Passadas as férias e o entrudo de brincar, voltemos à vaca fria e ao sempiterno carnaval com sentido de estado...
Por conseguinte, se acompanhamos a lógica e a realidade subjacente, a Procuradora-Geral da República atirou-se aos subordinados. Começa já a bradar ao escândalo: Ninguém como eles tem descredibilizado a instituição.
Ou então, situação mais perversa, atirou-se àqueles que pretendem concorrer deslealmente com os subordinados (mais conhecidos pelo pomposo e solene epíteto de magistrados do Ministério Público), na descredibilização da instituição.
Ora, no estado actual da romaria, cada instituição (chamemos-lhe assim, para simplificar) detém o exclusivo do seu próprio descrédito. Digamos que é plenamente soberana e auto-suficiente no seu próprio desabono. O Presidente da República auto-desacredita-se; o Governo auto-desacredita-se; o parlamento, idem; e o Ministério Publico mai-la justiça em geral, a mesma coisa. Chama-se a isso "separação de poderes". E está muito bem visto e superiormente testado na experiência. Os fulanos que confabularam isto foram uns artistas. De facto, ninguém como as pessoas instaladas nas instituições para as desacreditarem com toda a força, pundonor e competência de que são capazes. Aliás, é essa a sua função e mister, segundo o quadro geral desta administração. Mas tudo muito bem arrumadinho, como os macacos no galho, cada qual no seu. Não esquecer: O Presidente desacredita a Presidência; O Primeiro-ministro e os acólitos ministeriais desacreditam o Governo; os deputados desacreditam o parlamento; e os magistrados (pró vertente caso) desacreditam o Ministério Público. A toda essa organização, concertada, devotada e juramentada ao descrédito nacional (e internacional), chama-se República portuguesa. Mais aperfeiçoadinho que isto é difícil.
Todavia, por maior que seja a bela, teima sempre o senão. E este, ao que tudo indica e as notícias não se cansam de assinalar, é que os institucionalizados despistam-se grosseiramente, desatam a saltar os limites comuns e largam a esgravatar o descrédito uns dos outros. Em matéria de poderes, resvala-se, assim, da separação mimosa para a promiscuidade enxovalhante. Não contentes de desacreditarem a sua instituição, os inefáveis inquilinos, desatam a tentar desacreditar também as dos vizinhos, na paródia simuladora de Estado em que se recreiam e nos desfrutam. Neste dispêndio frívolo e supérfluo de energias e expedientes, importa principiar por dizer que ficamos sem perceber muito bem se o fazem por acreditar, um tanto ou quanto candidamente, que se desacreditam ainda mais a si próprios na proporção em que desacreditem atabalhoadamente os outros (a chamada crença no descrédito partilhado), ou se o desferem por mero e olímpico desprezo, muito típico entre nós, dos incrustados vitalícios (geralmente intitulados "de carreira") pelos alapados de ocasião e arribacinha (vulgarmente denominados "eleitos") [Nota abrupta ou nem tanto: um pouco como aquela quezília entre os do quadro e os milicianos, na tropa fandanga em estágio para abrilampos].
Porém, a verdade é que existe um outro factor não despiciendo a concurso. Uma instituição que, não o sendo, age como se sobranceira e supervisora de todas elas: a famosa comunicação social. Sendo, por incrível que pareça, a mais desacreditada e insaciavelmente obcecada em cobrir-se de descrédito, arvora-se, não obstante, como, em cúmulo, o farol e a campainha do andor; proclama-se a sancha padroeira da romaria. Tratando-se, sem sombra de dúvida, da mais venal, fraudulenta, prostituída e sabuja de todas, por lógica intrínseca à missa negra republicada, desempenha, no entanto, o vaso nocturno da virtude, a santa inquisição da moral e o preboste-geral dos costumes. Pode parecer, um fenómeno destes, um absurdo completo. Mas apenas ao cidadão incauto e menos esclarecido. Porque, com patente, alvará e franchising autorizado, a este aleijão disforme, badalhoco e obsceno, fruto do cruzamento patibular entre a aberração e o tráfico, chamam, os anabaptistas e luzecus de plantão, democracia. Isto, caso ninguém tenha reparado, está de tal forma genialmente entretecido que, mesmo quando parece descarrilar a todo o vapor, na verdade eis que desemboca num degrau superior de virtude.
