domingo, janeiro 16, 2011

In camera caritatis

Se partirmos do pressuposto de que o homem - a humanidade - é uma construção estritamente humana, adicionado necessariamente ao pressuposto de que o poder é uma construção estritamente política, então o caro António poderá, de algum modo, ou por alguma via mais ou menos imaginativa, chegar à tese de que o "poder é uma construção estritamente humana".
Porém, como nenhum desses pressupostos se verifica na realidade, ou seja, nem a humanidade é uma construção estritamente humana nem o poder é obra - objecto ou exercício - estritos da política, então somos forçados a concluir que Vª Excª elaborou positivamente nas nuvens (esperemos que nenhuma delas se encontrasse no período fértil). Tomou, desse modo, a Liliput donde partiu pelo Mundo (e já nem falo no Cosmos) onde pretendeu chegar.
Louvo-lhe a forma, o humor (e, inerentemente, a inteligência), mas não o conteúdo, por completa ausência de rigor neste. A questão parece-me bem mais séria que o mero fogo de artifício, pelo que, por enquanto, fica dispensado do meu. E porque suspeito que, ao contrário de teoria, o cristianismo é acção, entenda isto como uma mão fraterna para ajudá-lo a sair do buraco - valente buraco, convenhamos - onde se despenhou.

PS: Há, depois, toda uma vasta série de reducionismos (não sei se de conveniência) subsequentes que, em devido tempo, terei a gentileza de lhe apontar. Mas fiquemo-nos, por agora, pelos fundamentos. Um edifício nunca pode ser uma mera justificação para um telhado pré-fabricado. Poderá funcionar na religião, mas na filosofia não (passe o poema).


Sem comentários: