quarta-feira, maio 24, 2006

O fado é que induca, o vinho é que instrói!

«Pelo menos 10 furacões vão formar-se este Verão no Atlântico»
‘Da-se!, que mundo este! Quando até já os furacões vão para a universidade. O meu velho é que tinha razão, especialmente quando estava c’os copos:
«O fado é que induca, o vinho é que instrói!”
Graças a ele, não me mandaram para a escola. Fui engraxar sapatos para a estação do Cais Sodré. Dali às meninas era um instantinho. Um homem faz-se a trincar cona desde a mais tenra idade. Ou pelo menos a cheirar. Não há melhor vitamina ou adubo neste universo.
As universidades, acreditem, é que fodem esta merda toda. Acabem com as universidades e vão ver que o mundo melhora. Pouco, mas melhora. E antes pouco que nada. Caso contrário, é vê-lo piorar todos os dias!
"O que é que se aprende numa universidade?", perguntei eu, um dia destes, ao Labaredas, que foi gajo para andar metido naqueles quintais. “Não digo tu, ó moinante (tive que esmiúdar), que já sabemos que só lá andaste para arranjar pito à borla e foder o juízo aos prófes... Refiro-me, anota bem, àqueles totós que lá andaram contigo, mais as feiozas, os estafermos e toda aquela ganadaria imprópria para consumo que acabam vestidos de corvo a queimar não sei o quê, benzidos pelo abade!...” (tem que se explicar tudo bem explicadinho ao Dragaredas, senão desata numa letra que até nos dá dores de cabeça, larga a metralhar-nos de adjectinos, metafodas e alegrunhias, que até dá vertigens).
Assim, bem instruído, açaimado, estrangulado, como convém, o Caga-Lume lá me respondeu:
-“Caguinchas, irmão de putaria, basicamente, nas universidades cá do burgo, os totós aprendem a dar graxa, a lamber-cus e a cheirar-rabos. Em suma: adestram-se para toda uma carreira na política e nas artes.”
Juro que foi isto que o gajo me disse. Sem tirar nem pôr. E o gajo sabe. Fala não sei quantas línguas, conhece o Plantão de ginjeira, é tu-cá-tu-lá com o Aristosto-lhos e - já vi eu, com estes que a terra há-de comer e vomitar logo a seguir – lê o Hei Edgar que nem uma cigana lê a pata dum otário! Mesmo assim, por via das dúvidas, ainda lhe arregalei os olhos e espremi:
-“Olha lá, isso é mesmo assim, não me estás a mintir?!...”
O papa-princesas garantiu-me a dica. Que era a mais pura das verdades. Ele morresse já ali ceguinho e de gaita mirrada se aquilo era milonga. Etcétera e tal , por alma da avózinha que terá morrido virgem. E até jurou pelo Madjer...
-“Jura já aí, a pés juntos e sem figas, pelo Pinto da Costa!...” Exigi-lhe, à queima-roupa. E o gajo, sem hesitar, jurou.
Portanto é verdade. Tão certo como o céu ser azul e branco quando não chove.
Agora digam lá se não tenho razão para me orgulhar do meu velho. Não distinguia uma letra dum tamanho dum boi, arriava-nos forte e feio sempre que o Glorioso perdia, bebeu este mundo e o outro... Mas era um sábio. Pôs-me logo a engraxar sapatos com sete anos. Constatem e mordam-se de inveja, ó totós: ainda os outros andavam na primária, no bê-a-bá, e já eu estava na universidade. Menininho, chavalito, já eu engraxava a preceito e cheirava cona da gorda. E estes marmanjões retardados de agora, bajolos do caralho, com idade para já serem homenzinhos e saberem o que é a vida, ainda andam a cheirar-cus e a aprenderem os rudimentos do gamanço. No meu tempo, com a idade deles, já eu tinha a Mimi, a Filó e a Madalena do Broche por conta, e sociedade com o Manolo Cigano na venda de eléctricos e monumentos aos parolos e saloios das berças que vinham à cidade em excursões. Tínhamos escritório ali à rua da Palma, que saudade!... Era simultaneamente escritório e marisqueira. Não andávamos ali para enganar ninguém! Não é como estes políticos da agora, filhos da universidade, que é bem pior que ser filho da puta, quer-me cá parecer, pois não enganam o parolo uma só vez: enganam-no toda a vida. 'Tá bem que o parolo não serve para outra coisa, nasceu para isso. Mas acho mal os filhos vigarizarem os pais.
Sim, eu sei, o Dragão também me disse: de vez em quando, no dia de São Nunca à Tarde, a universidade lá produz um génio. Também acontece, estilo excepção à regra, admito.
Mas eu pergunto-vos:«Neste cabrão de mundo, para que serve um génio?”
Basta acompanhar as notícias:
«Pesquisadores encontram gene causador de tipo de leucemia»
«Decifrado gene causador da epilepsia hereditária»
«O primeiro gene causador da obesidade humana, que recebeu o nome de beta-3»

Estão a ver? Ele é leucemia, ele é epilepsia, ele é obesidade e aposto que até diabetes! É nisto que dão os génios. Que ninguém se engane: os génios são os piores!

E os filhos da puta dos jornalistas, outros chouriços de universidade, só dão erros de ortogradia. Até mete nojo tanta ingnorância!...

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