Passo a expor as medidas draconianas que urgem para este país. Se virdes por aí outras que não estas, berrai, protestai, queixai-vos à DECO: são pechisbeque, fancaria, contrafacção. Estão-vos a vender gato por lebre.
O português actual, verdadeiro calhau com olhos na sua grande maioria, quer lá saber da pátria, da cultura, do futuro, do passado, dos netos e da própria decência. Muito menos do défice. Peçam-lhe sacrifícios pela nação que ele, esfalfado de tanto proxeneta à bica dela, puxa logo dum valente manguito, cospe vários impropérios e desata num basqueiro de varina assanhada que só visto.
Agora, então, que o Benfica está quase campeão e o estio se aproxima, a grandessíssima besta, atarefada com os preparativos para as celebrações do título e as viagens às Caraíbas, Brasil ou Maldivas, está-se bem pouco maribando para o défice. Até porque, repito, já deita o défice, e conversas do défice, e ficções do défice pelos cabelos. E com razão, convenhamos.
Pois bem, se o que querem mesmo é acabar com ele, com essa abominação que não nos larga, com essa hidra medonha, a solução é simples. Atente-se:
Já sabemos que o Estado, dado o estado deplorável a que chegou, não é grande coisa no que toca a esmifrar o cidadão. Na verdade, a relação é complexa: não só o Estado não esmifra como devia o cidadão, ou seja, com alguma justiça, como, para espanto da galáxia, é ele, Estado, que se vê, não raras vezes, despudoradamente espoliado pelo tal cujo. Aliás, por sortilégio democrático, o Estado tem vindo a descambar num mero subterfúgio para uma certa classe de cidadãos viverem às expensas dos outros. Em suma: Tirando uns desgraçados e otários sem amigos na copa, ninguém paga impostos de jeito. Ou melhor dizendo: quanto mais deveriam pagar, menos pagam. O lema cínico do costume devém imperativo e princípio constitucional da república: "os pobres que paguem; são muitos e já estão habituados". Contudo, mesmo os pobres, esses beneméritos, já estão a ficar manhosos e, instruídos no exemplo alheio, começam também a eximir-se aos seus deveres, a desmazelar os seus encargos. Manifestam até má vontade, imagine-se; murmuram, rosnam, interferem com as sondagens. De facto, lá do alto até cá baixo, existe um consenso general: o país que se foda! Primeiro a casa, depois o carro, depois os telemóveis, depois as Caraíbas e depois, depois logo se vê.
Conclusão: com o Estado não vamos lá.
Então vamos como?
Com uma medida draconiana autêntica, genuína, de sucesso garantido, nem mais.
Repare-se: da mesma forma que não se sente minimamente vocacionado ao sacrifício pela pátria, pelo estado, pelo país, enfim, pelo que lhe queiram chamar, o matumbo do português está sempre, em contrapartida, numa ânsia e predisposição permanente, fervorosa, compulsiva de fazer sacrifícios pela Banca. Contra o Estado vocifera, mas contra a Banca nem um lamento. É a sua nova divindade inexorável, a Moira grega recauchutada. Aceita-lhe tudo: a fome, a humilhação, a escravatura e ainda agradece, ainda desfila todo inchado e vaidoso com as coisas que o Banco lhe aluga a preços dignos de pretos alforriados em loja de fazenda.
Portanto, para resolver o défice é muito simples: Liberalizam-se, desembaraçam-se completamente as mandíbulas e garras da banca. Que exerçam a seu bel-prazer. Traduzindo por miúdos: a Banca pode cobrar os juros que quiser e infestar- bem como armadilhar- os contratos com as letrinhas pequeninas todas que lhe der na real gana. Cláusulas omissas e cláusulas secretas, inefáveis, subentendidas, é à descrição. Assim mesmo. À bruta. À maneira da selva. À lagardére.
Acabemos, pois, com o faz que anda mas não anda, faz que cobra mas não cobra. A Banca, vampira queridíssima, ai Jesus dos meninos, que se entenda com os cidadãos, com os clientes, com esta choldra toda. Que lhes saque e sugue até ao tutano. Que os espolie até ao último cêntimo. Que os lobotomize e anestesie com publicidade onírica e paraísos artificias ao domicílio. Mais ainda do que já faz. À canzana! Hão-de pagar e andar felizes e contentes, ronronando e dando marradinhas nas sondagens. Todos ufanos e arruinados. Grávidos de sonho e volúpia consumista.
O Estado, calmamente, lá do alto, só tem que taxar a Banca. 60% sobre os lucros. Na ponta da espingarda, se for preciso. Vai ser um tesouro fabuloso, uma pujança financeira de fazer os luxamburgueses corar de inveja: Paga o défice, paga a horda residente na Função Pública e ainda sobram uns trocados para concluir aquele assuntozinho pendente desde a batalha de Toro.
