Não posso deixar de acudir a esta questão séria e sério excesso de benevolência com que o caro José, na caixa comentarial penúltima, do alto da sua tremenda experiência na matéria, borrifa a escória do oficialato do exército português a que, na minha já distante juventude e princípio da idade adulta, pertenci. Certifica ele, com magnanimidade, mas exorbitante condescendência:
«E por isso questiono seriamente se os milicianos que estavam na tropa, entre os quais te incluis garbosamente de boina vermelha, tinham a noção do espírito militar, sei lá, para ir o mais longe possível, de um japonês. Um samurai é um verdadeiro militar. Um miliciano portuquês é um açafate desse militarismo.
Para ficar por mais perto, os prussianos eram militares.
Os milicianos nacionais-porreiristas eram apenas uns gajos com estudos qb a quem deram umas divisas depois de lhes ensinarem como se pegava numa arma e terem oportunidade de ler o Marighella. estou a caricaturar, mas não andarei longe, pelos que conheci.»
Começarei pela segunda parte e pentearei depois o capim a eito pela primeira, se me permitem a analogia tropical.
Havia de facto milicianos (com fracas habilitações académicas, contar até dez, salvo erro) que recebiam, em bom rigor, divisas: eram os furriéis (sub-sargentos, por assim dizer). Passando em concreto ao meu caso (e a todos os meus congéneres oficiais, nem divisas recebíamos (no ombro ou no bolso), mas apenas galões (um, enquanto aspirantes, e dois, em passando a Alferes, quatro em Tenente e 6 em capitão, topo da carreira) - e sabiamos ler e escrever, que era por causa de preencher os relatórios da missão, e contar até 25 ou 30, para poder contabilizar o efectivo confiado. Mais tarde, consoante a promoção, frequentávamos cursos de aperfeiçoamento, em que aprendiamos a contar até 150). Foi, de resto, a garatujar estes impressos obrigatórios que desenvolvi um certo gosto pela literatura. Quando à complicada aprendizagem do "pegar na arma", falo por mim, nunca aprendi. Nem precisava. Quem pegava nas armas eram os soldados, cabos e furriéis: eu, e não era pouco, só tinha que conduzi-los e orientá-los por mapa e campo, vigiando para que eles não se tresmalhassem. Eles pegavam na arma e eu pegava neles pela guerra adentro. Digamos que era, por assim dizer, o seu guia geo-espiritual. Passava-lhes revista antes de partirmos em viagem - aferia se estavam apresentáveis para o Inimigo e para as populações com que eventualmente nos cruzássemos (mais no regresso; à ida não convinha muito...), certificava-me de que todos estavam a pegar na sua arma em condições, com devida higiene e recheio, e lá zarpavamos, de azimute em riste, matas a fora.. Às vezes até de helicóptero, em dias de festa. Por ocasião de batalha, eles tratavam do tiroteio, da limpeza, eu apenas coordenava e corrigia alguma ou outra deselegãncia operativa. Sempre tive a mania das estéticas. Lembro-me também que tinha a mania do silêncio, uma verdadeira tara... às tantas, aquilo já parecia mais um grupo de fantasmas do que de homens. A ideia era mesmo pregar grande cagaços e estupendas assombrações às bases do In que visitávamos. O pior era os filhos da puta dos cães. Nunca mais suportei alimárias alarmistas dessas desde então. Tínhamos que navegar à bolina, por causa do faro dos cabrões. Será o fiel amigo do homem, não discuto, mas seguramente o mais fiel inimigo do comando em aproximação sorrateira ao objectivo. Ah, e recordo-me agora, havia uma arma que consegui, de algum modo, dominar, porque não requeria que se lhe pegasse muito, nem requeria grandes erudições mecânicas ( a G3 era um chatice, uma confusão de pinchavelhices ali por alturas da culatra, que