Antigamente, aqui há um bom par de anos atrás, a esquerda correspondia a uma espécie da roulotte de farturas atrelada ao PCUS (Partido comunista da União Soviética), ou ao PCRPC (partido comunista da república popular da China). Ambas as roulottes vendiam farturas, mas, como competiam pela clientela, segundo as formosas leis do mercado, odiavam-se e engalfinhavam-se fanaticamente. Talvez com a mesma intensidade e rancor com que moviam batalha às mais básicas formas de racionalidade, memória e sentido de higiene. Confesso que nunca me despertou grande interesse, a esquerda, bem como qualquer roulotte em geral. Mesmo aquelas do caldo verde com chouriço, passo bem sem elas e evito o mais possível. Portanto, longe de mim ser um especialista na "esquerdologia" ou "sinistrolália", ou, dito ainda em bom grego, eskaioscopia . Não sou. E quanto a pornografia, sempre preferi a clássica pictórica à conceptual abstracta.
Só que, actualmente, mesmo para um tipo distraído com outras coisas, desinteressado militante e mirando de longe, a esquerda está - não direi virada do avesso (porque avesso do avesso quase que daria nem sei bem o quê), mas - completamente de pantanas. Isto é, a roullote de farturas, já não vende farturas, nem farturinhas, agora apenas oscila entre a sala de chuto assistido, durante o dia; e o WC para sem-abrigos mentais incontinentes, durante a noite. Dito de um modo mais simples, antigamente era um bombom com recheio de merda; agora é apenas merda sem cobertura alguma. Mas o espírito de roulotte, esse, continua: só que, doravante, atrelada ao Partido Democrático americano. Deve ser por isso que agora já nem precisam de disfarçar.
PS: A razão porque nunca me aproximei muito da esquerda? Tenho um bom sentido de olfacto. E aquilo avisa a quilómetros. Então agora... mesmo ceguinhos voluntários e inveterados só pisam e se emporcalham todos se quiserem.
PS2: Já agora um pouco de erudição para amenizar o ambiente: esquerdo, no grego skaios (os etimologistas apontam ao basco, mas não estou a tratar da etimologia, refiro-me apenas ao termo grego), significava muito adequadamente, além de esquerdo (lado esquerdo), acidental, de mau agouro, parcial, inútil, ignorante, grosseiro. E referiam a "esquerdice" - skaiosyeh, como inabilidade, idiotice, loucura, estupidez, grosseria. De facto, os gregos sabiam-na toda!
PS3: E não me venham os toxicodependentes da treta e do mau costume com a objecção que a direita é a mesma merda. Aviso já, isso não vale como objecção: é mera constatação ao espelho. Coquetterie esquisita... Auto-ódio.
8 comentários:
O que é que os EUA pensam ou querem da sua guerra contra a Rússia na Ucrânia?
Em qualquer momento ao longo dos anos de 2014 até 2022 os EUA poderiam ter feito um acordo diplomático com a Rússia que teria:
1º- Evitado/encerrado a guerra potencial ou de facto na Ucrânia, salvando assim dezenas de milhares de vidas ucranianas e russas e centenas de biliões de custos econômicos e a destruição da Ucrânia;
2º - Permitido à população russa dos Donbas um grau substancial de autonomia política e administrativa em relação ao governo hostil de Kiev;
3º - Permitido que o histórico território russo da Crimeia permanecesse sob controle russo, de acordo com os desejos da esmagadora parcela de sua população de língua russa;
4º - Mantido a OTAN fora da Ucrânia e os seus mísseis longe da soleira da porta da Rússia;
Removidas as bases de mísseis da OTAN dos antigos países do Pacto de Varsóvia, (Polónia e Roménia), para onde a OTAN se expandiu em violação da promessa solene de Washington feita na época da reunificação alemã de não alargar a OTAN "uma polegada sequer que fosse para o leste contra a Rússia"...