O português actual, verdadeiro calhau com olhos na sua grande maioria, quer lá saber da pátria, da cultura, do futuro, do passado, dos netos e da própria decência. Muito menos do défice. Peçam-lhe sacrifícios pela nação que ele, esfalfado de tanto proxeneta à bica dela, puxa logo dum valente manguito, cospe vários impropérios e desata num basqueiro de varina assanhada que só visto.
Agora, então, que o Benfica está quase campeão e o estio se aproxima, a grandessíssima besta, atarefada com os preparativos para as celebrações do título e as viagens às Caraíbas, Brasil ou Maldivas, está-se bem pouco maribando para o défice. Até porque, repito, já deita o défice, e conversas do défice, e ficções do défice pelos cabelos. E com razão, convenhamos.
Pois bem, se o que querem mesmo é acabar com ele, com essa abominação que não nos larga, com essa hidra medonha, a solução é simples. Atente-se:
Já sabemos que o Estado, dado o estado deplorável a que chegou, não é grande coisa no que toca a esmifrar o cidadão. Na verdade, a relação é complexa: não só o Estado não esmifra como devia o cidadão, ou seja, com alguma justiça, como, para espanto da galáxia, é ele, Estado, que se vê, não raras vezes, despudoradamente espoliado pelo tal cujo. Aliás, por sortilégio democrático, o Estado tem vindo a descambar num mero subterfúgio para uma certa classe de cidadãos viverem às expensas dos outros. Em suma: Tirando uns desgraçados e otários sem amigos na copa, ninguém paga impostos de jeito. Ou melhor dizendo: quanto mais deveriam pagar, menos pagam. O lema cínico do costume devém imperativo e princípio constitucional da república: "os pobres que paguem; são muitos e já estão habituados". Contudo, mesmo os pobres, esses beneméritos, já estão a ficar manhosos e, instruídos no exemplo alheio, começam também a eximir-se aos seus deveres, a desmazelar os seus encargos. Manifestam até má vontade, imagine-se; murmuram, rosnam, interferem com as sondagens. De facto, lá do alto até cá baixo, existe um consenso general: o país que se foda! Primeiro a casa, depois o carro, depois os telemóveis, depois as Caraíbas e depois, depois logo se vê.
Conclusão: com o Estado não vamos lá.
Então vamos como?
Com uma medida draconiana autêntica, genuína, de sucesso garantido, nem mais.
Repare-se: da mesma forma que não se sente minimamente vocacionado ao sacrifício pela pátria, pelo estado, pelo país, enfim, pelo que lhe queiram chamar, o matumbo do português está sempre, em contrapartida, numa ânsia e predisposição permanente, fervorosa, compulsiva de fazer sacrifícios pela Banca. Contra o Estado vocifera, mas contra a Banca nem um lamento. É a sua nova divindade inexorável, a Moira grega recauchutada. Aceita-lhe tudo: a fome, a humilhação, a escravatura e ainda agradece, ainda desfila todo inchado e vaidoso com as coisas que o Banco lhe aluga a preços dignos de pretos alforriados em loja de fazenda.
Portanto, para resolver o défice é muito simples: Liberalizam-se, desembaraçam-se completamente as mandíbulas e garras da banca. Que exerçam a seu bel-prazer. Traduzindo por miúdos: a Banca pode cobrar os juros que quiser e infestar- bem como armadilhar- os contratos com as letrinhas pequeninas todas que lhe der na real gana. Cláusulas omissas e cláusulas secretas, inefáveis, subentendidas, é à descrição. Assim mesmo. À bruta. À maneira da selva. À lagardére.
Acabemos, pois, com o faz que anda mas não anda, faz que cobra mas não cobra. A Banca, vampira queridíssima, ai Jesus dos meninos, que se entenda com os cidadãos, com os clientes, com esta choldra toda. Que lhes saque e sugue até ao tutano. Que os espolie até ao último cêntimo. Que os lobotomize e anestesie com publicidade onírica e paraísos artificias ao domicílio. Mais ainda do que já faz. À canzana! Hão-de pagar e andar felizes e contentes, ronronando e dando marradinhas nas sondagens. Todos ufanos e arruinados. Grávidos de sonho e volúpia consumista.
O Estado, calmamente, lá do alto, só tem que taxar a Banca. 60% sobre os lucros. Na ponta da espingarda, se for preciso. Vai ser um tesouro fabuloso, uma pujança financeira de fazer os luxamburgueses corar de inveja: Paga o défice, paga a horda residente na Função Pública e ainda sobram uns trocados para concluir aquele assuntozinho pendente desde a batalha de Toro.
Duarte de Almeida XX
aliás, Dragão
Sem comentários:
Enviar um comentário