Começo seriamente a suspeitar que Joaquim Couto é um heterónimo de João Miranda, ou João Miranda um pseudónimo de Joaquim Couto, ou ambos um alterónimo de Júlio de Matos que, vá lá o diabo explicar, terá encarnado pluridisciplinarmente e coiso e tal.
Vamos aos depoimentos (ou deposturas, se preferirem)...
Analisemos então esta " verdade no seu simples enunciado" - os gregos não estão preparados - para viver em democracia - porque estão estupidificados.
Comecemos pelo não estarem preparados. Quer dizer que têm vivido estes últimos decénios (desde que estão na Comunidade Europeia, pelo menos) em que regime? Em fascismo? Em ditadura? Em monarquia desconstitucional? E foi isso que os perverteu, imagino. Que os desadestrou, depreendo. Mas não, oh que maçada, eles têm é pastado e transumadp freneticamente em democracia. E da parlamentar, ainda por cima. Mas então estão calejados, estão viciados, estão saturados e não estão preparados? Bem,se tanto, estarão é exaustos, não? Consumidos de tanta prática democrática. E estupidos, eventualmente, também poderão estar - porém, não de impreparação, mas, ao contrário, de exercício. Em todo o caso, e como o Joaquim Couto, manifesta enorme confusão nisto tudo, convirá talvez fornecer-lhe umas dicas para ver se se desenvencilha dali para fora.
Dica 1: se os gregos não estivessem preparados para a democracia nunca seria por serem estúpidos: quando muito seria por não serem ingleses; mas o mais provável seria por serem prudentes e sensatos; Até o Pedro Arroja está farto de lhe explicar isto.
Dica 2: ninguém está preparado para a democracia: caso houvesse clarividência geral e prévia nunca existiria democracia. Em lado nenhum. Excepto Inglaterra, naturalmente. Ou na Madeira, passe a redundância.
Dica 3: Os gregos são, em larga medida, uns grandes estúpidos merecedores duns belos puxões de orelhas, mas nunca por inabilidade para a democracia: pura e simplesmente, porque a inventaram. Assim como inventaram a lógica (com as suas regras básicas do pensamento ainda actualmente em vigor), que o Joaquim Couto devia usar, mas não usa. Eu, que hoje estou benevolente, não direi que será por estupidez, nem sequer por preguiça. Direi que terá sido apenas por esquecimento.
Em todo o caso, junto com a democracia, os gregos, ao experimentarem o desespero, a desagregação e a decadência irremediável dela resultantes, deixaram um aviso que sobrevive aos séculos: a democracia não serve de antídoto à tirania - serve-lhe de maternidade; não a erradica, incuba-a.
Agora adivinhe quem é que anda há dois milénios e meio a comprovar o aviso de Platão? Fukauma-fukaduas-fukatrês! -terminou o tempo. A resposta certa era: História Universal.
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Entretanto, decreta o Miranda, numa das suas mais recentes alocuções às massas::
Se o Joaquim Couto se atira desastradamente aos gregos, o seu heterónimo (ou vice-versa) arremete desabridamente contra as alfaces. Mas o mais fascinante é que os termos são perfeitamente intercambiáveis: a "verdade no seu simples enunciado " do Joaquim Couto tanto funciona com gregos como com alfaces; a alface de produção fácil na economia moderna do Miranda, tanto pode ser uma alface, como uma puta, como um grego, um irlandês, um português ou até um comboio da CP.
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