deixava um gajo zonzo); era mais de atirar para longe e pronto - a granada, essa maravilha. Não sei bem porquê, mas simpatizei logo com o objecto. No tempo do fascismo, os miudos aprendiam de muito cedo a andar à pedrada, pelo que, em matéria de arremesso foi só transpor o automatismo mecânico adquirido de tenra idade. Levou um certo tempo a interiorizar que tinha que retirar a cavilha antes de expedir o engenho, mas um sargento caridoso lá me explicou, com calma, o requinte. Já compreender que convinha atirar-me para o chão logo de seguida a lançar a infernal coisa, tive, que, infelizmente, estudar empiricamente. Quanto a ler o Marighela, confesso, nunca li. Primeiro, porque, na época, o meu domínio de vocabulário e sintaxe era muito rudimentar. E, segundo, e sobretudo, não queria ofender os meus dedicados, bravos, mas rudes, subordinados com poses intelectuais ou, pior ainda, existencialistas. Nem o Marighela nem o Camus. Já bastavam aqueles que por lá andavam e ler e declamar Marx e outros livros de culinária para adultos que tais. Em boa verdade, nas emboscadas, enquanto esperávamos pelos clientes no trilho, o que se lia mais era a colecção 6 Balas, uns livros pequeninos de caubóis, que cabiam nos bolsos do camuflado, e que a malta me emprestava, a troco de promissórias futuras de cigarros (eu, já na posse das minhas tendências despóticas e anti-democráticas, proibia-os determinantemente, e sob severas penas, de fumarem em operação). Ficou-me dos tais livrinhos uma imagem indelével: Havia sempre um pistoleiro cansado de matar que era desafiado por putos à procura de fama. Meditei muito sobre a fadiga dos pistoleiros. O gajo do rádio, de quando em vez, também me emprestava uma revista tipo "Mundo de Aventuras", ou "Falcão", que lhe mandavam do Puto (a metrópole). Uma coisa que funcionava impecávelmente no exército, talvez a única, era o Serviço Postal. Mas mesmo esses livrinhos não li muito, porque a seca das emboscadas era muitas vezes à noite. E fora de operações, também não tinha muito tempo para ler, porque estava ocupado na condução dos homens a sessões de álcool e pancadaria com a Polícia Militar, ou Paraquedistas, enfim, o que aparecesse primeiro.
Portanto, caro José, deves ter conhecido uns espécimes sobredotados da espécie.
Quanto ao espírito militar...dos Samurais...
Acho que samurais eram mais os tipos da Upa. Com um ligeiro upgrade no espírito - dose prévia de liamba que transportava o neófito zen a um transe militar exuberante (e exaltadíssimo); e um considerável downgrade no armamamento e método de esquartejar - a catana em vez do sabre. Bastante menos lacónicos também , e sobrepondo a ululância à guturalidade. Fora isso, era como se fossem tirados a papel químico. Da nossa parte, o espírito era, portanto, mais anti-samurai que Samurai. O único espírito samurai que tive conhecimento que houvesse do nosso lado, condensava-se no Casimiro Monteiro (aquele tipo que, segundo consta, matou o Delgado). Pelo que relata o Óscar Cardoso (um oficial miliciano "Comando" que transitou depois para a Pide/DGS), que o conheceu bem, o Casimiro entrava nos acampamentos turras de sabre samurai em riste e abrindo sulcos em conformidade. Nesse aspecto, e apenas nesse, julgo que era como eu: nunca aprendeu a pegar bem na arma de serviço. Tudo isto não testemunhei em pessoa; mas acredito piamente.
Passemos agora ao espírito militar prussiano.
Um aviso prévio: enfiar o português no espírito prussiano é como meter o Rossio na Rua da Betesga. É uma exagero meu, claro está, porque, se fosse a ser rigoroso, era o Bairro Alto todo na Rua da Betesga. Fora isso, não custa nada, porque somos povos muito parecidos.
