Auxiliar de memória

           

                                                                           Abyssus abyssum invocat

 “We're waging an all-out economic and financial war on Russia. We will cause the collapse of the Russian economy. The Russian people will also pay the price.” - Bruno Le Maire 

(...)

“we will continue on a remorseless mission to squeeze Russia from the global economy piece by piece, day by day and week by week.”  - Boris Jonhson

1.Está bem que agora, no Combinado Oeste, cancelou-se a memória. O mundo está instantaneamente a começar. a auto-gerar-se, num fast Big-bang, de acordo à mais recente notícia - leia-se: afluxo menstrual de propaganda. É todo um universo de conveniência. O passado só conta a partir de onde interessa e o que interessa... À propaganda.

2. Está bem que o princípio da causalidade também foi cancelado: as causas não têm efeitos; as acções não implicam  reacções.

3. Está bem que o princípio do determinismo também foi cancelado. A constatação empírica dos mesmos actos implicarem as mesmas consequências já era. Agora insistimos nos mesmos actos até chegarmos a diferentes consequências. Opostas, aliás. O método infalível consiste em repetir cada vez mais depressa, com cada vez mais força e cada vez mais às cegas. A fezada virou dogma instantâneo. E efervescente.

4.  Está bem que o princípio da contradição também foi cancelado. A mesma coisa e o seu contrário coexistem pacificamente no mesmo momento.

5. Está bem que a capacidade de dedução com base na experiência e na constatação regular dos mesmos efeitos sob as mesmas condições, em suma, o método científico, também foi cancelada. Agora deduz-se, intui-se e conclui-se com base exclusiva na emoção, na crença colectiva, no preconceito instilado e no humor do momento (devidamente pré-condicionado). 

6. Está bem que qualquer tipo de análise fria também foi cancelada. Agora repete-se um mantra qualquer, exibe-se uma excitação, uma exaltação, uma indignação; balbucia-se não sei que banalidade recorrente e ulula-se uma monomania qualquer de descarregar pela boca.

Mas, mesmo assim, gostaria de relembrar o seguinte: aquilo que ficou registado nas citações (entre muitas outras, coevas, de idêntico jaez que poderia acrescentar) em epígrafe tem um nome (bastante antigo, aliás):  Hubris. E o cancelamento, diga-se, já agora, só funciona na fantasia woke e na propaganda, passe a redundãncia. E não é por chusmas de papagaios e servos do prelo avençados o repetirem ad nausea que isso o torna efectivo ou sequer imune às leis cósmicas que regem desde o princípio dos tempos. Portanto, as causas ocasionam efeitos e as acções desencadeiam reacções. É assim. Sempre foi assim e há-de continuar a ser até ao fim dos tempos. E o resultado da Hubris espreita já aí, em pleno, ao virar da esquina. E começou já a manifestar-se para todos sentirmos e não apenas pressentirmos (fora, naturalmente, todos os principais autores da cegada, para quem, em absoluto, pimenta no cu dos outros é refresco). Fica apenas o aviso: quando o traseiro vos estiver a arder, se ainda vos ocorrer a treta de que a culpa é do Putin, então é caso para dizer: Bem feita! Se trocastes o orifício de baixo pelo de cima, e teimais em despejar pela boca o supositório ideofrénico que vos enfiam, à bruta, pelo cu, abençoada Némesis! Bendito lumaréu!...

Depois, há ditados antigos, sobre o assunto:

«Quem semeia ventos...

ou "Cuidado com o mal que desejas, não te venha um dia bater à porta".