«Se a revolução é só da superfície, feita por uma minoria organizada num país desorganizado, apático e servil, então os organizadores da revolução alguma qualidades têm que há que ter o homem de governo: são, pelo menos, chefes e organizadores. tal foi, em ponto pequeno, a nossa Revolução de 5 de Outubro; tal foi, em ponto grande, a Revolução Bolchevista. Em ambos os casos a maioria do país era monárquica, sendo apenas, republicana num caso, comunista no outro, a minoria mais bem organizada; tendo a primeira como espinha dorsal a Ordem maçónica, a segunda por principal esteio as organizações secretas judaicas.»
- Fernando Pessoa
Todavia, o facto é que, conforme a realidade e a história vêm exibindo, não apenas as minorias dirigem revoluções, mas, dirigem também os próprios governos de rotina, ou seja, não operam apenas as roturas: administram igualmente a conta corrente. Como, de resto, o próprio Pessoa escreve: "Em todos os tempos e em todos os sistemas, o poder é detido apenas e sempre pela minoria mais forte, que impõe a sua vontade à maioria. Ela pode impor essa vontade pela força, como nas comunidades primitivas e nas ditaduras, pode impor essa vontade pela autoridade, como nas monarquias e estados aristocráticos, pode impor essa vontade pela persuasão, convertendo a maioria à sua atitude. No último caso haverá realmente democracia. Mas entenda-se que é sempre a minoria que governa e compele; a maioria ou se submete a ela enquanto força, ou a aceita, enquanto autoridade, ou concorda com ela, enquanto opinião.»
Quando ouvimos e lemos, por exemplo, como ainda recentemente aconteceu pelas pantalhas deste mundo, que 1% da humanidade detém tanta riqueza como os restantes 99% não é difícil adivinhar que essa mesma super-minoria tem mais poder que qualquer outro grupo ou ajuntamento popular. Poder, como assim? Bem, seguramente "poder de compra". E num tempo em que tudo se compra e vende, não se nos afigura que, aqui ao nível do curral (Sade definido por Jünger), prevaleça qualquer outro acima. Compram-se governos, compram-se países e compram-se povos (que, verdade se diga e reconheça, se vendem cada vez mais barato, fora os europeus, que esses vendem-se caríssimo, mas financiam a fundo perdido o comprador) , tal qual se compram revoluções (não apenas sociais como científicas, não apenas estéticas como económicas), e se compram guerras, exércitos e até um Passado mais conveniente. A coisa não é apenas de agora. Vem-se acumulando e atingiu doravante um paroxismo inaudito.
O desenvolvimento dos meios e mecanismos de manipulação, propaganda e coacção tem potenciado dois fenómenos convergentes: uma concentração da cada vez mais poder em cada vez menos gente (à escala global); uma retórica absolutamente ininterrupta e perversa em que sociedades cada vez mais subjugadas a cripto-poderes não escrutináveis passam por democracias puro malte, constituindo-se esse o modelo de exportação e imposição à escala planetária.
O desenvolvimento dos meios e mecanismos de manipulação, propaganda e coacção tem potenciado dois fenómenos convergentes: uma concentração da cada vez mais poder em cada vez menos gente (à escala global); uma retórica absolutamente ininterrupta e perversa em que sociedades cada vez mais subjugadas a cripto-poderes não escrutináveis passam por democracias puro malte, constituindo-se esse o modelo de exportação e imposição à escala planetária.
4 comentários:
http://expresso.sapo.pt/dossies/diario/2016-03-07-Dono-da-Altice-doa-dois-milhoes-de-euros-a-Camara-de-Lisboa
Mais um passo a caminho da luz... Se não abrimos os olhos rapidamente vamos ter um lindo enterro.
Miguel D
A tvi mostrou o novo Presidente por dentro e por fora. A CMTV tem estado a mostrar um antigo primeiro-ministro na "intimidade" do seu "carácter". Ambos os trabalhos são serviço público de televisão e dignos, os trabalhos e os visados, de um estudo mais aprofundado por motivos absolutamente distintos.
Agora que alguns andam, de novo, em busca do que seja a "portugalidade", não encontram melhores e opostos exemplos. Marcelo representa, por assim dizer, a prosa do (nosso) mundo. O outro, no dizer dele por causa de uma casinha no Chiado, talvez o "cu do (nosso) mundo". Querem mais "pátria" e "portugalidade" do que isto?
João Gonçalves
Pois Miguel, eles andem aí...
http://www.egaliteetreconciliation.fr/Qui-est-Patrick-Drahi-29631.html
http://www.noticiasaominuto.com/mundo/551665/ex-banqueiro-do-jpmorgan-condenado-a-cinco-anos-prisao-por-roubo
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