Tenho que confessá-lo: Também não acho justo que as meninas esperançosas, fiéis depositárias do másculo sémen, vão despejar os projectos embrionários na retrete. Ainda para mais quando o país, em regressão demográfica, anda deficitário de novas gentes. Compreendo, pois, a indignação de muito boa gente. Gente de coração filantrópico que se condói facilmente com a desdita dos fracos e indefesos. Madres Teresas e Frei Teresos, sempre prontos a acudir aos coitadinhos, Deus Grandessíssimo os proteja. Não senhor, não é forma nem jeito de tratar os espermatozóides de cada um. É mesmo caso para tribunal. Eu, por mim, nem hesitaria: “meritíssimo juíz, protesto! O útero é dessa senhora, mas os espermatozóides eram meus!” Não julguem que brinco. O assunto é sério.
É a caça em regime livre ao embrião, é a foda inconsequente ao desbarato. Espermatozóides das melhores qualidades e proveniências vêem-se assim em risco de acabar triste e miseravelmente os seus dias. Quando ainda mal germinam, e mal se entregam ao milagre da multiplicação celular, eis que já os enviam em viagens peregrinas, sem garrafa nem oxigénio (nem um mero tubito para mergulho em apneia sequer) pelo esgoto imundo abaixo. Uma espermatodisseia execrável, garanto-vos! Infame, do piorio.
Se hão-de lançá-los no mundo, neste vale de portentos e prodígios, neste paraíso à beira céu plantado, neste mar de rosas (e laranjas) – como, aliás, lhes competia e a Natureza, desde os primórdios, lhes destinou –, as megeras, messalinas, ogras malvadas vão lançá-los -aos futuros licenciados, coitaditos-, na retrete. Na latrina, senhores! Quantos génios não nos arriscamos a perder assim? Quantos iluminados, prémios nobel e economistas liberais? Um ror deles certamente. É um luxo e um desperdício a que este país não se pode dar. Lá fora sim, é justo, há uma superlotação que urge combater, uma proliferação alarmante a que urge pôr cobro. Por mim, as holandesas, as inglesas, as americanas - e já agora também as espanholas - podiam abortar todas que não se perdia nada. Direi mais: Era um passo de gigante para a humanidade, uma grande ajuda para todos nós. Mas cá, chiça!...Haja tino.
Por conseguinte, valentes filantropos, almas cristãs de piquete por toda a paróquia, porfiai, fortificai muros e barricadas! Velai, meus amigos, paladinos, baluartes dessa nobre e justa causa! Obstai com todas as forças ao desmancho ignóbil, desnaturado, ao despejo abominável!
Mas, de caminho, aproveitando a embalagem, a campanha entusiasta, não esgoteis toda a vossa energia benfazeja nessa nobre missão. Dedicai também um pouco, uma migalha que seja, do vosso generoso ardor, uma parcela ainda que minúscula das vossas prebendas e mordomias, a fazer com que o mundo se distinga, um pouco que seja, duma retrete. Era de todo conveniente.
Porque se o mundo e a retrete cada vez menos se distinguem, como não hão-de andar confusas as mães já de fraca vocação, percebendo cada vez menos a diferença entre lançar nela os fetos de três ou de nove meses? Até vos dirão, manhosas e sibilantes: “lançá-los na retrete ou no mundo, que diferença faz?”
E deixem que vos pergunte, eu que vos conheço bem, que vos tenho observado na intimidade, aqui entre nós, agora a sério, realmente, à parte esse folclore para entreter o papalvo, que diferença vos faz que elas despejem ali ou acoli?