Nunca conheci pessoalmente nenhum prussiano e confesso que isso não me causa qualquer angústia. O que sei é por relatos históricos. A excelência do espírito militar deles devia ser grande, porque em matéria de espírito guerreiro, não seria grande coisa, dado que terão levado sovas, reiteradas e contundentes, dos exércitos Napoleónicos. Estes, pelos vistos, compensavam um duvidoso espírito militar prussiano, (acho até que eram quase todos milicianos) por um chefe de guerra superlativo e tropas dotadas do tal ânimo suplementar que muito jeito dá nestas ocasiões. Depois, os herdeiros do espírito militar prussiano - a trágica e desvalida Wermacht do Adolfo maluco -, também levaram uma sova bastante desagradável do Exército Vermelho. Exército vermelho, esse, que tinha como característica fulcral o ter-se desembaraçado desse espírito militar prussiano todo, através de purgas metódicas, substituindo-o por um espírito militar absolutamente inferior (e, pasme-se, em larga medida, abaixo até de miliciano: conscrito, popular e político). Ah, e também tendo um óptimo comandante. Como se isto não bastasse ao soberbo, mas infeliz, "espírito militar prussiano", résteas desta excelência magnífica integravam ainda a Legião Estrangeira, por alturas de Dien-Bien-Phu, aquando do desastre francês na Indochina. Do outro lado quem estava? As vis e semi-anãs forças comunistas do general Giap, sem centelha que fosse, importa sublinhar, do estupendo espírito militar prussiano.. Bateram-se heroicamente os legionários, mas acabaram a marchar, aqueles que sobreviveram, para os campos de prisionneiros dos viets. Até um dos meus heróis contemporãneos, o coronel Bigeard, penou esse humilhante passeio. Fica-se, assim, com a estranha impressão que o espírito militar prussiano é óptimo para lograr retumbantes derrotas, geralmente culminadas por disciplinadíssimas - porém cabisbaixas - retiradas. Perante isto, compreender-se-á o meu diminuto entusiasmo por um tal "espírito". Pessoalmente, por tradição e respeito ao fundador dos Comandos Portugueses , sempre cultivei mais o espírito espartano; e, por conveniência (ou mera mania) técnico-táctica, o espírito sioux (uma selvajaria, concordo, mas dava imenso jeito com as sentinelas; e foi o que pude aprender na banda desenhada da época). De qualquer modo, dado que a reorganização do exército português em moldes modernos remonta ao Conde de Lippe, algum desse formidável "espírito prussiano" impregnava ainda as nossas forças ultramarinas, e devia estar, só podia mesmo estar ainda no âmago daquela elite, com imenso pedigree, do Quadro Permanente. Mas como 90 e tal por cento da guerra no terreno era feita por pessoal miliciano e abaixo de miliciano (do Serviço Militar Obrigatório), a malta lá se ia desenrascando e até, paulatinamente, ganhando a guerra. Em Angola, pelo menos, que era onde interessava mesmo, estava aquilo inteiramente pacificado e lutava-se mais nos botequins de Luanda do que no saliente do Cazombo. O que é que correu mal então? Foi o espírito Prussiano, essa relíquia. Veio de repente ao de cima, num borbotão desvairado, e desatou a compelir todos aqueles académicos a uma retirada disciplinada e cabisbaixa... Só que em matéria de possessão súbita, um espírito nunca vem só. Invejoso do prussiano, evadido não sei lá de que recesso obscuro da tripa, eis que irrompe também o espírito samurai. Apanhado no fogo cruzado entre a retirada cabisbaixa e o hára-kiri fulminante, o insigne corpo de oficiais borregou, largou as partes e meteu calcanhares ao rabo. A síntese hegeliana da retirada com o hára-kiri deu naquilo que a história registou: a Debandada.
PS: Devo confessar que mesmo os escassos galões que recebi, na minha qualidade de oficial miliciano, a maior parte do tempo nem sequer pude exibi-los galhardamente. A primeira coisa que se fazia quando se partia em missão era retirar os galões (e as divisas, os sargentos e furriéis). Todos trajavam de igual na mata. Precisamente para evitar que o Inimigo detectasse o chefe e o abatesse prioritariamente, causando a desmoralização e a desorganização das tropas.. Porque o ânimo, a alma, o espírito que realmente decide e guia, aprende-se na guerra e nos livros dos antigos, vem de cima. Do Alto.
-----//-------
Nota Final: Numa tese de doutoramento de 2005, na Universidade de Évora, intitulada : "A Formação das elites militares em Portugal, de 1900 a 1975", o autor escreve :
«Também se provou que a partir de 1966,os capitães de carreira se foram afastando do comando destas companhias, retirando-se para locais longe da guerra e para actividades ditas de retaguarda. (...)
Porque os oficiais [do QP] dos anos 60 fugiram da guerra, não reuniram as características de elites (...). Em função disso, o Exército desmoronou-se; a cadeia de comando partiu-se; o Exército venceu-se a si próprio; a Academia Militar falhou na selecção e na formação psicológica das futuras elites militares, as quais não desempenharam as suas funções em obediência aos valores próprios e exigíveis a um Exército"
Em consonância, segundo o mesmo autor, Manuel Godinho Rebocho, quem aguentou o esforço de guerra foram os oficiais milicianos e os sargentos do Quadro Permanente.
Posso dizer que, nos Comandos, houve capitães do Quadro Permanente a darem o corpo ao manifesto. Mas os Comandos eram uma unidade de elite, representando apenas uma pequena percentagem do efectivo geral do exército. Embora, em Moçambique, para o fim, sendo 5% do efectivo militar geral, fizessem 80% das operações de combate.
