Puseram-me a questão no outro dia: "Afinal, ó Dragão, tu és de esquerda ou de direita?..."
Bem, sou nacionalista, não sou ateu, acredito na família heterossexual, não acredito no progresso material nem na ciência milagreira; não acho que o ser humano seja um bom selvagem; considero que a coisa mais estúpida que há no mundo é a multidão; julgo que a melhor e mais válida das leis é o exemplo; abomino burocracias e superficialidades; penso que o regime ideal seria a "aristocracia do espírito", tendo como paradigma um misto de Aristóteles e Jesus..."
-"Bem, isso não é lá muito de esquerda!", dir-me-ão vocês, cobertos de razão.
Mas por outro lado, sou visceralmente anti-burguês, anti-capitalista, não suporto religiões monoteístas arrebanhadoras, acredito sinceramente na fraternidade como factor fulcral de civilização, desprezo o individualismo venal tipo self-made-filho-da-puta, julgo que o dever supremo dum homem é tentar legar um mundo melhor aos seus filhos e combater a injustiça deste mundo...
-"Pois, e isso, decididamente, não é nada de direita!", dir-me-ão vocês,
agora perplexos.
Olhem, se não percebem, façam como o Caguinchas diante da mesma resposta...Olhou pra mim, numa mescla de piedade e resignação e, graças aos portentosos dotes lógico-dedutivos que se lhe reconhecem, concluiu:
-"Portanto, és um Quixote!..."
É isso mesmo.
E sobre este assunto, estamos conversados.
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