Depois, cereja no topo do bolo, no seu estrénuo afã de se desacreditarem, todas as instituições da república, como que tomadas de idêntico frenesim devassante, cedem à vertigem do descrédito em modo turbo (e turba), demandando o descrédito generalizado e galopante: o Presidente da República albarda-se de comentadeiro e comunicador; o governo despeja-se pelas agências de puxa-sacos e bajula-tachos de serviço abaixo; o parlamento multiplica-se em poses, alaridos e funambulices para os jornais e televisões; e, finalmente, a magistratura cata-pentelho e mata-segredos vive em união de facto com a pasquinaria derrancada à bica da incontinência e do escandalinho da porcalhota. A isto, a um estropiciário destes, chamaria qualquer extraterrestre recentemente chegado ao planeta, um estado geral de rilhafoles. Os doidos varridos instalados na administração, no entanto, preferem chamar de "estado de direito". Há forma de escapar a um primor destes?
Serve este postal como forna de denúncia ou protesto? De maneira nenhuma. Quem sou eu para bulir ou contender, sequer com uma flor, com perfeições destas?
Vamos lá a atentar na realidade, fria e crua: a República actual, real, concreta, consiste num conjunto de expedientes, pretensamente legais, anedoticamente racionais, de descredibilizar as instituições e esvaziar os poderes. É um sistema de governo cujo poder emana do povo? Sem dúvida. E em forma de cortejo alegórico itinerante. É o regime adequado ao rectângulo? É o que temos... um regime, aliás, duplo: de carnaval (perpétuo) e de internato (sob vigilância externa).
A mim sobra-me apenas uma questão: com esta minha idade, vou emigrar para onde?
PS: Um breve nota de rodapé: até aqui parece que a esbirraria compenetrada fazia arrastões em busca de provas; ao que tudo indica, apuraram o engenho: agora já lançam mega-arrastões à cata de indícios. Dizer que a montanha pariu um rato denotaria claro exagero: não era trabalho de parto; eram gases.
8 comentários:
Falando de gases. Ao fim destes últimos 50 anos parece poder-se concluir que os tão famosos "ventos da História" que nos roubaram o Ultramar e o desígnio nacional, não passavam disso mesmo, gases.
Para Trás-os-Montes.
Longe da parvónia.
«Para Trás-os-Montes.»
Já esteve mais longe.
Terra das gentes rijas, e junto à raia... muda-se rápido de ares sempre que necessário.
O senão: o clima é de extremos, tanto no Inverno como no Verão.
E esta?
https://o-tradicionalista.blogspot.com/2024/02/quem-sai-aos-seus.html
Quando eu falo que o conluio globalista é Nazi-Judeu. Muitos ainda não caíram na real.
Prezados, suspeito que a sociedade seja o organismo mais complexo de todo o universo e recordo: há quem diga, que, quando parece estar ausente poderá estar (apenas) a mudar de mãos (coisa que leva sempre o seu tempo)
Grande Abraço ao Dragão (Day after day, Alone on a hill ...)
Renegado!
«I am he as you are he
As you are me and we are all together.
See how they run like pigs from a gun,
See how they fly, I'm crying.»
O que se passou na Região Autónoma da Madeira (RAM) é um exemplo de como actuam os liberais/maçonaria a partir do momento em que se apoderam do aparelho de Estado para os seus fins.
Os Portugueses devem reflectir sobre tudo o que lá ocorreu.
Chegam ao ponto de enviar para a Madeira parolos que recrutam em Portugal Continental, metem-nos a trabalhar nos quadros do Estado (militares, professores(as), e outras categorias), que enquanto estão lá a receber os salários pagos com o dinheiro dos Portugueses dedicam-se a minar o Governo Regional e a recolherem informações.
Vão para lá prejudicar os Madeirenses que são tão Portugueses como os do Continente, meter-se nos assuntos internos daquela Região e suas localidades, como fazem em Portugal Continental quando são expulsos ou deslocados das Vilas e Aldeias para as Cidades.
A Regionalização/Federalismo tem de ser implementada em Portugal.
«...No Consulado de Lisboa no Funchal, existe um funcionário da Beira Litoral que se gaba de ter sido o “bufo” em questões que estão ainda por apurar. Mais um que cospe no prato que lhe dão a comer...» - Alberto João Jardim
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