Um aviso prévio: enfiar o português no espírito prussiano é como meter o Rossio na Rua da Betesga. É uma exagero meu, claro está, porque, se fosse a ser rigoroso, era o Bairro Alto todo na Rua da Betesga. Fora isso, não custa nada, porque somos povos muito parecidos.
Nunca conheci pessoalmente nenhum prussiano e confesso que isso não me causa qualquer angústia. O que sei é por relatos históricos. A excelência do espírito militar deles devia ser grande, porque em matéria de espírito guerreiro, não seria grande coisa, dado que terão levado sovas, reiteradas e contundentes, dos exércitos Napoleónicos. Estes, pelos vistos, compensavam um duvidoso espírito militar prussiano, (acho até que eram quase todos milicianos) por um chefe de guerra superlativo e tropas dotadas do tal ânimo suplementar que muito jeito dá nestas ocasiões. Depois, os herdeiros do espírito militar prussiano - a trágica e desvalida Wermacht do Adolfo maluco -, também levaram uma sova bastante desagradável do Exército Vermelho. Exército vermelho, esse, que tinha como característica fulcral o ter-se desembaraçado desse espírito militar prussiano todo, através de purgas metódicas, substituindo-o por um espírito militar absolutamente inferior (e, pasme-se, em larga medida, abaixo até de miliciano: conscrito, popular e político). Ah, e também tendo um óptimo comandante. Como se isto não bastasse ao soberbo, mas infeliz, "espírito militar prussiano", résteas desta excelência magnífica integravam ainda a Legião Estrangeira, por alturas de Dien-Bien-Phu, aquando do desastre francês na Indochina. Do outro lado quem estava? As vis e semi-anãs forças comunistas do general Giap, sem centelha que fosse, importa sublinhar, do estupendo espírito militar prussiano.. Bateram-se heroicamente os legionários, mas acabaram a marchar, aqueles que sobreviveram, para os campos de prisionneiros dos viets. Até um dos meus heróis contemporãneos, o coronel Bigeard, penou esse humilhante passeio. Fica-se, assim, com a estranha impressão que o espírito militar prussiano é óptimo para lograr retumbantes derrotas, geralmente culminadas por disciplinadíssimas - porém cabisbaixas - retiradas. Perante isto, compreender-se-á o meu diminuto entusiasmo por um tal "espírito". Pessoalmente, por tradição e respeito ao fundador dos Comandos Portugueses , sempre cultivei mais o espírito espartano; e, por conveniência (ou mera mania) técnico-táctica, o espírito sioux (uma selvajaria, concordo, mas dava imenso jeito com as sentinelas; e foi o que pude aprender na banda desenhada da época). De qualquer modo, dado que a reorganização do exército português em moldes modernos remonta ao Conde de Lippe, algum desse formidável "espírito prussiano" impregnava ainda as nossas forças ultramarinas, e devia estar, só podia mesmo estar ainda no âmago daquela elite, com imenso pedigree, do Quadro Permanente. Mas como 90 e tal por cento da guerra no terreno era feita por pessoal miliciano e abaixo de miliciano (do Serviço Militar Obrigatório), a malta lá se ia desenrascando e até, paulatinamente, ganhando a guerra. Em Angola, pelo menos, que era onde interessava mesmo, estava aquilo inteiramente pacificado e lutava-se mais nos botequins de Luanda do que no saliente do Cazombo. O que é que correu mal então? Foi o espírito Prussiano, essa relíquia. Veio de repente ao de cima, num borbotão desvairado, e desatou a compelir todos aqueles académicos a uma retirada disciplinada e cabisbaixa... Só que em matéria de possessão súbita, um espírito nunca vem só. Invejoso do prussiano, evadido não sei lá de que recesso obscuro da tripa, eis que irrompe também o espírito samurai. Apanhado no fogo cruzado entre a retirada cabisbaixa e o hára-kiri fulminante, o insigne corpo de oficiais borregou, largou as partes e meteu calcanhares ao rabo. A síntese hegeliana da retirada com o hára-kiri deu naquilo que a história registou: a Debandada.