... isso teria aumentado a segurança nacional dos EUA e da Europa, e permitido que o próspero comércio pacífico da Europa com a Rússia continuasse e teria evitado a actual praga global do aumento dos preços da energia e dos alimentos causada pela Guerra das Sanções?
Sim, teria.
Coloca-se então a pergunta, afinal o que é que os EUA/OTAN e UE querem da Ucrânia e da Rússia?
Querem a paz, a guerra ou a destruição da Rússia contra tudo e contra todos, sejam quais forem os custos e consequência contra a humanidade?
O fato é que, após o discurso de ontem de V. Putin, a frase "jogo final desastroso" é pouco adequada para descrever o cenário apocalíptico que se coloca aí agora, no concreto e no real, á frente para a Europa e para o Mundo.
O discurso de Putin sinalizou que a relativa contenção da "Operação Militar Especial" (SMO) da Rússia na Ucrânia acabou agora, e o que está para vir é uma guerra política e militar total, em larga escala, que só pode terminar em mais e maioríssimas calamidades para a Ucrânia, para OTAN e para o Mundo:
No seu discurso V. Putin afirmou que vai agora:
A. Mobilizar todo o PIB da Rússia, que é pelo menos 15X maior do que o que resta da Ucrânia;
B. Mobilizar 300.000 reservistas e duplicar os efectivos actuais das forças armadas russas;
C. Abandonar a política de não atacar a rede elétrica civil da Ucrânia e o sistema de transportes ferroviários, que têm sido cruciais para a sobrevivência da Ucrânia até ao momento e para o fornecimento maciço de armas do Ocidente através da fronteira ocidental e através da rede ferroviária interior;
D. Preparar-se para integrar na Rússia as duas repúblicas separatistas de Donbas no Leste e as regiões de Kherson e Zaporizhzhia no sul da Ucrânia, depois de convocados os referendos (21 a 29set), que transformarão, em termos de direito internacional, a guerra num ataque concreto da OTAN à Rússia propriamente dita.
Kiev e Washington estão já aos gritos a dizerem que esses referendos são "farsas", mas o fato é que essas regiões são na quase totalidade habitadas por populações que falam russo e que não têm qualquer amor ou lealdade ao governo anti-russo e pró americano de Kiev, que já se candidataram à cidadania russa em grande número e que, de qualquer forma, temem mais a vingança do serviço militar e secreto ucraniano, muito mais, do que temem os russos.
Dito de forma diferente, as populações das Repúblicas Donetsk (DPR) e Luhansk (LPR) e as das regiões de Kherson e Zaporizhzhia não estão implorando para serem "libertadas" pelos exércitos ucranianos, antes pelo contrário.
De facto, a esmagadora parcela das populações (75-90%) dessas regiões votou pelo candidato pró-Russo em todas as eleições presidenciais realizadas na Ucrânia desde sempre, logo a seguir ao colapso da ex URSS em 1991.
Ou seja, votaram sempre, claramente ou implicitamente, pela partição de um país que nunca existiu, até que foi politico montado ou fabricado pelo governo tirânico de Lênin, Stalin e Khrushchev, após 1922.
Ao fazerem isso, destruíram as fronteiras históricas que tinham sido aprovadas para a "Nova Rússia" e assim continuaram por mais de 200 anos, até serem destruídas pela ex URSS, por caprichos e conveniência de governação.
Mas agora, em questão de semanas, as fronteiras da Ucrânia serão restauradas ao status quo pré-Segunda Guerra Mundial.
Seja justo ou não, a votação será esmagadoramente a favor da separação democrática e da integração na Rússia daquelas regiões, a pedido dos povos da "Novorossiya"; Putin indicou que essas regiões se tornarão novamente territórios formais russos.
O que isso significa, por sua vez, é que a guerra da OTAN em apoio ao regime de Kiev se tornará uma guerra explícita da OTAN no território da Rússia, contra a Rússia.
