terça-feira, junho 28, 2022

Como destruir a Rússia

 O que se segue é retirado dum artigo de 2019, acerca dum documento, também de 2019, elaborado pela Rand Corporation, um dos principais tinque-tanques do rilhafoles americórnio. Se repararem bem, é a receita completa para o actual cozinhado no Leste Europeu.


«According to their analysts, Russia remains a powerful adversary for the United States in certain fundamental sectors. To handle this opposition, the USA and their allies will have to pursue a joint long-term strategy which exploits Russia’s vulnerabilities. So Rand analyses the various means with which to unbalance Russia, indicating for each the probabilities of success, the benefits, the cost, and the risks for the USA.»

1. Rand analysts estimate that Russia’s greatest vulnerability is that of its economy, due to its heavy dependency on oil and gas exports. The income from these exports can be reduced by strengthening sanctions and increasing the energy exports of the United States. The goal is to oblige Europe to diminish its importation of Russian natural gas, and replace it by liquefied natural gas transported by sea from other countries.

Comentário: Seguiram a receita à risca. Não está a resultar (tirando a parte da estupidez europeia, que correspondeu na perfeição), mas como só conhecem esta receita, insistem. E vão insistir ad nausea. A peça pode ser quadrada, o buraco redondo, mas o chimpanzé não desiste.

2. Another way of destabilising the Russian economy in the long run is to encourage the emigration of qualified personnel, particularly young Russians with a high level of education.

Comentário: As Pussy Riots? E mais quem?...A prole dos oligarcas entretanto falecidos?...

3. In the ideological and information sectors, it would be necessary to encourage internal contestation and at the same time, to undermine Russia’s image on the exterior, by excluding it from international forums and boycotting the international sporting events that it organises.

Comentário:  Mais uma vez, receita seguida com fervoroso fanatismo culinário. A questão é que, no fim do dia, a Rússia está a ficar mais popular no "resto do planeta", ou seja, perante três quartos da humanidade quem está cada vez mais isolado e mal visto é o arrogante e destrambelhado Ocidente.

4. In the geopolitical sector, arming Ukraine would enable the USA to exploit the central point of Russia’s exterior vulnerability, but this would have to be carefully calculated in order to hold Russia under pressure without slipping into a major conflict, which it would win.

Comentário: Novamente a receita. Armaram a Ucrânia, treinaram e zombificaram os ditos cujos, mas o conflito rebentou e, sim, como diz a receita, os Russos vão ganhar. Portanto, começa a cheirar já a esturro, o petisco. E como estão a escalar todos os dias, e tresloucadamente, corre-se mesmo o risco de deitar fogo à cozinha.

5. In the military sector, the USA could enjoy high benefits, with low costs and risks, by increasing the number of land-based troops from the NATO countries working in an anti-Russian function.

Comentário:   Sempre a receita... E os vassalos caninos, digo, aliados, estão lá para isso e mais que seja, e não param de ladrar ao urso.

6. The USA can enjoy high probabilities of success and high benefits, with moderate risks, especially by investing mainly in strategic bombers and long-range attack missiles directed against Russia.

Comentário:  Aqui a receita está um pouco a oeste da realidade de 2022: a tecnologia de mísseis/contra-mísseis, e a espacial dum modo geral, dos russos é superior à dos USA. 

7. Leaving the INF Treaty and deploying in Europe new intermediate-range nuclear missiles pointed at Russia would lead to high probabilities of success, but would also present high risks.

Comentário:  Deve estar aí a rebentar este passo da receita. Mas um tal excesso de picante, é mais que certo, tornará o prato intragável.

8. By calibrating each option to gain the desired effect – conclude the Rand analysts – Russia would end up by paying the hardest price in a confrontation, but the USA would also have to invest huge resources, which would therefore no longer be available for other objectives. This is also prior warning of a coming major increase in USA/NATO military spending, to the disadvantage of social budgets.

Comentário: Esta, de tão evidente, recorrente e verificada, dispensa mais comentários.


This is the future that is planned out for us by the Rand Corporation, the most influential think tank of the Deep State – in other words the underground centre of real power gripped by the economic, financial, and military oligarchies – which determines the strategic choices not only of the USA, but all of the Western world.


Falta apenas dizer que estes cromos da Rand Corp, como os da generalidade dos Tinque-tanques americórnios, percebem geralmente corno das questões geopolíticas que dissecam. O que fazem é corresponder a quem lhes paga (o Governo Americano e certos oligarcas lá do sítio) com fatos e receitas à medida dos seus aleives e fantasias. "Sai uma Rússia de fricassé?... Não está-me a apetecer antes em hamburguer!..."

Lendo um pantagruel destes, fica no ar um aroma que se resume numa palavra: Hubris.

8 comentários:

Anónimo disse...