PS: Devo confessar que mesmo os escassos galões que recebi, na minha qualidade de oficial miliciano, a maior parte do tempo nem sequer pude exibi-los galhardamente. A primeira coisa que se fazia quando se partia em missão era retirar os galões (e as divisas, os sargentos e furriéis). Todos trajavam de igual na mata. Precisamente para evitar que o Inimigo detectasse o chefe e o abatesse prioritariamente, causando a desmoralização e a desorganização das tropas.. Porque o ânimo, a alma, o espírito que realmente decide e guia, aprende-se na guerra e nos livros dos antigos, vem de cima. Do Alto.
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Nota Final: Numa tese de doutoramento de 2005, na Universidade de Évora, intitulada : "A Formação das elites militares em Portugal, de 1900 a 1975", o autor escreve :
«Também se provou que a partir de 1966,os capitães de carreira se foram afastando do comando destas companhias, retirando-se para locais longe da guerra e para actividades ditas de retaguarda. (...)
Porque os oficiais [do QP] dos anos 60 fugiram da guerra, não reuniram as características de elites (...). Em função disso, o Exército desmoronou-se; a cadeia de comando partiu-se; o Exército venceu-se a si próprio; a Academia Militar falhou na selecção e na formação psicológica das futuras elites militares, as quais não desempenharam as suas funções em obediência aos valores próprios e exigíveis a um Exército"
Em consonância, segundo o mesmo autor, Manuel Godinho Rebocho, quem aguentou o esforço de guerra foram os oficiais milicianos e os sargentos do Quadro Permanente.
Posso dizer que, nos Comandos, houve capitães do Quadro Permanente a darem o corpo ao manifesto. Mas os Comandos eram uma unidade de elite, representando apenas uma pequena percentagem do efectivo geral do exército. Embora, em Moçambique, para o fim, sendo 5% do efectivo militar geral, fizessem 80% das operações de combate.
21 comentários:
Acabas de me dar alguma razão e nem te baixaste quando largaste esta granada...
Os milicianos fizeram a guerra no Ultramar, sem divisas e galões e com muito espírito de desenrascanço.Do outro lado tinham o In em piores lençóis instrutivos e com menos estudos.
Improvisaram o espírito militar que aprenderam a correr para a messe e a ler livrinhos de cóbóis e acharam que era suficiente porque já tinham aprendido o mais básico quando iam aos pássaros. Era o que queria dizer.
Acho que os guerreiros do tempo dos afonsinhos nem deviam ser tão instruídos...e apesar disso formaram a nacionalidade que é nossa.
Ou seja e resumindo: o essencial é o valor da entrega e a experiência básica de sobrevivência. E isso os milicianos já tinham experimentado antes de o serem.
A leitura do Marighela é um bónus que era dado aos subversivos que depois deixaram crescer o cabelo e a barba no tempo das campanhas de dinamização cultural.
Quanto aos militaristas de carreira e profissão imitavam quem, afinal? Estudavam o quê?
Eram anti-prussianos e os samurais nada lhes diziam?
Seriam guerreiros ou apenas observadores de guerras alheias?
São questões a mais a que não sei responder
AHAHAHAHAHAHA
Completamente louco, este dueto
":O)))))))))
E tivemos muita sorte...os espanhóis, aqui ao lado, tinham aqueles tejeros todos com penicos na cabeça que sabiam empunhar pistolas na Assembleia e punham os deputados de cócoras.
Nós, mais sabidolas, já não usávamos o adereço supremo e confiávamos cegamente nos milicianos para ganharmos guerras.
Foi por isso que as ganhamos, às tantas...
José,
agora o que precisas mesmo de fazer é - como se diz em Àfrica - Jiboiar.
Que é o que o comensal deve fazer quando come lautamente. Por regra aos sábados.
Ai o treino da pedrada e de quando iam aos pássaros.
Ainda vai dar uma coisinha má ao Lusitânea
":O)))))))))))
> AHAHAHAHAHAHA
Faço minhas as palavras da oradora antecedente ;-)
Quer dizer, não é que o Dragão não esteja a ser tendencioso e selectivo, mas está muito bem esgalhado.
(Ao contrário, o José não está num dia sim. Nem reconhece, na Portadaloja, a razão completa de uma das poucas coisa em que o VPV se atreve a contestar a "sabedoria" vigente - a veneraçãozinha parola pela educação, um "cargo cult" ruinoso.)
Aos pássaros? Não me lembro de ter falado em pássaros. Até porque nunca pratiquei tal mariquice. Isso era os cobardes, os coninhas.
