2022 - Relance e reprise

 

No ano que ora finda, o mundo assistiu a vários fenómenos extraordinários e outras tantas super-banalidades recorrentes (apenas bombeadas a níveis ensurdecedores e absurdos desmesurados). Comecemos por um relance dos primeiros.

Acima de tudo, o Taumaturgo Providencial do Ano: São Vladimiro. Os seus poderes milagreiros, bem como curas dignas do Novo Testamento, são múltiplos, formidáveis e universalmente comprovados. A saber,

1. Fez desaparecer a Covid 19 dum dia para o outro. 24 de Fevereiro deveria passar a figurar nos feriados sagrados obrigatórios. À escala mundial.

2. Ressuscitou o Dragoscópio (e ainda, para mais, às três tabelas, ou seja, despoletando uma acção benemérita que, por sua vez, desencadeou um chinfrim propagandalheiro capaz de fazer perder a paciência a um santo e de acordar um dragão ressonante). Já devem ter percebido onde é que eu entro.

3. Depois de curar o planeta, o extraordinário santo passou, muito helenicamente, a curar-se a si próprio - todos os meses, de doenças sucessivamente malignas, fatais, fulminantes e atestadoras de óbito garantido. No encalço de Jesus Cristo, que venceu a morte, S.Vladimiro, venceu vários cancros maléficos, séries consecutivas de síndromes avassaladoras e outras tantas gangrenas misteriosas, todas elas consumptivas e colapsantes para o  comum dos mortais. Fora as quedas aparatosas, os despistes na auto-estrada e os ataques voodu por parte de bruxas kievitas e múltiplas telefatwas e maus olhados (péssimos, aliás) por resmas de necromantes extáticos ao serviço da british inteligence, esse oximoro superlativo. Incólume e sereno, como Nosso Senhor sobre as águas encrespadas do Tiberíades, o santo tudo superou (e só não digo com uma perna às costas porque, como é sabido, ao ioga preferiu o judo).

4. Converteu uma guerra numa acção de desinfestação higiénica onde congemina e implementa outro dos grandes milagres, dado que absolutamente inexplicável pela lógica racional e pela ciência positiva: todos os dias, as tropas cristãs consomem, extinguem, desbaratam e refundem todo o seu armamento, equipamento e munições. E todas as manhãs do dia seguinte acordam plenamente rearmadas, reequipadas e remuniciadas. Pois se Cristo transformou água em vinho e multiplicou pães, S.Vlad transforma máquinas de lavar em mísseis, frigoríficos em caças bombardeiros, secadores de cabelo em blindados de assalto e, pasme-se ainda mais, esquentadores electrónicos em lançadores múltiplos de rockets. Ultimamente, até extrai submarinos nucleares de leitores de CDs... A pilhas. E multiplica os tiros e bombardeamentos, que os apontadores cristãos, entoando salmos, extraem, por obra e graça, de palhinhas, fisgas e bisnagas infantis. Fora as cornetas desmoronantes em versão revista e aumentada das trombetas de Jerico.

5.  Multiplica ainda os portentos assombrosos... Como a superação patafísica da própria aritmética secular: de 50 mísseis disparados pelos cristãos, os Kiezebus conseguirem abater 60 e ainda restarem 49 que acertam no alvo. Outro milagre, está bem de ver. Embora na realidade, o que acontece é que, por influência sobrenatural, trinta dos anti-mísseis Kiezebuescos abatem os outros 29 da mesma proveniência e todos juntos agridem alguns edifícios desprevenidos. Sobra um que, por caridade, acerta onde é permitido - mais que suposto  - pela Providência Divina. 

Passando agora às super-banalidades recorrentes... Assim, em passo de corrida, porque não merece mais:

Um mongo pior que o anterior repta, balbucia e vegeta na Casa Branca; os neoconas, incrustados e reinantes, em psicopatia avassalante e antropofobia furiosa, continuam na demanda frenética do apocalipse nuclear; os donos dos neoconas continuam a trucidar indígenas à descrição; a Europa, num estado calamitoso de caquexia épica, entrou, balindo, num curral de morte assistida; a Alemanha foi tomada por economistas do Zimbawue e visionários políticos da Suazilândia; o Reino Unido, após longa e penosa metamorfose,  tornou-se a realização concreta da Liliput distópica em chamas (falta apenas um Guliver que urine em cima do acontecimento, para salvação da coroa); a paranoia ambientalista, em sulfatação ininterrupta sobre as massas,  continua de vento em popa, isto é, o pretexto do putativo genocídio (clima-histérico) serve para implementar o genocídio efectivo e premeditado; a agenda LG... e por aí fora, prossegue, em tandem, com a anterior, de modo que, por esta altura, o Ocidente está cada vez mais Deficiente e Decadente; e, finalmente, a Política e a Diplomacia, após um século inteiro de maus tratos, exalaram  o último suspiro e entregaram a alma ao Criador... Às  mãos da Propaganda. Por intoxicação culminada em estrangulamento. Quanto ao jornalismo, tenta sobreviver através da prostituição desenfreada e da submissão devota aos caprichos mais imundos da mesma facínora (em sociedade na administração do bordel com a Publicidade.)

Uma última revelação de 2022, esta de ordem cândida: descobriu-se que, afinal, a rainha de inglaterra é mortal.

PS: No último dia, instalou-se uma suspeita: terá falecido o último papa católico (quer dizer, o último a acreditar, ainda que vagamente, que  o catolicismo é uma forma de cristianismo...)?