Tudo isto certamente conduz a um sangrento e desastroso fim de jogo, de consequências bíblicas.... tudo obra e arte dos EUA/NATO/UE.. quem escreveu a Bíblia ou a vai escrevendo.... sabe muito bem o que planeia e quais as suas saídas... e lá o fim do jogo chama-se Armagedon...
Moscovo vai tirar ou já tirou as luvas diplomáticas com que tem conduzido esta situação... face ao discurso de Vladimir Putin... e, muito provavelmente, vai avançar com medidas que deveria ter tomado logo de ínicio, ou seja, vai certamente acabar com o pátio de recreio político militar da Ucrânia e dos EUA/NATO/UE, e vai inactivar a rede de distribuição elétrica e o sistema ferroviário da Ucrânia.
O fluxo maciço de armamentos ocidentais, que manteve Kiev no jogo até agora, será drasticamente reduzido, e a população civil nas áreas controladas por Kiev será deixada em situação crítica, preparando-se para tremer no escuro e no frio do inverno ucraniano se aproxima.. .
Nem a suposta vitória surpresa das forças ucranianas na área de Kharkiv nas últimas semanas mudará o cenário.
O que isso realmente conseguiu foi o sacrifício escusado de milhares de tropas ucranianas, num aparente ataque fraco a Kherson, no sul, a fim de recuperar alguns milhares de quilômetros quadrados de estepe aberta, pouco povoada ao redor de Kharkiv.
Mesmo assim, o suposto recuo às pressas do exército russo não foi e nem é nada daquilo que tem sido reportado.
Aquela área tinha sido ocupada e defendida pelos voluntários pró russos, ligeiramente treinados da República de Luhansk, e não pelos profissionais treinados das forças armadas russas.
Agora que o exército ucraniano expulsou os voluntários de Luhansk e ocupou essas terras abertas das estepes, basta ao domínio russo da guerra aérea e de artilharia cercar os supostos vencedores ucranianos, pulverizá-los do ar e através da artilharia de longo alcance, o que está a ser feito e assim continuará; nem tudo o que parece é.
Ou seja, em poucas semanas a "vitória ucraniana " diluir-se-á no vazio, excepto uns milhares de mortos de ambos os lados, como tantos outros supostos contratempos à causa russa.
As notícias serão sobre a brutalidade dos ataques russos à infraestrutura de produção e distribuição de energia e transportes na Ucrânia mas, a vida civil nas partes controladas por Kiev estará à beira do colapso e o regime em Kiev estará em suporte de vida virtual de Washington.
Em suma, o fim dum potencial acordo diplomático, que poderia ter sido feito há muito tempo, como os de Minsk por exemplo, sempre proibidos e inviabilizados pelos EUA, acabará numa partição desfavorável da Ucrânia, deixando Kiev e as regiões ocidentais na área de influência da OTAN, como um estado falido, e com uma escalada da guerra já com o envolvimento militar directo da OTAN, que deixa o mundo à beira da guerra nuclear. (a acontecer neste momento..)
Quando o inverno chegar, o que é que vai acontecer na Europa carente de gás e outros combustíveis, e com o espectro dos mísseis nucleares, de repente, do nada, sem hipótese de defesa, poderem começar a cair... no espaço europeu e claro nos EUA... o que é que vai acontecer à UE??
Por David Stockman, congressista de dois mandatos de Michigan, diretor do Escritório de Gestão e Orçamento sob o presidente Ronald Reagan, com uma carreira de 20 anos em Wall Street.
Ó dragão,não percebes nada. É simples:
A esquerda saiu do armário!
Olhó o Ildefonso...
Bem aparecido e bem dito.
Quando esgrimes um post?
Estou assoberbado com ucranianas. Esta guerra é uma mina!...
HeHeHe!
Slava Ukraini!
"Como é que se transforma um partido de centro direita em extrema direita?
Fácil, basta transformar a extrema esquerda em esquerda democrática."
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