A malta a sério treinava a atirar pedras uns aos outros. Rachei ainda umas quantas cabças e levei uma vez com uma em cheio na testa, porque tinham sido declaradas tréguas e a outra parte não respeitou.
A malta depois exibia as cicatrizes com garbo viril. Era a forma que eles tinham de se vingarem da minha superior pontaria.
Podes crer.
Eu também podia ter ido a miliciana que treino à pedrada contra os ciganos não faltava
":O)))))))
Mas foi por etapas. Começámos com os figos maduros no quintal; passou-se aos torrões e depois à pedra.
Mas antes das tréguas havia o momento de fogo directo em que nenhuma tribo se podia resguardar atrás das árvores.
Aí é que era o fim da macacada proque havia sempre uns choininhas que se piravam.
Não davam para samurais; tinham de ir a prussianos.
":O))))))))
As coisas que se aprendiam no fascismo e sem consola
":OP
Com consolas atiram-se pedras melhor direcionadas e com alcance fabuloso e, espante-se, podemos fumar sem o inimigo ou a caozoada dar por nós. É caso para dizer, nos tempos q correm:" The Bravery are out range."
.
Rb
Fui uma máquina de formação de oficiais milicianos.8 cursos seguidinhos.Depois de capitães milicianos quando já não havia do QP porque como diz o Dragão era mais importante garantir a supervisão do que andar de arma na mão.
Lá no Leste de Angola ainda como alferes parei numa porta de armas de uma companhia para o condutor da Berliet ir visitar um amigo.O que de lá sai é um capitão miliciano a tirar dúvidas ao seu antigo instrutor.
A guerra ia bem nos papéis como os do BES/GES para o BP....
Lá no fim de uma comissão alterei a rotina operacional e logo o alferes teve que vir tirar as dúvidas como se liam as coordenadas na carta.Sem as quais os Helis o não iam buscar...
Mas nos papéis ia tudo bem
Agora com uma dúzia de oficias do QP a sair para as armas combatentes é que não se ia a lado nenhum enquanto as universidades iam mentalizando a juventude ainda não no "ir tomar no cu" que viria mais recentemente mas ao fim da exploração do diabo branco muito mais grave do que a luta de classes...donde depois derivaram as entregas na hora!
Então quando regressaram todos os desertores e refractários o destino foi logo assente.Quiseram fazer ver à Nação como o seu papel tinha sido importante e como a maioria andava enganada...
Hoje em dia labutam aí nos gabinetes para convencerem o zé povinho a participar alegremente na feitura da "raça mista" depois de terem entregue tudo o que tinha preto e não era nosso.Ideias é que nunca faltam...
Quanto a granadas havia umas que não tinham atraso nenhum e que eram usadas em armadilhas.Um belo dia nas bandas de Lamego naquele quartel em frente do cemitério onde se tinha que dar o beijo ao morto um recente instruendo do COM mandatado em instrutor como lição pratica mandou fazer armadilhas para ver quem é que tinha mais imaginação.Lá fiz a minha mas desaparafusei a cabeça da granada que meti no bolso e substitui-a por uma usada.Quando chegou a minha vez de demonstrar a coisa fiz-me mais nervoso do que sou e na confusão propositada a granada sai do seu lugar...debandada geral! e eu a rir às gargalhadas...
Também em Angola há pessoal com a mesma cantilena do lusitanea. Que os brancos isto e aquilo. O sinal é contrario, mas a ideua é a mesma. Felizmente são uma minoria, lá como cá.
As razões para perder a "guerra" são irrelevantes. Precisamente porque não a perdemos. À excepção da Guiné a guerra colonial não tinha inimigos à altura. O que perdemos foi a moral de a continuar a partir de determinada altura. Porque q a perdemos?
.
Porque nao era justa. Nem o povo a queria e, ao q parece, nem os militares se entendiam.
.
A justa causa não se conquista pela força das balas. Conquista-se pela razão e pelo coração.
.
Esta conquista não é militar. É politica. Em vez de mandarem tropas, podiam ter enviado mais bem estar para a população local. Fizeram-no demasiado tarde. As colónias nunca foram Portugal excepto para extrair recursos. Essa, sim, foi a origem das descolonizacoes. Todas, de todos os países colonialistas.
Rb
É preciso dizer que os negócios que o sr. Jacó Ricciardi anda a traficar agora em Angola, jamais os poderia fazer antes da "independência", topam?
Chapelada ao principal e, ao último anónimo.
Cumpts.
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