Despresentação

«Lula da Silva diz que "Presidente de Portugal merecia mais respeito" de Bolsonaro»

Se vamos entrar em questões de respeito, temos que partir do essencial para o acessório: primeiro, quem merecia mais respeito da parte dos seus putativos representantes era Portugal. Uma vez que estes não lhe manifestam grande respeito, se é que algum, então não nos admiremos que terceiros lhes votem, aos putativos, idêntica ou superior desconsideração. Se não respeitam a própria função, como hão-de esperar que os respeitem a eles? Considero, pois, não apenas legítimo, como justo, o desrespeito. E quanto pior, em bom rigor, mais justo. E seja qual for o sujeito. Da parte de lá ou de cá. No caso, tratando-se do presidente do Brasil em exercício - e não vou discutir aqui as qualidades ou desqualificações do fulano - a verdade é que se trata do representante dum país medianamente soberano. Posto diante da sua antiga potência fundadora e colonizadora, agora convertida em vassalo a soldo de neo-colónias, por muito pouco fotogénico mediaticamente que seja, até ele há-de experimentar uma certa repugnância e uma premente gana de vómito no estômago.

Que o Brasil mereça melhores representantes que Bolsonaro ou Lula, sem dúvida. Mas ainda que mal representado, sempre é uma representação. Tomara Portugal. Nem mal nem boa: nenhuma. Foi tomado por representantes da EURSS, dos Estados Ungidos, da Parvagónia e do Exturquistão. Um verdadeiro regime de despresentação.