Agora é o Caos; no princípio era apenas uma pequena confusão
sábado, abril 11, 2015
Um Imenso Portugal
Um génio da música, de insuspeita ideologia, a cantar uma verdade do tamanho do céu: nós, portugueses, somos inconfináveis. Viemos apenas descansar um pouco na sepultura. Dormir uma sesta. Enquanto houver mar... Quando Deus quiser, e o sonho nos acordar, a Obra acontecerá.
Não há somente o Portugal da Terra Há outro Portugal, o do Outro-Mundo, Onde Pedro anda a caçar na serra E Inês repete o seu adeus profundo Senhor de um povo que entre brumas erra, O Portugal-Maior não tem segundo Rei Encoberto, quando vais para a guerra? Camões, que estás dizendo, moribundo? Andaste na oficina do Bandarra Ó tu Que sentes do bruxedo a garra E deitas profecias à lua-cheia! Leva-me a crer, com a peneira erguida, O outro Portugal de outra-vida Por quem a raça anseia!
Se já chegamos à conclusão que os problemas que padece o Portugal contemporâneo são primeiro de ordem cultural e só depois se transformam em problemas políticos e económicos, então é preciso criar uma cultura de elite, a Alta Cultura.
E a Alta Cultura (que mais tarde será filtrada e recauchutada para servi-la às massas) só irá surgir através da filosofia, não de uma filosofia nova (pois a vestimenta poderá ser bonita mas não servirá ao povo) mas sim com uma filosofia enquadrada na história e na tradição.
Estou para ver que Portugal é este tão fantástico que só pode ser entendido por esotéricos iniciados...e cujos profanos só podem almejar ao portugalinhês.
Salazar não era um dos iniciados. Disso estou certo. Nem Marcello Caetano.
A única vez que me lembro de ter tido um momento de "realismo fantástico" desta ordem, foi quando me passei com os carteiristas do 28.
Deve ter sido da paisagem. Deu-me para imaginar um antepassado na mesma situação e a desatar à espadeirada contra aquela mourama e corri com eles a pontapé.
Está visto que foi disparte mais próprio do Capitão Haddock e agora só disfarçada é que posso lá andar
Eu parece-me que é ao contrário: esse Portugal dito fantástico era entendido por toda a gente. É o novo que precisa de iniciação esotérica para se compreender...
Não é isso o realismo fantástico, embora lá vá beber algo.
O que refiro é a ideia fantástica do Império das quintas e quintos e o esoterismo conexo, mais a ideia do Regresso do Desejado e ainda a sublimação poética da gesta que ultrapassa o Camões pela Direita baixa.
Daqui a pouco já aparecerão virgens, perdão, ninfas.
O modo como se contava a História nas décadas de 40 a 60 ou mesmo 70 é subsidiário desse realismo fantástico, mas ainda assim comedido. Mitificado, digamos assim.
Menos por aquilo que aqui se diz acima, e mais por aquilo que tenho lido do José, especialmente no Porta da Loja, sou levado a concluir que o 25A só foi coisa horrível por ter defenestrado o Marcello, mas que teria sido uma "lufada de ar fresco", caso tivesse apanhado Salazar no poleiro.
"E onde 'e que isto começou?" A minha ideia 'e que, em parte, as origens remontam ao Filipismo (Bandarra, etc). Mas existe um substrato que 'e ainda anterior, remontara mesmo ao inicio da nacionalidade, a Ourique e 'a Igreja. 'E que creio estar um núcleo da questão: 'e possível uma nação sobreviver sem uma ancora ao transcendente? Nao tenho certezas, mas desconfio que o séc XXI vai mostrar que a resposta 'e "nao".
Mas eu procuro justamente ligar esse esoterismo à política concreta. Ou melhor, procuro a ligação que o José faz.
Porque eu não tenho essa visão. Acho que o que levava Salazar e mesmo a maior parte dos integristas e "ultras" a quererem manter o Ultramar não era essa perspectiva esotérica da História mitificada mas antes pelo contrário uma noção bem lúcida do que é política externa e do modo como sempre se relacionaram as nações e os estados.
Dito de outra forma: a diferença entre o que passa com o tempo e o que não passa; a noção que não se deve trocar algo que não passa com tempo por causa de ideias de que acabam sempre por passar...
25 comentários:
O 28!
E ia jurar que ia lá um carteirista de Alfama
":O))))))
Ironicamente, o disco onde está esta canção alude à substituição de um império, por outro...do português pelo holandês.
É um elogio à traição...
E confirma-se a suspeita: há aqui um realismo fantástico imerso e a ressurgir com bafo de dragão. De papel...
Mas é melhor que nada. Por outro lado suscita curiosidade, tal hipótese.
Portugal Eterno, um Quinto Império à beira da erupção ostentatória que ninguém lobriga e uma Ideia Fantástica que carece de exposição mediática.
Volta, Pessoa. Estás na ordem do dia.
Vou mergulhar outra vez nos anos quarenta a ver se percebo a origem do Mito.
Não há somente o Portugal da Terra
Há outro Portugal, o do Outro-Mundo,
Onde Pedro anda a caçar na serra
E Inês repete o seu adeus profundo
Senhor de um povo que entre brumas erra,
O Portugal-Maior não tem segundo
Rei Encoberto, quando vais para a guerra?
Camões, que estás dizendo, moribundo?
Andaste na oficina do Bandarra
Ó tu
Que sentes do bruxedo a garra
E deitas profecias à lua-cheia!
