segunda-feira, agosto 21, 2006

Rabis anti-sionistas e outras minudências



Sinceramente, quanto mais tento compreender estes tipos, mais extravagâncias constato. Acabo de descobrir que uma comitiva de rabis anti-sionistas já por duas vezes visitou o Irão, onde expressou as mais severas críticas ao "estado/quisto sionista" e enorme solidariedade com as visões curativas do almedinicoiso porta-voz dos ayatollahs.
Para estes ultra-ortodoxos, o sionismo é abominação. E devia, em seu entender, ser limpa do mapa. Não duvidam, inclusivamente, que o Todo Poderoso, num daqueles acessos lendários de justiça sumária que o caracterizam, trate disso um dia destes.
Para outros tradicionalistas, comos estes, a abominação não se afigura muito menor. Fazem mesmo questão em bradar a que não se confunda o "estado sionista" com "o estado judaico". Entre outros mimos fracturantes, acusam o sionismo de ser "um pseudo-judaísmo que degrada a essência metafísica da identidade judaica a um nacionalismo secular".

Bem, que o regime que campeia em Israel é um nacionalismo particularmente virulento e belicista, não parece matéria de opinião, mas de facto (mais que evidente). Que circuntâncias várias envolventes o promovam e justifiquem, não contesto. Só há um mistério sui generis que, nisto tudo, desafia a compreensão do mais perspicaz: porque é que aqueles -democratas reciclados da beatocracia moderna - que estão sempre de fornicoques prontos para vituperar e menoscabar todos e qualquer tipo de nacionalismo, sobretudo caso respeite ao próprio país onde nasceram, quando é Israel a desfilar na passerelle, ei-los que, tomados de súbita amnésia selectiva, desatam a vislumbrar apenas virtudes, maravilhas e enlevos pródigos?... Um verdadeiro Todos em um, garantem-nos, esganiçando-se num fervor fanático e alucinado: é um "nacionalismo democrático!", apregoam, rangendo a dentuça; "é um "nacionalismo bastião do ocidente!", espumam e cuspinham-se; "é um "nacionalismo especial de corridas!", alardeiam, entre espasmos; é um "nacionalismo a porejar um racismo benigno", entoam cânticos, alternados com babas; "é um nacionalismo a quem todos devem e ninguém paga!", salmodiam, delirantes; e por aí fora, ad nauseam.
Dir-se-ia que todos os males consagrados pela ultra-pasteurização mental do nosso tempo -a saber, nacionalismo, racismo, colonialismo, virilidade et al -, têm uma única e comum excepção: Israel.
Aquilo que em qualquer parte do mundo, perpetrado por qualquer outro povo ou regime é um Mal merecedor dos piores bombardeamentos e sanções, em Israel - aleluia! - é um Bem Sublime, acima da crítica, das leis simploriamente humanas e, sobretudo, de quaisquer regras lógicas. Como se, à imagem caleidoscópica do Pseudo-Iahvé padroeiro, o Nova-Sion fosse soberana absoluta e inescrutinável dos seus caprichos. E o mundo inteiro tivesse que andar - de cócoras, cabeça baixa e implorando misericórdia - ao sabor das suas birras, manias e humores.
Quanto mais baixo conseguem ainda descer?

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