segunda-feira, maio 09, 2005
O Ágape liberal
Eu, não me custa nada reconhecê-lo, tenho sido assaz injusto na minha síntese acerca de liberais, neoliberais, angloliberais e toda essa horda de metrossexuais do pensamento que para aí pulula, em permanente saldo e algazarra. Na verdade, toda esta gentinha que parece movida a caldos knorr da alminha ou a comprimidos de pensamento efervescente, não obstante a sua idolatria furiosa do Mercado, merece-me este acto caridoso de contrição. Animado desse remorso, reconheço como incorrecto dizer-se que a sua doutrina mirabolante pressupõe uma Humanidade a refastelar-se, alegremente, numa forma sofisticada de canibalismo. Corrija-se: não é canibalismo, é autofagia.
Mas, nada de menosprezos, é uma comezaina com regras, com rígidos preceitos: o catecúmeno-comensal deve iniciar o ágape com a entrada ritual: os testículos ; passar depois a uma sopa não menos protocolar: os olhos; tudo isto enquanto vai bebericando, em anteparo para a coca-cola principal, um batido espirituoso: a mioleira. Liquefeita.
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