“Se Cavaco foi beneficiado por ser amigo ( é um modo de dizer porque agora diz que não é…) de Oliveira Costa e Dias Loureiro e outros que por lá andavam a questão ganha relevo, mesmo que nessa altura andasse apenas a ganhar para a reforma do ensino ou do banco de Portugal.”
- Comentador José.
«José,
Ora, aqui é um erro em que todos laboram. O Cavaco não era reformado do Banco de Portugal. Era quadro do banco de Portugal. Se incluirmos na análise a forma incompetente e quase voluntária de como o Banco de Portugal não fez o seu trabalho de supervisão, fica a dúvida: o Cavaco foi comprado para influenciar a não actuação de supervisão do Banco de Portugal?
É que há coisas curiosas. Parece que o Cavaco faz um contrato para se tornar accionista, garantindo um rendimento positivo, seja qual for a evolução do mercado financeiro. As cotadas, no mesmo sector, perderam valor no mesmo período em que as acções da SLN/BPN valorizaram 140%. Pode-se perguntar. E daí? A SLN pode ter aumentado os lucros então. Talvez. Mas já se sabe que parte dois lucros declarados pela SLN foram fictícios, escondidas perdas no BI e nas tais contas off-shore. Além disso, tudo indica, quem vendeu e comprou as acções a Cavaco foi a sociedade de controlo do BPN, que diga-se de passagem, era o mesmo grupo. Ainda não entendi porque se separa a SLN do BPN, quando em termos legais está correcto mas em termos funcionais a SLN e o BPN eram uma e mesma coisa. Até as administrações eram quase as mesmas.
O que também é engraçado é isto. Em 2001 Cavaco torna-se accionista da SLN/BPN, mais ou menos por alturas da entrada no capital da SLN do Dias Loureiro. Este, por acaso, foi acusado pelo principal responsável da supervisão do Banco de Portugal de o ter pressionado para deixar em paz o BPN, pois aquilo era tudo gente séria. Ou boa, já não me lembro. E, o que é certo, o Banco de Portugal, aparentemente, apenas se mexe nas investigações à gestão do BPN após a reforma do Cavaco do Banco de Portugal. Curiosa coincidência? Talvez.
Certo é que, mesmo com perguntas incómodas da PGR ao Banco de Portugal sobre alguns factos no BPN, o Banco de Portugal pouco se mexeu e, até, fez uma coisa curiosa: andou 3 anos a empurrar o problema com a barriga, quando no próprio BDP já havia mais que suspeitas de má gestão do BPN.
Cavaco Silva não pode invocar desconhecimento do que se passava na gestão da SLN/BPN, até porque o seu próprio amigo Dias Loureiro, nas palavras deste, foi ao Parlamento dizer que ele sabia dos rumores existentes sobre o BPN e que até foi ao Banco de Portugal pedir uma atenção especial con o BPN, com a desculpa que teria todo o seu património investido na SLN/BPN. Será que Cavaco Silva, funcionário do Banco de Portugal, amigo de longa data e de peito de Dias Louereio, não sabia do que se passava no BPN? Duvido.
E, talvez seja por isso, que o Cavaco não quer admitir que a compra e venda das acções da SLN/BPN foi uma decisão de sua iniciativa e não investimentos delegados em terceiro. Penso que, face a esta flagrante suspeita de corrupção (ou compra de influências, ou o que se queira chamar), tantos fechem os olhos, só porque o personagem é o sr. prof. Cavaco Silva, a virgem impoluta.
Enfim, é triste que o fenómeno da corrupção só seja grave quando são os nossos adversários políticos que estão envolvidos. E, como curiosidade, não faltam por aí candidatos a Abrantes. Infelizmente. Tudo se vende e se compra, não é verdade?»
- Comentador Anti-comuna (numa caixa de comentários perto de si).
Porque há coisas que não se podem deixar soterradas sob entulho e escombros. A verdade é uma delas. A principal, aliás, ainda há quem acredite.
PS: O Anti-comuna queixou-se em tempos de nunca ter merecido a minha atenção. Pois bem, aqui fica o reparo.
PS 2: E nunca é demais realçar, para os mais desatentos ou peregrinos, que nem o José, nem o Anti-comuna, nem eu somos aquilo a que se pode chamar, sequer por aproximação, pessoas de esquerda. E por eles não posso jurar, mas por mim sempre asseguro que abomino, mais que o bandido, o hipócrita; e pior que o lobo assumido, aquele que se camufla sob a pele do borrego manso.
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