Há notícias assim: de refinado recorte...
«Portugueses comem demasiado peixe? Quercus diz que sim e quer reduzir consumo»
Mais à frente somos devidamente esclarecidos. Em primeiro lugar, que comer peixe coloca em risco o planeta e pode convocar o apocalipse (afinal, tudo o que façamos, excepto suicídio sumário, pode despoletar uma catástrofe de proporções bíblicas). Mas o segundo lugar é que é mesmo apetitoso: somos informados, em detalhe, de quais as espécies de peixe que os portugueses mais debulham. A saber, e anotem bem: «o caranguejo, as lagostas, as amêijoas, os mexilhões, as ostras, os ouriços-do-mar, os corais e as lulas.»
Viram? Por um lado, denunciam o excesso voraginoso de peixe; depois revelam as vítimas principais e, pasme-se, nenhuma delas é peixe: apenas crustáceos, moluscos e bivalves. Ah, e os coitados dos corais. Andamos também a comê-los à bruta. Em resumo, e fazendo fé no rol descriminado, os portugueses ingurgitam demasiado marisco. E, fenómeno que de todo não imaginava, rilham corais só por gulodice, capricho ou alarvidade atávica.
Ora, eu tenho quase a certeza que os portugueses já nem à sardinha regularmente alcançam; e ao bacalhau só mesmo por pirraça ou sacrifício na loja de penhores. Fará agora ao marisco!... Todavia, existem duas classes de hospedados e catrafilados no território luso que enfardam marisco como se não houvesse amanhã: os estrangeiros e os estrangeirados (entre os quais, além dos poderes executivo, legislativo, judicial e merdiático, se alistam todas as variadas faunas e seitas de ambientalistas ronhosos). E estes, sim, deviam ser devidamente fiscalizados, reprimidos e desmamados. Criando-se, quiçá, para o urgente efeito, campos de dieta e jejum rigorosos. Onde essas vorazes alimárias seriam mantidas e alimentadas, única e exclusivamente, com a palha que geralmente debitam, por palpite, opinião ou diarreia legisladeira e que, no caso dos talibãs ambientaleiros, se resume a uma misantropia sonsa, rançosa e altamente contaminada por doses massivas de pesticida. Pesticida, diga-se, daquele que eles usam para se auto-desinfectarem de qualquer tipo de inteligência, sensatez ou mera racionalidade. Aliás, todo este rousseauismo goro e requentado mais não traduz que essa redução inaugural - e festiva - do homem a uma besta infantil. À pedrada a anjos de fantasia com que masturba a (falta de) imaginação.
4 comentários:
Lembro-me de, no Verão quente, ver 3-4 mesas na cervejaria Ribadouro, no fim da Rua do Salitre, com uns gajos da Lisnave [a farda o dizia] a comer lagosta. Vi como a Lisnave iria falir.
Abraço,
ao
Oh Dragão a paneleirage não gosta do berbigão , é consabido . Embutidos do que seja , grilos até , reviram-se-lhes uzólhos
A Ribadouro, sei perfeitamente. Costumava lá cevar-me de imperiais, nas pausa dos assaltos e golpes de mão às coristas do parque mayer . Bons tempos. :O)
O tugal que não se ponha a frosques da UE enquanto ainda vai a tempo, pois senão é que vai conhecer in loco o que é 1 Sardinha para 3.
A pior lenda de Abril contra o Estado Novo arrisca-se a ser uma grande verdade abrileira e não será só para a sardinha...
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