segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Nem há moralidade, nem comemos todos

Recebido por email (suponho que se trata dum artigo de jornal):

«APESAR de ter apenas 50 anos de idade e de gozar de plena saúde, o socialista Vasco Franco, número dois do PS na Câmara de Lisboa durante as presidências de Jorge Sampaio e de João Soares, está já reformado.
A pensão mensal que lhe foi atribuída ascende a 3.035 euros (608 contos), um valor bastante acima do seu vencimento como vereador.A generosidade estatal decorre da categoria com que foi aposentado - técnico superior de 1ª classe, segundo o «Diário da República» - apesar de as suas habilitações literárias se ficarem pelo antigo Curso Geral do Comércio, equivalente ao actual 9º ano de escolaridade.
A contagem do tempo de serviço de Vasco Franco é outro privilégio raro, num país que pondera elevar a idade de reforma para os 68 anos, para evitar a ruptura da Segurança Social.
O dirigente socialista entrou para os quadros do Ministério da Administração Interna em 1972, e dos 30 anos passados só ali cumpriu sete de dedicação exclusiva; três foram para o serviço militar e os restantes 20 na vereação da Câmara de Lisboa, doze dos quais a tempo inteiro. Vasco Franco diz que é tudo legal e que a lei o autoriza a contar a dobrar 10 dos 12 anos como vereador a tempo inteiro.Triplicar o salário. Já depois de ter entregue o pedido de reforma, Vasco Franco foi convidado para administrador da Sanest, com um ordenado líquido de 4000 euros mensais (800 contos). Trata-se de uma sociedade de capitais públicos, comparticipada pelas Câmaras da Amadora, Cascais, Oeiras e Sintra e pela empresa Águas de Portugal, que gere o sistema de saneamento da Costa do Estoril. O convite partiu do reeleito presidente da Câmara da Amadora, Joaquim Raposo, cuja mulher é secretária de Vasco Franco na Câmara de Lisboa. O contrato, iniciado em Abril, vigora por um período de 18 meses.
A acumulação de vencimentos foi autorizada pelo Governo mas, nos termos do acordo, o salário de administrador é reduzido em 50% - para 2000 euros - a partir de Julho, mês em que se inicia a reforma, disse ao EXPRESSO Vasco Franco.
Não se ficam, no entanto, por aqui os contributos da fazenda pública para o bolo salarial do dirigente socialista reformado. A somar aos mais de 5000 euros da reforma e do lugar de administrador, Vasco Franco recebe ainda mais 900 euros de outra reforma, por ter sido ferido em combate em Moçambique já depois do 25 de Abril (????????), e cerca de 250 euros em senhas de presença pela actuação como vereador sem pelouro.
Contas feitas, o novo reformado triplicou o salário que auferia no activo, ganhando agora mais de 1200 contos limpos. Além de carro, motorista, secretária, assessores e telemóvel.
»
Tiago Carneiro

Será isto verdade?
Bem, mesmo que seja, nem me atrevo a criticar uma coisa destas, porque, senão, chamam-me invejoso.
Apenas me ocorre um singelo reparo: ao contrário do que fantasia a Constituição fabulosa que serve de tótem-bibelot a esta nossa república de Bananas, os cidadãos não são iguais nem perante a lei, nem, ainda menos, perante o erário. Ou não funcionassem os úberes deste em hermético regime de coutada. De cripto-condómino, quase apetece dizer. Aliás, digo mesmo.
E faço votos para que, ao menos, o feliz contemplado saiba gastar condignamente os proventos tão habilmente agenciados. E que, assim, depois de ir à Câmara, à República e à Democracia, vá agora, que está em boa idade disso, às putas. Às de carne e osso, às avulsas. Isto, claro está, presumindo duas condicionantes óbvias:
1. Que, por um lado, aproveita a embalagem e a vasta experiência adquirida com as institucionais;
2. Que, por outro, já está enjoado do orifício anal dos cidadãos.
Mas devo confessar que estou um bocado céptico em relação a ambas.

7 comentários:

dragão disse...

Obrigadinho, pá! Nem sei o que seria de mim sem essa tua dica. Não tem de quê.

zazie disse...

eheheh

Pandora disse...

Caríssimo Dragão,

Não me pergunte como finalmente consegui ter o privilégio de poder “cruzar” umas palavras consigo. A tentativa/erro só ruiu perante a minha persistência.
Provavelmente, e atento o tardio da hora, devo estar imbuída de um qualquer “efeito Barbie”.
A verdade, meu Caro, é que nesta “República das Bananas” e, num momento em que o Governo sonega barbaramente os direitos contratuais e adquiridos dos trabalhadores portugueses, deparamo-nos com este caso exemplar da reforma de um dos membros da elite dirigente, de seu nome, Vasco Franco que, de acordo com as explicações algo exaustivas (que prefiro nem esmiuçar), faço apenas valer a mui “surpreendente” conclusão:

“Contas feitas, o novo reformado triplicou o salário que auferia no activo, ganhando agora mais de 1200 contos limpos (6.000 euros). Além de carro, motorista, secretária, assessores e telemóvel.”

É caso para perguntar ao País
QUID JURIS?

Receba os meus cordiais cumprimentos,

Pandora

Pandora disse...

Caro Dragão,

No momento em que acedi à notícia a que se refere e que foi efectivamente divulgada pelos media, o meu pensamento desviou-se automaticamente, para o célebre romance de George Orwell, “Animal Farm”, traduzido para a língua portuguesa sob o título “O Triunfo dos Porcos”.

Entre a personagem Napoleão e a Governação, ou melhor a DESgovernação dita “socialista”, tropeçamos, inevitavelmente, no mundo dos “porcos” sem escrúpulos e no famigerado lema:

“All animals are equal, but some animals are more equal than others”
(“Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que outros”).

Tal como proclamou Lord Acton, “O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente”.

Estas afirmações encaixam-se, com uma naturalidade sublime, ao caso em apreço.

Cordiais cumprimentos,

Pandora

dragão disse...

Cara Pandora (belo nome!),
a governação deste país transformou-se num governar-se dos eleitos. À grande e à francesa. E uma espécie de casino.

Queira receber as minhas homenagens.

Erecteu disse...

Não havia o estado servir quem bem o serve?
Na verdade serve melhor uns que outros, Pandora tem razão.
Em contrapartida também se serve dos servidores de diferente forma, por acaso, é de forma inversamente proporcional à remuneração.

Deixêmo-nos de serviços que tenho de me ir servir.
Passem bem

Oliveira da Figueira disse...

Confrade e Amigo Caguinchas
Hoje o Glorioso faz anos.
Logo à noite no Casino
À Grande Gala vamos!

Mas porventura também ireis
Ao espectáculo memorável?
Se fordes, levai César Augusto
Será uma atitude louvável!