(Prodigiosamente, dado o local onde me encontro, estou a conseguir postar. As dificuldades são, todavia, imensas, pelo que não se admirem se nestes próximos dias a tasca estiver ao Deus dará.)
«A autocracia e o governo por estrangeiros são frequentemente (embora de modo nenhum invariavelmente) ineficientes, cruéis e corruptos. Grandes massas dos súbditos de déspotas ou estrangeiros sentem os seus interesses afectados adversamente pelas actividades dos seus governantes. Desejam modificar a forma de governo, de modo que se torne mais favorável em particular aos seus interesses nacionais ou de classe. Mas os descontentes nunca estão satisfeitos com o simples descontentamento e desejo de mudança. Gostam, como já apontei, de justificar o seu descontentamento, de procurar desculpas exaltadas e filosóficas para os seus desejos, de sentir que o estado de coisas mais conveniente para eles próprios é também o estado de coisas mais agradável à Razão Pura, à Natureza e à Divindade.»
- Aldous Huxley, "Proper Studies"
Ocorre-nos, de imediato, uma questão interessante:
- Qual será pior: uma autocracia dum autóctone ou um governo de estrangeiros por interpostos aborígenes?
Não é uma questão nada retórica. Pelo contrário, pode traduzir-se na realidade portuguesa dos últimos cem anos.
Hoje em dia, há pessoas que começam a interrogar-se se ser governado - indirectamente - pelas actuais agremiações partidárias ou directamente por espanhóis, alemães, ingleses ou americanos faria muita diferença. Pelo menos, a empatia entre governantes e governados não divergiria muito, se é que divergia em alguma coisa. O desprezo e a aversão recíproca seriam idênticos.
O pior é que espanhóis, alemães, ingleses ou americanos também já não sabem muito bem quem é que os governa. O "quem" é uma benevolência da minha parte. Mais justo seria dizer o "aquilo".
Mas concentrem-se na questão proposta e entretenham-se com ela até ao meu regresso. Ou então ide bugiar ou ler blogues de referência, passe a redundância.
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