A menina Zazie, essa açambarcadora, ganhou o prémio. No entanto, o júri (que sou eu) decidiu, por unanimidade, desclassificá-la, pois usufruiu de ajudas extra-regulamentares.
Foi o Saint-Just, de facto. Trata-se do "Relatório apresentado em 10 de Outubro de 1793", intitulado "Para um Governo revolucionário". Em termos concretos, este "relatório" à Convenção marca o início daquilo a que se convencionou chamar de "Terror".
Mas porque carga de água me fui eu lembrar de tão tenebroso personagem? É simples, ó leitores: é que no mesmo dia em que postei, ouvi o ilustre Miguel Cadilhe, esse angariador de clientela para o bordel nacional, queixar-se da mesmíssima coisa. Confiram nos jornais e noticiários do dia e pasmem, ó sonâmbulos! E, vai daí, espingardei para com os meus botões: Então, há progresso ou não há progresso?! Avança-se ou não se avança?! Ou estamos sempre a ouvir a mesma tecla, do mesmo piano, e ainda por cima desafinado?...hein?!...
Quanto não vale esta santa ignorância e alegre imbecilidade que grassa na terrinha!...
A propósito, não sendo de todo personagem das minhas simpatias, Saint-Just, não obstante, neste mesmo "Relatório", tem uma tirada que até eu me atrevo a considerar épica. Profere ele, preto no branco:
«Um povo não tem senão um inimigo perigoso, o seu governo; (...)»
Cá para mim, o Saint-Just era pseudónimo. O gajo era português. Só podia. Uma verdade destas não está ao alcance de qualquer um. É preciso experiência. Ou melhor: calo. Muito calo.
1 comentário:
ahahahhah vê lá se também levas o Cadilhe ao cadafalso ":O))))
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