quarta-feira, março 18, 2015

A Acromiomancia Revisitada - V. A Vertigem de Pandora




«Uma guerra civil ou uma revolução em Espanha não tem mais consequências que uns tantos mortos e umas tantas ruínas; entre nós seria a perda imediata do Ultramar. E esse é o nosso drama.»
- A.O. SAlazar (a Franco Nogueira, Setembro de 1966)



«Fui adjunto do comandante de companhia e, na sua ausência, assumia o seu comando. Depois chegou um alferes que tinha tirado o curso com a 28º de Comandos, o Alferes Rodrigo Moura (que mais tarde ficou no Regimento de Comandos), e que veio substituir o capitão Humberto Carrapeta. Posteriormente graduado pelo general Kaúlza de Arriaga em capitão-miliciano, foi um comandante de companhia brilhante. Homem de imensas capacidades e de uma grande simplicidade, conseguiu fazer um trabalho notável. Pois, apesar de ter sido um militar distinto, de ter continuado a sua carreira no Regimento de Comandos, e de ter feito os mais variados cursos, continua este homem hoje - passados vinte anos - no posto de capitão. E refiro isto porque, curiosamente, uma das razões que levaram alguns oficiais do Quadro Permanente a formarem o chamado Movimento das Forças armadas - o MFA -, foi em parte o ciúme que alguns dos menos aptos sentiam das autênticas vocações militares de alguns oficiais-milicianos. esse mau corporativismo perdura, de tal maneira que um homem como Rodrigo Moura, um verdadeiro herói do Ultramar, continua a não ser promovido apenas por não ser oriunda da Academia Militar.»
- D.Francisco Xavier Damiano de Bragança Van Uden, Capitão Miliciano de Infª "Comando"; "GEP". ( Digníssimo bisneto de El-Rei D.Miguel)



