quinta-feira, junho 03, 2004

PARA QUE SERVE?... (Resposta à Zazie)



A estimada Zazie deu-se ao trabalho de comentar e fazer perguntas, pelo que me compete a amabilidade de responder.
Cara Zazie,
Aquilo que era politicamente correcto ontem, é politicamente incorrecto hoje e vice-versa. Nada nos garante que daqui a bocadinho não mude e cambalhoteie de novo. Também varia de país, região, regime, raça, credo e classe social. (Eu sei que raça e classe não existem, mas há cismativos que porfiam e pessoas pouco cultas duma maneira geral).
Este blogue nutre um desprezo olímpico por aquilo que se chama "política" no século XX. (Falo deste século porque é o "meu"; e como das minhas desgraças falo eu...) Se me chamarem "político", não é tão grave como chamarem-me "gay" mas anda lá próximo.
Eu posto (escrevo neste blogue) não com intuitos brilhantes, geniais, mentecapturantes do alheio, mas porque -e aquilo que- me dá na real gana. Espero que os meus digníssimos e beneméritos leitores me paguem da mesma moeda. Digam e comentem o que lhes dá na deles. Não estou preocupado com aquilo que pensam, nem estimo especialmente que pensem como eu ou como eu, às vezes, parece que penso. Estimo, sobretudo, que pensem. Aquilo que pensam e porque o pensam é lá com eles. Já fico feliz se ginasticarem a mioleira; não imponho regras nem exercícios. E fico ainda mais radiante se algo do que eu escrever servir para esse fim. Portanto, cara Zazie, se é isso que pensa, está muito bem pensado. Fico contente de tê-la estimulado a tão nobre faculdade e peço-lhe desculpa por responder desta forma genérica à pergunta específica que, julgo, me colocou.
Em todo o caso, a resposta à finalidade das coisas encontra-se quase sempre nas suas causas e origens. São as raízes que, invariavelmente, alimentam as belas ramagens das grandes árvores, tanto quanto os ramos retorcidos e espinhosos dos arbustos rasteiros. Que as mesmas nutram especial guloseima por esterco e podridão, isso já é outra história. Ou a mesma. A metáfora até nem é minha. Mas dá que pensar.

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