Leva-me a crer, com a peneira erguida,
O outro Portugal de outra-vida
Por quem a raça anseia!
António Sardinha
É isso mesmo! O Sardinha, agora enlatado, é que nos vai dar novos mundos. E ao Mundo, logo a seguir...
José,
Se já chegamos à conclusão que os problemas que padece o Portugal contemporâneo são primeiro de ordem cultural e só depois se transformam em problemas políticos e económicos, então é preciso criar uma cultura de elite, a Alta Cultura.
E a Alta Cultura (que mais tarde será filtrada e recauchutada para servi-la às massas) só irá surgir através da filosofia, não de uma filosofia nova (pois a vestimenta poderá ser bonita mas não servirá ao povo) mas sim com uma filosofia enquadrada na história e na tradição.
Recomendo este vídeo:
Quem foi afinal António Ferro?
http://observador.pt/videos/conversas-2/quem-foi-afinal-antonio-ferro/
Esperar que um portugalinhês entenda português é esperar que um impotente mental conceba.
Ó José, essa é a grande questão.
Os novos mundos já os deu ao mundo quem nos deixou este país, esta língua, este ser.
E o mundo a quem os deram é o mesmo de hoje, do ponto de vista do país. O mesmíssimo.
Eu parece-me que é o José que cai no erro de pensar que ele é diferente. Que o mundo e as pessoas são diferentes. Não são. No essencial não são.
Tanto é o mundo o mesmo que, volvidos oito séculos, voltamos a deparar-nos com os desafios com que se deparou quem aqui mandava nessa altura.
Estou para ver que Portugal é este tão fantástico que só pode ser entendido por esotéricos iniciados...e cujos profanos só podem almejar ao portugalinhês.
Salazar não era um dos iniciados. Disso estou certo. Nem Marcello Caetano.
A única vez que me lembro de ter tido um momento de "realismo fantástico" desta ordem, foi quando me passei com os carteiristas do 28.
Deve ter sido da paisagem. Deu-me para imaginar um antepassado na mesma situação e a desatar à espadeirada contra aquela mourama e corri com eles a pontapé.
Está visto que foi disparte mais próprio do Capitão Haddock e agora só disfarçada é que posso lá andar
":O))))))))))
Eu parece-me que é ao contrário: esse Portugal dito fantástico era entendido por toda a gente. É o novo que precisa de iniciação esotérica para se compreender...
muja:
descubra-me uma frase, só uma, em que Salazar tenha um arroubo desses.
Prometo meter a viola no saco quanto a isso e reconhecer a minha ignorância.
E até gostaria de estar enganado, pode crer.
O próprio José acabou de publicar imagens de um livro que ensina a História de certa maneira. E que era o que se ensinava na escola.
Opor-se-ia Salazar àquela maneira de ensinar o nosso passado?
Não nos estamos a entender, muja.
Não é isso o realismo fantástico, embora lá vá beber algo.
O que refiro é a ideia fantástica do Império das quintas e quintos e o esoterismo conexo, mais a ideia do Regresso do Desejado e ainda a sublimação poética da gesta que ultrapassa o Camões pela Direita baixa.
Daqui a pouco já aparecerão virgens, perdão, ninfas.
O modo como se contava a História nas décadas de 40 a 60 ou mesmo 70 é subsidiário desse realismo fantástico, mas ainda assim comedido. Mitificado, digamos assim.
E onde é que isto começou? Com o Sardinha?
Com efeitos do Ultimatum, provavelmente.
Quinto Império é Padre António Vieira.
Menos por aquilo que aqui se diz acima, e mais por aquilo que tenho lido do José, especialmente no Porta da Loja, sou levado a concluir que o 25A só foi coisa horrível por ter defenestrado o Marcello, mas que teria sido uma "lufada de ar fresco", caso tivesse apanhado Salazar no poleiro.
Ai zézinho, se não fosses tolinho nem existias.
"E onde 'e que isto começou?"
A minha ideia 'e que, em parte, as origens remontam ao Filipismo (Bandarra, etc).
Mas existe um substrato que 'e ainda anterior, remontara mesmo ao inicio da nacionalidade, a Ourique e 'a Igreja. 'E que creio estar um núcleo da questão: 'e possível uma nação sobreviver sem uma ancora ao transcendente? Nao tenho certezas, mas desconfio que o séc XXI vai mostrar que a resposta 'e "nao".
Miguel D
"O sonho comanda a vida", como observou o camarada Gedeão, e já antes dele os publicitários.
Não foi por nada que montaram uma fábrica de sonhos nos brejos de Los Angeles.
Perdemos essa. Andam aí à cata da origem do 25A, procurem-na em quem acreditou no culto da santinha dessa fábrica.
Sim eu já tinha entendido José.
Mas eu procuro justamente ligar esse esoterismo à política concreta. Ou melhor, procuro a ligação que o José faz.
Porque eu não tenho essa visão. Acho que o que levava Salazar e mesmo a maior parte dos integristas e "ultras" a quererem manter o Ultramar não era essa perspectiva esotérica da História mitificada mas antes pelo contrário uma noção bem lúcida do que é política externa e do modo como sempre se relacionaram as nações e os estados.
Dito de outra forma: a diferença entre o que passa com o tempo e o que não passa; a noção que não se deve trocar algo que não passa com tempo por causa de ideias de que acabam sempre por passar...
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