Não é novidade para ninguém que o alicerce militar constituia o sustentáculo principal do Estado Novo. Essa circunstância conduziu a que se transformasse numa casta privilegiada e imbuída dum espírito corporativo doentio, porque, de certa forma, supra-mimado. Os militares estavam até, por assim dizer, fora do alcance da própria Pide/DGS, mesmo quando em actividades suspeitas ou conspirativas (como , de resto, sucedeu ainda no tempo de Salazar).As instituições de ensino militar, com destaque para as três principais - "Os pupilos do Exército", o "Colégio Militar" e a Academia Militar,  favoreceram o empolamento  duma "má-cultura" congénita, ou seja, em vez dum escol de servidores abnegados do bem comum, foram segregando a tal pseudo-elite de meros funcionários públicos mesquinhos, comodistas, frívolos e aparicados, para volúpia e desfrute, consoante os galões, das sopeiras ou madames. Nas palavras de Otelo, a vocação militar era descrita, com bom rigor, como "o ripanço duma vida sem problemas a troco dum vencimento jeitoso"..
Decorria este melhor dos mundos quando rebenta a guerra do Ultramar, com o seu agravamento em sucessivas e múltiplas frentes....
A guerra subversiva é uma espécie de conflito bastante complexo, que requer tratamento adequado, ou seja, métodos bem mais subtis do que os usados na guerra convencional. A resolução estritamente militar, especialmente em havendo apoio externo (e no nosso caso, havia imenso e fortíssimo) às forças subversivas, nunca é possível em absoluto. Mas é uma guerra cujo objectivo é igual ao de qualquer outra: vence quem retirar ao inimigo a vontade de combater. Já as suas características específicas podem sintetizar-se num efeito preponderante: desgaste ou erosão. Não apenas em termos materiais, de danos físicos, mas sobretudo em termos psicológicos, de danos morais. Quando se refere a "moral de combate" não tem nada que ver com a "moral de costumes", é bom que não se confunda. Uma tropa moralizada é uma tropa que acredita na causa porque combate, no dever dessa missão, na devoção a uma bandeira. Há depois outra coisa que se chama a honra do guerreiro, mas isso, infelizmente, ou se tem ou não se tem ( e remete para o andros dos tempos homéricos, fonte da nossa civiilização em certos conceitos patriarcais). Dificilmente se adquire por ensino, ou perde por desuso. O chefe natural não coincide necessariamente com o chefe burocrático, isto é, no momento do confronto guerreiro, debaixo de fogo, um soldado, pela sua bravura, determinação e presença de espírito pode sobrepor-se a todos os outros, incluindo os oficiais.
Assim, para o que agora mais importa,  no caso da Academia Militar, eram aí formados oficiais, que podiam ou não ser bons oficiais em tempo de guerra, quer dizer, que podiam ou não ser bons guerreiros. Alguns foram excelentes, outros bons, outros medianos e outros maus. Todavia, todos eram promovidos, não por mérito, mas por escrupulosa ordem burocrática de antiguidade. E esta profissão de fé, este autêntico tótem tribal,  sobrepunha-se a todas e quaisquer outras considerações. Daí a tal perversão mental que amesquinhava aquilo que era suposto constituir um escol genuíno, degradando-o  num escol postiço. Nos antípodas disto, e só para exemplificar um caso paradigmático, a Legião Estrangeira, o mais lendário corpo militar de elite à escala mundial, cumpria, nos seus tempos áureos (também já não é hoje o caso) um critério de promoção absolutamente meritocrático: chegava a sargento, oficial e comandante do regimento apenas alguém que se destacasse pela sua bravura e competência marcial desde o posto de soldado raso. Príncipes russos,  oficiais superiores de outros exércitos,  escritores famosos, quem quer que fosse, entrava na legião com o posto de soldado raso. Começa do nada em que principiava por ser. E ascendia ou não consoante o seu valor em combate. O príncipio vigente era, pois, vincadamente aristocrático
Ora, a nossa instituição militar não era aristocrática, como deveria (e adoptava a mera pose fátua de desfile), mas apenas, e ferozmente, burocrática. Era e é. Foi esse o principal cancro que minou  a estrutura e rebentou no 25 de Abril. 
Quanto ao que desencadeou e armou o gatilho que viria a repercutir  toda a nação na fatífica manhã, teve a simples forma dum decreto de lei, do então Ministro da Defesa Sá Viana Rebelo. Um decreto que, justa mas inoportunamente, tentava alterar essa burocracia arreigada. Justa, porque era de todo merecida; inoportuna, porque devia ter sido corrigida há muito e prevista desde antes da própria guerra . Não é no meio da bernarda que se alteram as regras do jogo. O efeito, nesse caso, será sempre contrário e adverso à intenção. E ao procurar corrigir uma maleita, arrisca-se quase sempre em provocar um mal muito maior. Foi o que aconteceu. Mas em que consistia.a tal lei...
Havia um problema crescente de preenchimento do efectivo de quadros do exército. Em tempo de guerra, o ripanço já não é garantido, pelo que a Academia fica um bocado às moscas. Os tipos com vocação guerreira rareiam (característica típica dos povos cada vez mais iludidos e amolecidos pelas sereias do conforto)). Pelo que teve que começar a recorrer-se, cada vez mais, ao recompletamento das necessidades do Ultramar com oficiais e sargentos milicianos (gente vinda do liceu e universidade). Nestes, como nos outros, havia os que tinham vocação e espírito para a guerra, e havia os que estavam ali sem gosto nenhum e bastantes ideias desmoralizantes. O Partido Comunista tripulava alguns deles.
A lei Sá Viana Rebelo (Decreto-lei 353/73) autorizava que os capitães milicianos, após um curso de aperfeiçoamento de 1 ano na Academia,  pudessem  ingressar no quadro permanente, onde lhes seria contado para efeitos de promoção o tempo de serviço em combate (o diploma era apenas aplicável às armas combativas - Cavalaria, Artilharia e Infantaria).  Os meninos da Academia acharam isto um crime de lesa carreira, atentado ao sacrossanto mapa de promoções, pelo que, zelotas ultrajados, inciaram reuniões, que começaram por ser sindico-corporativas e acabaram no endo-esqueleto do Golpe militar de 1974.
Os oficiais milicianos tiveram assim um duplo efeito perverso: os maus tornaram-se foco de contaminação desmoralizante (junto das tropas no terreno e dos outros graduados); os bons, e alguns dos melhores combatentes portugueses foram milicianos, devieram causa para um gesto imprudente da governação.
Não deixa também de ser irónico que foi do que começou por ser um efectivo movimento reaccionário de ordem corporativa (de resistência à mudança) que veio a germinar e emergir um movimento pseudo-revolucionário. Quer dizer, para que se mantivesse a casta em todo o seu regalo burocrático, tinha que se mudar o regime da nação. Ou dito em termos actuais: "Olha, já que vamos lá protestar, aproveitamos e mudamos o governo!"
A transformação do mero egoísmo funcional em altruísmo revolucionário (o reprimir o desplante miliciano camuflou-se de libertação nacional) foi a forma de mascarar este movimento não apenas de capitães, mas de capitães contra outros capitães, tenentes e alferes (que a casta ofendida considerava inferiores e indignos de idênticos privilégios). Foi também uma frente contaminada e armadilhada desde muito cedo por um oportunismo premeditado e capcioso, onde certas figuras mais politizadas por ideários peregrinos e virulentos (ou meras ambições pessoais desmedidas), manobraram, manipularam e conspiraram sem grandes embaraços. Mas essa influência, estou em crer, nunca seria determinante per si. O que lhes facilitou o trajecto e o posterior malefício foi o próprio e inusitado decurso dos fenómenos. Inebriados pela resignação fácil e inerme do regime mais os banhos populares subsequentes, os pategos fardados enquistaram-se na própria máscara e deixaram-se conduzir, alegre e parolamente, pelos acontecimentos... e por aqueles que tinham uma receita prévia para os mesmos. Tirando estes, todos os outros eram autênticos parvenus da revolucinha, com todos os tiques, paloncices e deslumbramentos inerentes. Uma adolescência pegada, serôdia e impenitente, forjada em parque infantil temático.
O entranhamento corporativo era tão profundo, despótico e atávico entre o circo do MFA que foi possível alistar na mesma cegada indivíduos ontologicamente tão díspares como Otelo Saraiva de Carvalho e Jaime Neves. Precisamente porque o que os unia no golpe, não era, manifestamente, algo de ordem política, mas corporativa. Era o Quadro Permanente dos puros contra os espúrios, os rafeiros, os intrusos. Higienismo corporativo, se me permitem o termo.
Um Império soçobrou num mar de infâmia por causa  duma coisa tão reles, pífia e mesquinha? Sim. Restam dúvidas? Apesar do aviso, deixaram-nos à vontade  com a boceta. É possível lavar esta nódoa da face do Exército Português? Com uma espécie de novas Termópilas, talvez. Pela minha parte, e na condição vitalícia de ex-oficial Milº "Comando", embora não tendo participado no descalabro, partilho a vergonha. Pelo que estarei sempre pronto.
E é preciso não esquecer que só uma coisa ficou guardada: a esperança.