Vós, que, vaidosamente, vos estais marimbando para os velhos e crianças todos deste mundo (excepto as devidamente apelidadas), para o passado e futuro do país (excepto o que se prende com o vosso umbigo), vós, imagine-se, preocupais-vos, todavia, com os fetos. Os comunas são maus, mas os fetos dos comunas são óptimos; os comunas são bichos sórdidos e anormais que deviam ser esterilizados mas os fetos dos comunas são pessoas com todos os direitos. Quem não é “bem” não presta; mas os fetos, coitadinhos, são excelentes. Vós que vos cagais, de bem alto, nos outros e nos filhos dos outros, abris, no entanto, uma sagrada excepção em se tratando dos fetos dos outros. Que beneméritos! Matar pessoas, deixá-las morrer como calha, onde calha, a tiro, à bomba, a veneno, a eito, em nome do mercado, da prebenda, da mordomia, da seita, é justo, inspiração divina, está perfeito. Agora os fetos é que não, é um massacre, chacina dos inocentes, genocídio!...Em suma, a retrete é prorrogativa vossa, privilégio inalienável? Só vós é que podeis mandar os filhos dos outros lá para dentro? Os respectivos pais e mães não podem?... Soa a putas de estrada a quererem lapidar Madalenas!...
Eu acho que uma cabra que já nem instinto maternal tem é um aborto da Natureza (não me espanta, pois, que aborte). E que vocês, regra geral, sob esse manto santarrão, sois umas boas hienas.
Quanto à pragmática utilitarista de uns e à moralzinha rançosa dos outros, pois podem muito bem todos enfiá-las, em sincronia, no cu. É o local apropriado e, ao menos, é garantido que não engravidarão. Poupar-se-ão assim, seguramente, a riscos, trabalhos e polémicas.
É a caça em regime livre ao embrião, é a foda inconsequente ao desbarato. Espermatozóides das melhores qualidades e proveniências vêem-se assim em risco de acabar triste e miseravelmente os seus dias. Quando ainda mal germinam, e mal se entregam ao milagre da multiplicação celular, eis que já os enviam em viagens peregrinas, sem garrafa nem oxigénio (nem um mero tubito para mergulho em apneia sequer) pelo esgoto imundo abaixo. Uma espermatodisseia execrável, garanto-vos! Infame, do piorio.
Se hão-de lançá-los no mundo, neste vale de portentos e prodígios, neste paraíso à beira céu plantado, neste mar de rosas (e laranjas) – como, aliás, lhes competia e a Natureza, desde os primórdios, lhes destinou –, as megeras, messalinas, ogras malvadas vão lançá-los -aos futuros licenciados, coitaditos-, na retrete. Na latrina, senhores! Quantos génios não nos arriscamos a perder assim? Quantos iluminados, prémios nobel e economistas liberais? Um ror deles certamente. É um luxo e um desperdício a que este país não se pode dar. Lá fora sim, é justo, há uma superlotação que urge combater, uma proliferação alarmante a que urge pôr cobro. Por mim, as holandesas, as inglesas, as americanas - e já agora também as espanholas - podiam abortar todas que não se perdia nada. Direi mais: Era um passo de gigante para a humanidade, uma grande ajuda para todos nós. Mas cá, chiça!...Haja tino.
Por conseguinte, valentes filantropos, almas cristãs de piquete por toda a paróquia, porfiai, fortificai muros e barricadas! Velai, meus amigos, paladinos, baluartes dessa nobre e justa causa! Obstai com todas as forças ao desmancho ignóbil, desnaturado, ao despejo abominável!
Mas, de caminho, aproveitando a embalagem, a campanha entusiasta, não esgoteis toda a vossa energia benfazeja nessa nobre missão. Dedicai também um pouco, uma migalha que seja, do vosso generoso ardor, uma parcela ainda que minúscula das vossas prebendas e mordomias, a fazer com que o mundo se distinga, um pouco que seja, duma retrete. Era de todo conveniente.
Porque se o mundo e a retrete cada vez menos se distinguem, como não hão-de andar confusas as mães já de fraca vocação, percebendo cada vez menos a diferença entre lançar nela os fetos de três ou de nove meses? Até vos dirão, manhosas e sibilantes: “lançá-los na retrete ou no mundo, que diferença faz?”
E deixem que vos pergunte, eu que vos conheço bem, que vos tenho observado na intimidade, aqui entre nós, agora a sério, realmente, à parte esse folclore para entreter o papalvo, que diferença vos faz que elas despejem ali ou acoli?
