sábado, julho 10, 2004

Mais Marteladas...


«Tenho o maior respeito pelo ideal ascético, desde que seja sincero! Desde que seja convicto e não uma farsa! Mas não suporto todos esses percevejos dengosos que têm a insaciável ambição de cheirar o infinito até que o infinito acaba por cheirar a percevejos; não suporto jazigos caiados a imitar a vida; não suporto todos esses fatigados e alquebrados que se vestem de sabedoria e lançam olhares "objectivos"; não suporto esses agitadores mascarados de heróis que trazem nas cabeças de alho chocho o ideal sob a forma de capuz da invisibilidade; não suporto também esses artistas ambiciosos que querem dar-se ares de ascetas e sacerdotes e no fundo são apenas trágicos palhaços; e não suporto também esses mais recentes especuladores do idealismo, os anti-semitas, que reviram os olhos muito dignos de cristãos-arianos e me fazem perder a paciência pelo abuso do que há de mais reles, a atitude moralista, como meio de agitação para sublevar os elementos bovinos do povo.»
- Diz o senhor Nietzsche, e diz muito bem. Subscrevo. Faço minhas as palavras do orador precedente. Lanço daqui um "Viva a Filosofia!" e quero que os fariseus todos deste mundo -que são muitos - vão pró diabo que os carregue!
Onde é que ele tece tão sábios comentários? Ide à "Genealogia da Moral", ide lá ver. Sem algazarras, nem deslumbramentos! E dizei ao porteiro que ides da minha parte. E ficai de pé, verticais, que é assim que os homens devem ser. Para poderem encarar o céu. Para poderem receber, com igual dignidade, a luz ou o raio.

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