Destruir a Rússia... Não será fácil, mas quem sabe...
Com o aquecimento global, imagino que aqueles milhares de km de costa com vista para o Ártico vão dar espaço para muito aldeamento algarvio. É contratar uns autarcas do Rectângulo e fica tudo alcatroado em 2 anitos.
Se não correr bem e se a Rússia não achar piada a ser destruída, teremos sempre o consolo que não fizemos pior do que outros.
Pelo sim pelo não, talvez seja melhor o Marcelo e o Costa irem construindo um bunker, dá bons filmes mais tarde.

Miguel D

dragão disse...

"Northeast Passage"
https://www.businessinsider.com/china-begins-using-arctic-shipping-route-that-could-change-the-face-of-world-trade-2013-8

A rota do Urso. Se calhar, uma das razões porque o tal "Ocidente" anda histérico.

Anónimo disse...

Adoro a isenção fanática e a ideologia do martelo e da foice. A liberdade possui esta receita. O direito a ter opinião. No entanto há um elemento que não consigo entender. Cito, "Mais uma vez, receita seguida com fervoroso fanatismo culinário. A questão é que, no fim do dia, a Rússia está a ficar mais popular no "resto do planeta", ou seja, perante três quartos da humanidade quem está cada vez mais isolado e mal visto é o arrogante e destrambelhado Ocidente." Pergunta para um milhão de rubles ao Dragoscópio! Se é um fervoroso adepto incondicional da mãe Rússia e abomina o Tio Sam e o Ocidente, porque é que ainda se encontra a respirar o oxigénio destrambelhado ocidental em vez do ar puro e purificado de Sibéria??? Não consigo entender que uma pessoa que ama a sua pátria assim, podendo usufruir e gozar a plenitude do popularismo no "resto do planeta, continue na fronteira do cada vez mais isolado??? Hipocrisia medíocre.

dragão disse...

Uma vez sem exemplo , vou responder a esse seu arrazoado.
1. Se adora o martelo e a foice, problema seu.
2. Se o melhor que sabe é essa falácia rasca (ex concessis ; tem outro nome mais popular, mas arranje explicador e pague-lhe), em vez sequer de opinião, limitou-se ao ridículo.
3. A opinião não é um direito, nem sequer, na maior parte dos casos (o seu por exemplo) uma originalidade. A opinião é uma propriedade. Cada qual tem a sua. No caso dos indivíduos, bem entendido. Porque no caso das massas indiferenciadas e das chusmas telezombis, nem opinião há: apenas ruído por controlo remoto. Repetição.
4. Não sou adepto da mãe nem quero saber do seu tio para nada. Não estou é particularmente entusiasmado com a perspectiva de levar com uma ameixa atómica no toutiço por amor aos neoconas e coninhas de plantão. É simples. Sou adepto fervoroso da minha pele que, apesar de escamosa, ainda tem algumas limitações.
5. Porquê a Sibéria? Só sabe essa cassete? Deve ser do martelo e da foice. Se fosse para emigrar, sempre preferia a Crimeia. É mais o meu clima.
6. Como é que Vossência sabe que eu não moro no "resto do mundo"? E diz-se popularidade, não é popularismo. Rubles? Isso é o quê, portuguesmente falando?
7. Hipocrisia medíocre? Quando muito seria incoerência, não? Dadas as premissas, seria essa a conclusão. Mas como o raciocínio é a martelo, a lógica... foice.

marina disse...

para esse senhor que não acredita que há mais mundo para além do oxidente
como verá , os "pretos" já pensam...

https://www.dn.pt/opiniao/o-que-sera-dos-brics-14971069.html

Anónimo disse...

"A rota do Urso. Se calhar, uma das razões porque o tal "Ocidente" anda histérico."
Não me admirava mesmo nada.

Ainda sobre a Rússia, aqui temos mais uma ligação à problemática da perspectiva de género: https://observador.pt/2022/06/29/boris-johnson-afirma-que-invasao-da-ucrania-e-um-perfeito-exemplo-de-masculinidade-toxica/

Cada vez me convenço mais que, como civilização, estamos a entrar no Grande Filtro. Resta saber quem se safa e consegue sair pelo outro lado.

Miguel D

dragão disse...

Essa da "masculinidade tóxica" é todo um programa. E o anormal é suposto ser "conservador"... Acho que temos que inventar um novo ponto cardeal... Algo fora de todos os outros e contrário a todos eles - um Nenheste, quiçá. È a pseudo-civilização actual outrora Ocidental: a civilizacinha do Nenheste. Ou do Nhanheste, para os mais pessimistas.

Vivendi disse...

De neocons vão acabar em neoconinhas.
O Mundo agora é multi-polar e hiper-sónico.
De Lisboa a Vladivostok também é um caminho a seguir e se calhar lá no fim desse caminho não haverá mergulhos nem selfies.
Tudo na vida são escolhas.