Há muito que não entrava na tasca, digo, ciber-tasca. Encontrei o Ildefonso Caguinchas, de olhar vago, meio alucinado, a fitar um qualquer interstício entre nenhures e sítio nenhum. Sentei-me e pedi o trotil da ordem, para aclaração conveniente dos fagotes, como manda a santa praxe da nossa ordem.
Eis senão quando, despegando os olhos do televisor, subitamente desperto do peculiar transe, me troa o gajo:
- "Dragão, assalta-me aqui uma puta duma dúvida..."
-" Bem, antes uma dúvida, que uma dívida. E se te assalta, significa decerto que é especuladora, a gaja. Deve estar a reclamar-te alguma exorbitância, imagino!..." - Acudi, o mais desatento à questão que me era possível.
-"Nada dessas. É mais uma questão de ordem sonântica."
.-"Semântica. - Corrigi. - Mas vá, desembucha, que temos uma série de árbitros para discutir!..."
-"Pois, isso. É o seguinte: Como é que se chama um gajo que tem cara de filho da puta, faz coisas de filho da puta e nos trata a todos como se nós é que fossemos uns filhos da puta?.."
Fitei o Caguinchas, entre intrigado e sagaz, e após sopesar por breves instantes o problema, respondi:
- "Depende."
- "Depende? - admirou-se o gajo. - Depende de quê?..."
-" Então, depende do local no planeta onde isso se passe."
- "Ah. E se, por exemplo, for em Portugal?"
- "Bem, nesse caso, há que ter muito cuidado. Não se pode dizer em voz alta." - Esclareci, com ar de franco sigilo e preocupação.
- "Não se pode dizer porquê?"
- "Porque há uma probabilidade muito grande (aqui entre nós: enorme, mesmo) de um tipo com essas características chegar a primeiro-ministro."
Embasbacou, o Ildefonso. E o caso não era para menos.
Eis senão quando, despegando os olhos do televisor, subitamente desperto do peculiar transe, me troa o gajo:
- "Dragão, assalta-me aqui uma puta duma dúvida..."
-" Bem, antes uma dúvida, que uma dívida. E se te assalta, significa decerto que é especuladora, a gaja. Deve estar a reclamar-te alguma exorbitância, imagino!..." - Acudi, o mais desatento à questão que me era possível.
-"Nada dessas. É mais uma questão de ordem sonântica."
.-"Semântica. - Corrigi. - Mas vá, desembucha, que temos uma série de árbitros para discutir!..."
-"Pois, isso. É o seguinte: Como é que se chama um gajo que tem cara de filho da puta, faz coisas de filho da puta e nos trata a todos como se nós é que fossemos uns filhos da puta?.."
Fitei o Caguinchas, entre intrigado e sagaz, e após sopesar por breves instantes o problema, respondi:
- "Depende."
- "Depende? - admirou-se o gajo. - Depende de quê?..."
-" Então, depende do local no planeta onde isso se passe."
- "Ah. E se, por exemplo, for em Portugal?"
- "Bem, nesse caso, há que ter muito cuidado. Não se pode dizer em voz alta." - Esclareci, com ar de franco sigilo e preocupação.
- "Não se pode dizer porquê?"
- "Porque há uma probabilidade muito grande (aqui entre nós: enorme, mesmo) de um tipo com essas características chegar a primeiro-ministro."
Embasbacou, o Ildefonso. E o caso não era para menos.
6 comentários:
Ahaha!
Obrigado pela recomendação!
para o muja: link para pdf's do Aristoteles
http://minhateca.com.br/ufbraga/Biblioteca/Filosofia/Arist*c3*b3teles
Obrigado mm!
Porém, sem querer parecer ingrato, a razão pela qual pedi recomendação ao dragão está bem ilustrada na colecção que amavelmente indicou; por exemplo: a Ética a Nicómaco é em brasileiro traduzido do inglês.
Naturalmente, preferiria ler uma tradução do grego para português, porque embora consiga (a custo) ler brasileiro, também sei ler inglês; grego é que não...
É uma pena que não haja mais coisas em português assim disponíveis. É compreensível, mas cada vez menos...
Mais uma vez, obrigado!
A da Quetzal é uma boa tradução.
Creio que o Aristóteles só começou a ser editado cá em meados do século XVI. Em Coimbra.
E por via latina.
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