileiram.
O grande e tortuoso mistério: se aquele que conduziu o país à bancarrota é o menos capacitado para o retirar de lá, como é que o processo que o conduziu a esse cargo é o mais adequado para reverter o desastre?
Em palavras mais simples: Como é que a mesma cegada que nos transportou ao abismo é, ao mesmo tempo, a mais capacitada e clarividente para nos retirar de lá? Como é que com a mesma máquina de fabricar sapos queremos agora fabricar príncipes?
Somos mesmo, como dizia Fernando Pessoa, uns perfeitos bolchevistas militantes: uma espécie tardia e gora de cristãos sem Deus, mas com uma crença obsessiva e redobrada no milagre. Só que, ainda por cima, o milagre por obra exclusivamente humana. A Santidade ao alcance das massas. Uma classe toda ela santa e angélica... Santa imbecilidade!
E de modo a que não falte inspiração a mais um dia de fúnebre peregrinação gaiteira, aqui deixo uma reflexão extremamente apropriada:
«Nas sociedades tradicionalistas são talvez os Mortos que mandam; nas sociedades democráticas, porém, é a própria Morte.»
- Fernando Pessoa
Em palavras mais simples: Como é que a mesma cegada que nos transportou ao abismo é, ao mesmo tempo, a mais capacitada e clarividente para nos retirar de lá? Como é que com a mesma máquina de fabricar sapos queremos agora fabricar príncipes?
Somos mesmo, como dizia Fernando Pessoa, uns perfeitos bolchevistas militantes: uma espécie tardia e gora de cristãos sem Deus, mas com uma crença obsessiva e redobrada no milagre. Só que, ainda por cima, o milagre por obra exclusivamente humana. A Santidade ao alcance das massas. Uma classe toda ela santa e angélica... Santa imbecilidade!
E de modo a que não falte inspiração a mais um dia de fúnebre peregrinação gaiteira, aqui deixo uma reflexão extremamente apropriada:
«Nas sociedades tradicionalistas são talvez os Mortos que mandam; nas sociedades democráticas, porém, é a própria Morte.»
- Fernando Pessoa
....II...
Pois bem, um ano e tal depois, aí tendes o resultado de mais uma taumaturgia eleiçoeira. Ninguém imaginava na altura? Cinquenta por cento do país até já estava, mais que convicto, farto e vacinado... Tanto que nem compareceu ao funeral.
Se agora alguém devia estar a chegar-se à frente e a pagar, alegremente, mais que todos os outros - imensamente mais! - com a generalidade do seu erário privado, mais salários, pensões e alcavalas avulsas, eram aqueles que constam nos cadernos eleitorais como votantes. Então não eram eles os altamente responsáveis, os civicamente militantes, os superiormente cidadãos e coiso e tal? Os outros, os malvados e abjectos abstencionistas, não foram deportados para o limbo da não-existência? Pois então, agora, os campeões da goela, os superlativos da silva, que assumam!... Que paguem! Votaram, não votaram? Elegeram, não elegeram? Então, agora, aguentem! A democracia, como diz os outro, é um luxo ultra-dispendioso? Aqueles que andaram dela a encher a boca, e de enfiada o bandulho, que arrotavam postas, flatulavam anátemas e grunhiam solenidades e urgências de estalo, agora que entreguem a alcatra a magarefe - a alcatra , o lombo e a rabadilha! Que paguem, padeçam e emigrem antes de todos os outros! Os anafados primeiro!
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