domingo, novembro 08, 2009

À beira da sepultura



O método analógico ainda é o melhor. Imaginando a civilização como um automóvel, a ciência corresponderia ao acelerador, a religião ao travão e a filosofia ao volante. Numa civilização saudável, como num conjunto motorizado em perfeitas condições de funcionamento e operação, prevaleceria uma harmonia entre os diversos órgãos de condução. Sem acelerador, a máquina não avança; sem travão, despista-se seguramente; sem o volante, não viaja nem logra um destino. Da mesma forma, o excesso de acelerador, como o excesso de travão, ou o excesso de guinadas no volante não constituem forma fiável de condução. No momento em que a nossa civilização, segundo dizem, despontou, na Grécia Antiga, posso garantir, um conceito congregava as obsessões daquela boa gente: equilíbrio. Vinte e muitos séculos depois estamos nos antípodas do nosso próprio berço: a actual cultura equivale a um veículo sem volante, quase sem travões e com o acelerador a fundo. Mais que à beira do desastre, eu diria que nos encontramos à beira da sepultura.

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