Não sei porque me pedis que fale
Que diga, que conte, que encante...
Já basta o peso desta memória d'elefante
-pedi-me antes que me cale!
Não sei que ínvia morbidez vos aguça
ou que ânsia sádica de grotescos despistes.
Pouco me confortam vossos beiços tristes
ainda menos o arreganhar boçal da dentuça.
Não tenho artes de vate nem trovador
nem perícias de cura a debitar sermões.
E se de ratos nem serpentes sou encantador
deixai-me, pois, em paz com a minha dor,
com os meus enganos e frustrações.
Quereis poesia? -Ide chatear o Camões!
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