Do meu buraco, vejo (e desconfio que vós, dos mais esclarecidos, já terão visto também...) que da tamanha depressão nacional que por aí se propala, existe uma classe mais gravemente afectada do que as restantes...
Não, não se trata dos miseráveis trabalhadores por conta de outrém, já tão anestesiados dos maus tratos infligidos (e o governo havia de ser acusado deste crime público), que já se resignaram a aprovisionar tremoços e bejecas à espera do início do Euro (os jogos de preparação e as apresentações de equipamentos oficiais já têm sabor a preliminares enjoativamente prolongados, a ponto do orgasmo patriótico já começar a ser uma miragem, aos olhos de um povo tão pouco versado em sexo tântrico).
Falo-vos dos pobres empresários portugueses, cujo amor-próprio, de rastos, já nos provoca a pena, mirando os seus olhos fixos no vazio e as mãos trémulas, ao volante dos seus BMW's X5, Ferraris Modena e Mercedes Classe S.
Observam, desapontados, os seus veículos, obtidos à custa da exploração dos seus "colaboradores" alimentados a salários mínimos, dos desvios dos dinheiros da Segurança Social e da manipulação contabilística que lhes permite fugir ao papão do IRC, ano após ano, pensando que estes veículos, a casa com piscina e leões à porta, a pulseira, condizente com a volta em ouro maciço e o Rolex no pulso, apenas mais não são do que reflexos da sua própria pequenez.
Quando, lá fora, os empresários conseguem levar à falência gigantes da indústria alimentar, compram estúdios de Hollywood com recursos que não têm e levam ao desemprego milhares de trabalhadores de uma só vez, a miserabilidade do empresário português, que saca uns míseros popós com gestões danosas e deixa sem sustento apenas umas dezenas de famílias, reflecte a grave crise de ambição nacional.
E deprime.
Para um país na linha da frente, vamos ser ambiciosos: roubar, a partir de agora, é em grande!!!!!!
Sem comentários:
Enviar um comentário