terça-feira, agosto 08, 2006

A Internacional Mimada



«Frequentemente, tenho almoçado num Mcdonald’s situado num dos mais concorridos e pretenciosos subúrbios da América, mesmo à saída de Washington, D.C. Os residentes experimentam sentimentos contraditórios acerca do facto de terem um McDonald’s na sua comunidade – debilita a sua auto-imagem – pelo que o restaurante está enfiado nas entranhas dum pequeno centro comercial, o que o torna impossível de encontrar a forasteiros.

Gosto de chegar por volta das 10h30m. Levanto-me cedo, e antes das 11 horas o meu McDonald’s ainda está sossegado. Consigo comer e ler em paz. Mais tarde, costumam chegar as mães ao volante dos seus 4x4 luxuosos, acompanhadas das suas proles em idade pré-escolar, e, se é tempo de férias nas escolas, reforçadas com crianças mais velhas. Alguns liceais também aparecem. Aos sábados, muitos pais cumprem a via sacra do McDonnald's acompanhados de toda a filharada. O meu "café francês" transforma-se então num verdadeiro asilo de doidos. Sobretudo junto ao parque infantil, o barulho aumenta dramaticamente. Acabei por aprender a alhear-me da algazarra, mas, por vezes, ainda contemplo tal cenário com um certo fascínio. Nos carrinhos, as criancinhas que ainda mal sabem andar, berram se os pais não lhes fornecem as batatas fritas à velocidade requerida. As crianças mais velhas rastejam sobre cadeiras e mesas, quando não correm por todo o lado aos gritos, levando tudo à frente, enquanto esperam que a mamã ou o papá lhes tragam a comida. Mães e pais afadigam-se, ansiosa e solicitamente, em benefício dos seus príncipes e princesas. Confortam-nos e desculpam-se perante o pequeno Ashley ou Eliot por terem tido que esperar tanto tempo. Agora, já conheço a diferença entre o choro de uma criança que sofre e o de uma que não admite esperar nem aceita um "não" como resposta. No bendito parque - o "buraco do Inferno" - torna-se evidente que estas crianças só consideram verdadeiramente brincar quando se empurram e atiram para cima umas das outras, ao mesmo tempo que produzxem um ruído ensurdecedor. Por vezes, o recinto emite gritos de tal modo estridentes que até as crianças de origem asiática olham para os seus pais, estupefactas. O respeito para com os adultos parece ser-lhes completamente desconhecido. De início,o comportamento destes micro-selvagens indignava-me; não obstante, cedo verifiquei que estas crianças apenas imitavam os pais que, por sua vez, imitavam os deles. Os adultos, entretanto, falavam de forma estridente e penetrante -alguns ao telemóvel, como se estivessem sós. Todo o cenário rilhafolesco reflectia completa ausência de auto-disciplina e de respeito pelos outros.
Sim, este quadro é bem a imagem da política externa dos Estados Unidos da América. Esta é a nova e emergente classe dominante americana, constituída cada vez mais por pessoas habituadas a encarar o mundo como algo que apenas existe para os servir. Atreva-se alguém a contrariar as suas vontades, que a resposta será a descarga das suas fúrias e birras. Chamemos a um tal protótipo "personalidade imperialista" - se "fedelhos mimados" soar demasiado rude.»

Traduzido deste artigo de Claes G.Ryn, cuja leitura completa volto a recomendar vivamente.

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