Vós, que, vaidosamente, vos estais marimbando para os velhos e crianças todos deste mundo (excepto as devidamente apelidadas), para o passado e futuro do país (excepto o que se prende com o vosso umbigo), vós, imagine-se, preocupais-vos, todavia, com os fetos. Os comunas são maus, mas os fetos dos comunas são óptimos; os comunas são bichos sórdidos e anormais que deviam ser esterilizados mas os fetos dos comunas são pessoas com todos os direitos. Quem não é “bem” não presta; mas os fetos, coitadinhos, são excelentes. Vós que vos cagais, de bem alto, nos outros e nos filhos dos outros, abris, no entanto, uma sagrada excepção em se tratando dos fetos dos outros. Que beneméritos! Matar pessoas, deixá-las morrer como calha, onde calha, a tiro, à bomba, a veneno, a eito, em nome do mercado, da prebenda, da mordomia, da seita, é justo, inspiração divina, está perfeito. Agora os fetos é que não, é um massacre, chacina dos inocentes, genocídio!...Em suma, a retrete é prorrogativa vossa, privilégio inalienável? Só vós é que podeis mandar os filhos dos outros lá para dentro? Os respectivos pais e mães não podem?... Soa a putas de estrada a quererem lapidar Madalenas!...
Eu acho que uma cabra que já nem instinto maternal tem é um aborto da Natureza (não me espanta, pois, que aborte). E que vocês, regra geral, sob esse manto santarrão, sois umas boas hienas.
Quanto à pragmática utilitarista de uns e à moralzinha rançosa dos outros, pois podem muito bem todos enfiá-las, em sincronia, no cu. É o local apropriado e, ao menos, é garantido que não engravidarão. Poupar-se-ão assim, seguramente, a riscos, trabalhos e polémicas.
8 comentários:
Meu caro, pragmática utilitarista e moralzinha rançosa são todas muito espirituais quando se trata de defender a sua "causa"... e não diferem muito quanto a objectivos.
É verdade... qual é a causa desta vez...?
Mas já que falaste no assunto até aproveito para te perguntar o que pensas de umas coisas...
Não falo no caso do aborto porque não vale muito a pena. Na prática não há grandes alternativas. Ou se é favor ou contra. O resto são reflexões sob o mundo e pequenos irritanços com tanta alegria por uma coisa tão triste mas mais nada... (os irritanços por tristeza da coisa parecem-me mais fictícios e hipócritas, ainda assim dos que os irritanços com a alegra militância libertária do voto).
Queria-te perguntar o que pensas da acção barqueira “;O))
Eu ao princípio pensei uma coisa mas neste momento tenho outra ideia...
Sabes o que acho? Como estratégia de manobra de diversão, provocação e confronto político foi um achado! Fizeram o pleno. Prometeram umas coisas dúbias e ilegais mas praticamente impossíveis de controlar, foi-se atrás dessa oferta impraticável e absurda porque nunca seria uma medida popular e social como se apresentava e, na volta, ganharam a missão da propaganda ";O))
E isto sem precisarem de se comprometer com nada.
Um Greenpeace altamente especializado no absurdo do efeito mediático. E sabendo que o social a sério já era. Qual trabalho de campo, qual estudo médico ou estatísticas ou informação ao povão...
O “social” hoje em dia é media e mainada “;O)))
Qual barco??... :O|
Deixei de ver televisão e ler jornais. Sobre assuntos aí vertentes, confio nos teus pareceres, ó Zazie. :O)
Mas abres-me a curiosidade: Alguma traineira que se afundou?...:O'
Dragão
(posto "anonimamente" porque o ciber-filho da puta continua a sua cruzada contra mim!...)
ehehhehe, és tão doidinho ":O)) mas as minhocas voltaram a atacar? é? ":O)))
danadas essas fuinhas...
bem esgalhado
jpt
olha só... agora o cabeçalho encolheu e o template ficou bonito... são elas?
":O?
então? como vai esse combate? ehehehhe
Fulgurante e necessário estilo! Limpador de bafientas teias de merdosas aranhas!
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