"Sobre as falésias de Mármore" é um livro sobre as tiranias e, diz-se, o próprio Jünger semi-confessou, uma alegoria sobre uma delas em especial. O Couteiro-Mor representará Hitler. Mas não apenas Hitler. O mármore, recordo, ornamenta, geralmente, o interior dos palácios. E, da Roma clássica à Berlim do III REich, sua tardia emulação, por obra e graça de Speer, seria a pedra dominante dos corredores e salas do Poder. Estar então "sobre as falésias de mármore" poderia traduzir-se como "estar à beira do abismo". Os grandes escritores são grandes profetas, pois.
Mas o mais curioso de tudo é que na floresta sombria e tenebrosa onde o Couteiro-Mor habita, não reina a irracionalidade ou o mero "biologismo animalesco". Não, bem pelo contrário: impera uma racionalidade árida, fria, sem coração. Uma lógica impiedosa, em suma. Ou, na terminologia uma vez mais Jungeriana, um "certo automatismo".
Não era a irracionalidade que presidia ao Nazismo, nem, tão pouco, ao Comunismo; como não é a irracionalidade nem a mera biologia que comanda o malignismo que , presentemente, avassala o globo. E este bem mais perigoso, porque efectivo, actuante e mascarado de amiguinho dos povos e culturas. Artimanha antiga, convenhamos; esta, a do mal se camuflar cinicamente de bem.
Que significa então tudo isto? Simples: que em matéria de poder, nas suas múltiplas estratégias e subterfúgios, há, de facto, todo um logos em acção. Em marcha. Ontem como hoje. Só que não é exactamente aquele que testemunha João.
E, já agora, a talhe de epílogo, sempre reconheço que quanto mais me debruço sobre a Segunda Guerra Mundial, mais suspeito que não houve ali qualquer conflito entre o Bem e o Mal. Houve apenas uma orgia íntima, um paroxismo - uma refinação, se preferirem - do segundo.
Não era a irracionalidade que presidia ao Nazismo, nem, tão pouco, ao Comunismo; como não é a irracionalidade nem a mera biologia que comanda o malignismo que , presentemente, avassala o globo. E este bem mais perigoso, porque efectivo, actuante e mascarado de amiguinho dos povos e culturas. Artimanha antiga, convenhamos; esta, a do mal se camuflar cinicamente de bem.
Que significa então tudo isto? Simples: que em matéria de poder, nas suas múltiplas estratégias e subterfúgios, há, de facto, todo um logos em acção. Em marcha. Ontem como hoje. Só que não é exactamente aquele que testemunha João.
E, já agora, a talhe de epílogo, sempre reconheço que quanto mais me debruço sobre a Segunda Guerra Mundial, mais suspeito que não houve ali qualquer conflito entre o Bem e o Mal. Houve apenas uma orgia íntima, um paroxismo - uma refinação, se preferirem - do segundo.
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