PS: O corporativismo do antigo regime, quanto a mim, potenciava perversões decorrentes do carácter pouco nobre dos portugueses. Se a ideia era desarmadilhar a "luta de classes", acabou, de algum modo, por se fomentar a "luta de castas", ainda hoje tão frequente e mediocrizante entre nós. Aprofundarei este considerando quando me debruçar sobre a "formação das elites".

PS2: Em 21 de Fevereiro de 1966, escreve Franco Nogueira no seu diário: "Conversa ao acaso com o Director da Polícia Internacional. Falei-lhe da censura, que me parecia exagerada e às vezes estúpida. Concordou, e disse que há um ambiente político desagradável. Curioso: mostrou apreensão sobre o que se passará com o desaparecimento de Salazar. Em seu entender, apenas as Forças armadas "aguentarão isto", e repisou este ponto de vista uma e muitas vezes.


86 comentários:

Anónimo disse...

Completa ou não, esta é a melhor análise que li do desastre de 74.
Acredito muito nesta explicação simples sem tretas rebuscadas.
Finalmente alguém consegue discutir este assunto de forma objectiva e sensata.
Continua tabu em todos os mérdia.

Anónimo disse...

Para emoldurar.
Obrigado pelo testemunho

Miguel D

majoMo disse...

Excelente síntese do acontecido e dos motivos subliminares não explicitados aos incautos e deslumbrados por cravos floridos.

Não por acaso, Portugal tem mais Generais do que os EUA (em termos relativos, e há uns anos vindo a público tal notícia) - e sem Guerra...

Cuidaram-se bem e comemoram tal feito nos meses de Abril...

JSP disse...

A Verdade da História.

Unknown disse...

Um desafio ao Draco, considerando esta revelação:
E que tal um In Stahlgewittern em português? Podia ser um belo serviço 'as Forças Armadas Portuguesas e 'a História.

Miguel D

lusitânea disse...

Só pergunto qual era o problemas dos milicianos terem ido fazer a AM...se queriam continuar como aliás muitos fizeram com água benta qb...
Merda sempre houve em todo o lado mas na guerra detecta-se muito melhor.Eu fui vendo coisas que não dão para separar os bons dos maus da fita.Mesmo nos comandos...

dragão disse...

Caro Miguel,

Era preferível relatar a parte que tenho em comum com o Jünger. Dizem...
E sempre era mais romântico. Até porque das Fraquezas Armadas Portugueses, no seu estado actual, toda a distãncia é pouca!...

E há tantos, dos melhores, que merecem a nossa homenagem e que estão antes de nós!... Como o Príncipe Van Uden, por exemplo.

Euro2cent disse...

> A lei Sá Viana Rebelo (Decreto-lei 353/73)

Acho que é a primeira vez que vejo os dados todos postos preto no branco, apesar de já ter visto no passado breves alusões ao interesse corporativo do MFA.

