sábado, junho 09, 2012

Repórter Flash - Entrevista com A Comunidade Internacional



Alô ciber-especatadores! Cá estamos hoje, empoleirados num satélite em órbitra, donde a Comunidade  Internacional se entrega ao seu passatempo predilecto: espreitar massacres. Neste momento está excitadíssima com a Síria. Vamos tentar que intervale por breves instantes

Repórter Flash (RF) - Comunidade Internacional, quamndo é que um massacre pode ser considerado crime contra a humanidade?

Comunidade Internacional (CI) - Dito grosso modo, quando não é cometido a favor da humanidade.

RF - Quer então dizer que há massacres ou chacinas benevolentes, carinhosas, por conseguinte legais, e massacres, chacinas ou até genocídios malfazejos, celerados e completamente ilícitos?

CI - Sim, absolutamente. Existem massacres virtuosos e massacre criminosos. Uns são, de facto, acções civilizadoras, mundificantes; os outros não passam de horríveis e abomináveis atrocidades.

RF - E como é que conseguem distinguir uns dos outros?

CI - É muito simples: uns são os nossos; os outros são os dos outros.

RF - Portanto, se bem tosco  a lógica, um massacre é um crime contra a humanidade quando não é um massacre dos vossos. É isso?

CI - Pois. Evidentemente. Quando não são massacres humanitários, são necessariamente desumanitários. Hediondos. Hienofânticos!... É contra a humanidade tudo o que não é a favor dela.

RF - Em suma, é um crime contra a humanidade, sempre que não é realizado ou patrocinado, promovida e supervisionado por vocês...

CI - Sim, quando é perpretado com intenção de prejudicar os nossos planos, desígnios ou expectativas para o bem da humanidade.

RF - Percebo. A tremenda ilegalidade resulta de contrariar a humanidade, isto é, a Comunidade Internacional. Pode depreender-se daí que a humanidade e a Comunidade Internacional são uma e a mesma coisa?

CI - Há, digamos assim, uma identificação mesmerizante entre nós. Sou a sua legítima representante, sobretudo  em matéria de carnificinas. Donde deriva, igualmente, ser eu a sua porta-voz, baby-siter e tutora legal.

RF - Significa isso  que a "humanidade" não é uma entidade adulta?

CI - Completamente. É uma eterna criança, um bebé grande.  Uma perpétua adolescente, nos melhores dias.  Aliás, oscila sistematicamente entre esses dois estados. Ora infantiliza, ora adolesce.Tem fases.... Ciclos!... Geralmente económicos. Em fases expansivas, de euforia consumista, acha que sabe tudo, que pode tudo e nenhum obstáculo  a deterá; em fases de crise e contracção, enche-se de terrores, de dúvidas, de atávicas culpas: não sabe nada, não há futuro e o abismo, presidido pelo papão, aguarda ao virar da esquina para devorá-la.ou submetê-la à prostituição infantil. Ou à escravatura sexual de monstros, passe a redundância.

RF - Então, a Humanidade, para a Comunidade Internacional, é assim como um povo para o respectivo governo democraticamente eleito?...

CI - Exactamente, bem visto! Nós tomamos conta dos governos como os governos tomam conta dos respectivos povos nos diversos países.

RF - E eis o mundo todo explicado. Só falta saber uma coisa, ó Comunidade Internacional...

CI - Sim? Qual é?

RF - Quem é que toma conta de ti.

CI - The billion dollar question. A resposta não é difícil. Mas, automaticamente, é anulada com um carimbo: "teoria da conspiração". Aliás, a nossa metodologia, nesse aspecto, é um stalinismo invertido.

RF - Como assim?

CI - Então, o stalinismo tinha como estratagema operativo: "Dizer uma mentira mil e uma vezes até que ela se transforme em verdade". Nós é precisamente o inverso: "fomentamos, financiamos e facilitamos de todas as maneiras que se diga e repita a verdade, tantas e tantas vezes, até que ela pareça mentira." Os stalinistas era a verdade por saturação de mentiras; nós é a Mentira por saturação de verdade.

RF - Pois,  com a verdade nos enganas. 

E assim termina a nossa entrevista. A Comunidade Internacional tem que voltar ao buraco da fechadura das  vis desdemocracias (afinal, isto tem tanto de perversão quanto de transposição à escala global do mirone da violência doméstica que, não contente de espreitar, cisma ainda de participar); e nós temos que ir beber umas imperiais e rilhar uns tremoços. Uma boa puericultura a todos!...

4 comentários:

marina disse...

sabes o que eu que eu te digo? a comunidade internacional é mesmo adolescente , liga muito aos amigos .e nem percebe a história pq acha que os mais velhos são burros. qualquer adulta comunidade internacional perceberia que estamos perante a vingança dos não sei que holastaqueizados que pretendem atingir o seu hoalsteicazador barricado na ue.. evidente que todos que todos os elos da ue têm de cair até chegar ao verdadeiro objectivo , o crematório. e os palerminhas que vão caindo , grécia , portugal , espanha , têm um umbigo tão grande que nem percebem que apenas são um meio para atingir um fim. as opiniões selectivas dos "mercados" nunca te fizeram confusão ? a mim já não fazem.

Anónimo disse...

mas a comunidade internacional não é a ONU? ou só alguns membros destacados, melhor, auto-intitulados, tipo coalition of the willing?

dragão disse...

Marina,

discordo apenas do termo "barricado": acho que é mais para o "bunkerizado". :O)

Bic Laranja disse...

Olastaqueissados é bem apanhada. Olá se é. Ninguém diria.
Cumpts.