Amanhã volto. Ou então não.
Entretanto, para irdes marinando e amaciando os lombos, aqui fica algo que tive oportunidade de pronunciar há precisamente um ano atrás. Continua plenamente actual, pelo que me dispenso de repetir...
Vivemos um tempo de ataque cerrado à auto-estima das pessoas. Se por um lado se lhes insufla o ego de vento, num simulacro de rã em ascensão a boi, por outro, é um gás deletério e corrosivo que só as emprenha de angústias, dúvidas e hipocondrias existenciais. A máquina da extracção da auto-estima, opera, ao mesmo tempo, na injecção de dependência, de vassalagem cega e desmedida à hetero-estima. As pessoas -categoria cada vez mais obsoleta-, são manipuladas (ou melhor dizendo, pedopuladas) como uva em lagar de mixordeiros, de marteleiros desenfreados. O resultado é uma vasta cadeia de montagem de imbecis, de gentinha débil-emocional, que se arrasta e repta num constante: "por favor gostem de nós". Mimadas até ao vómito, são desossadas de toda e qualquer autonomia, depiladas de genuíno critério ou gosto, esterilizadas e lobotomizadas metodicamente até uma espécie de tetraplegia mental.
Mais que um qualquer modo de afirmação, o seu exibicionismo obsceno - outras vezes simulado, protocolar, mas sempre emulador dum alterpadrão público -, resume-se a uma sórdida súplica, um enerve requerimento de adesão a uma qualquer manada preponderante.
É toda uma imensidão de hiper-egos paradoxalmente junkies dos outros, do número, da manada. É uma espécie de massa levedante, que quanto mais exorbita mais se agrega e empastela. Pastam e, ao mesmo tempo, vigiam-se, controlam-se, perseguem-se. Levantam a cabeça apenas o suficiente para espreitar o grosso da manada, para avaliar do fluxo dominante, das áreas de maior aglomeração. Se é superlotado é bom; se está enxameado de peregrinos, então é por aí certamente o caminho. O lema estrutural resume-se a "sou o que os outros acham", "sou por sufrágio universal", "candidato-me, propagandeio-me, sufrago-me em cada instante", "aconchego-me". No fundo, vão na enxurrada humana, não tanto para onde escolhem, mas para onde a multidão irracional, a chicote de um qualquer inefável piloto, os empurra. E atrai.
Entretanto, esse irresistível vórtice magnético que são os outros tem doravante um nome, um nome que impera sobre todos: Opinião Pública. É a estrela guia e o astro radioso que ilumina.
É a suposta "opinião de todos", a "opinião universal", no mínimo, a "opinião dos outros".
E quem são esses que os teleguiam?
São os mesmos que estipulam aquilo que é gostável e desgostável, aquilo que é estimável ou execrável. Curiosamente, os mesmos que lhes amputam a alma e lhes implantam, em forma de prótese indispensável, género cadeira de rodas espiritual, uma sórdida maquinazinha defecante, palradora, onanogâmica e hetero-dependente.
Convertidas a um quase vegetal merdificante e palrador, incontinente e mirrado, absolutamente submisso ao cuidado e à vigilância alheia, ambulam, quais espantalhos grotescos, à mercê de estímulos e próteses que os transportam e que, providencialmente, sempre providencialmente, como soro através de tubo, ou realidade através de ecrã, lhes fornecem.
Mais que um qualquer modo de afirmação, o seu exibicionismo obsceno - outras vezes simulado, protocolar, mas sempre emulador dum alterpadrão público -, resume-se a uma sórdida súplica, um enerve requerimento de adesão a uma qualquer manada preponderante.
É toda uma imensidão de hiper-egos paradoxalmente junkies dos outros, do número, da manada. É uma espécie de massa levedante, que quanto mais exorbita mais se agrega e empastela. Pastam e, ao mesmo tempo, vigiam-se, controlam-se, perseguem-se. Levantam a cabeça apenas o suficiente para espreitar o grosso da manada, para avaliar do fluxo dominante, das áreas de maior aglomeração. Se é superlotado é bom; se está enxameado de peregrinos, então é por aí certamente o caminho. O lema estrutural resume-se a "sou o que os outros acham", "sou por sufrágio universal", "candidato-me, propagandeio-me, sufrago-me em cada instante", "aconchego-me". No fundo, vão na enxurrada humana, não tanto para onde escolhem, mas para onde a multidão irracional, a chicote de um qualquer inefável piloto, os empurra. E atrai.
Entretanto, esse irresistível vórtice magnético que são os outros tem doravante um nome, um nome que impera sobre todos: Opinião Pública. É a estrela guia e o astro radioso que ilumina.
É a suposta "opinião de todos", a "opinião universal", no mínimo, a "opinião dos outros".
E quem são esses que os teleguiam?
São os mesmos que estipulam aquilo que é gostável e desgostável, aquilo que é estimável ou execrável. Curiosamente, os mesmos que lhes amputam a alma e lhes implantam, em forma de prótese indispensável, género cadeira de rodas espiritual, uma sórdida maquinazinha defecante, palradora, onanogâmica e hetero-dependente.
Convertidas a um quase vegetal merdificante e palrador, incontinente e mirrado, absolutamente submisso ao cuidado e à vigilância alheia, ambulam, quais espantalhos grotescos, à mercê de estímulos e próteses que os transportam e que, providencialmente, sempre providencialmente, como soro através de tubo, ou realidade através de ecrã, lhes fornecem.
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