Assim ainda é mais repelente. Tão nojento como a ordem dos médicos a fechar o acesso à profissão, mas de consequências mais graves ainda.

dragão disse...

Lusitânea,

não sei se conhece aquele livros "Comandos contra comandos" (ou coisa que o valha. Trata do confronto de ex-comandos que se passaram para o MPLA contra os comandos do Coronel Gilberto Santos e Castro. Por sinal integrados na coluna da FNLA que baqueaou nos morros do Quiifangongo... A ver se falo nisso.

dragão disse...

Euro2cent,

Vá-se preparando, que há mais.

Ricciardi disse...

O q é q um comando fazia em angola?
.
Melhor teria sido um contra-feiticeiro. Bala di brancu não mata. Ai mata mata.
.
Guerrear contra matumbos com força área a apoiar deve ter sido coisa de crianças.
.
O meu paizinho q lá perdeu uma perninha dizia q o capim era o diabo. Eu há uns tempos fui a malange, às quedas de kalandula (ex-duque de Bragança) e vi o capim que ele falava. Metro e meio. Parei, avancei capim adentro, abri a braguilha e disse sem ninguém ver: vede matumbos nem todos os portugueses a têm pequena.
.
Rb

zazie disse...

Pois é.

Mas fica a pergunta:

Era assim muito diferente na República?

Foi assim muito diferente nas revoluções liberais?

dragão disse...

zazie,

Julgo que não.

Duarte Meira disse...

Dragão:

O que diz é certeiro, mas é uma parte: embora importante, é apenas uma parte da questão, da "Situação".

É de salientar o que até o director da Pide reconhecia eufemisticamente: " ... que há um ambiente político desagradável."

Antes desse problema com a corporação militar, já tínhamos homens de inegável têmpera guerreira, como Delgado, Galvão ou Paiva Couceiro a revirarem contra o "ambiente político"...

Lembre a carta, já de 1937, do grande comandante monárquico a Salazar:

http://www.angelfire.com/pq/unica/ultramar_1937_paiva_couceiro_ultramar.htm

dragão disse...

O Galvão e o Paiva, sim. Conheço bem os casos. O Coca Cola não o poria lá perto.

zazie disse...

Mas é cá uma estocada tudo isto que contas.

ehehehe

Andaste bem caladinho este tempo todo.

Vivendi disse...

Uma pensamento impressionante...

A great civilization is not conquered from without until it has destroyed itself from within.

Ariel Durant



Vivendi disse...

Estados Unidos:

Área Total: 9.600.000 km
População residente: 312 Milhões

US Supreme Court: 9 membros

US Army:
877 Generais
1.133.699 Efectivos
1 General para 1293 Efectivos

Portugal:
Área total: 92.000 km
População Residente: 10,7 Milhões

Supremo Tribunal da Justiça: 60 membros

Forças Armadas:
132 Generais
64.000 Efectivos
1 General para 485 Efectivos

http://vivendi-pt.blogspot.pt/2012/04/comparando.html

Zephyrus disse...

Caro Vivendi,

os portugueses são velhacos para se enganarem a si próprios, para enganarem os seus, os da tribo. As elites portuguesas enganam a plebe com a sua chico-espertice.

Mas na cena internacional as elites americanas, russas, inglesas ou alemãs estão muitos degraus acima dos parvos cá da terra. Sobra-lhes em vaidade o que lhes falta em inteligência. O Mexia é tão bom gestor que a EDP tem 18 mil milhões de euros em dívida. Os da PT e do BES foram uns génios. A Santa Casa tem um monopólio de jogos de sorte e de azar ridículo e perverso. A TAP e a RTP é o que se sabe.

A Igreja portuguesa não sabe instruir. Muita fé irracional, muita emoção, muito sentimento. Que falta fazem os Jesuítas e os Templários na nossa Igreja! O problema não está, como diziam os jacobinos republicanos, na Igreja Católica. Está sim dentro da Igreja portuguesa.

Os magos anunciaram o novo Império. Está no Novo Mundo. Camões disse-o nos Lusíadas. Portugal é coisa em morte há 4 ou 5 séculos. Morreu e ficou o cadáver, como o Egipto morreu há 2 milénios.

Zephyrus disse...

As elites dos EUA ou do Reino Unido lixam os outros para cuidarem dos interesses dos seus.

As elites portuguesas vendem-se e lixam os seus.

Foi assim em 1580, no século XIX e é assim há 5 décadas.

Zephyrus disse...

Não temos escolas de elites.

Os ingleses têm, por exemplo, Eton.

Os colégios católicos portugueses formam espíritos débeis com a sua fé irracional.

Os outros colégios são negociata onde se compram médias internas.

As escolas públicas, salvo honrosas excepções, são uma bandalheira.

Não se formam elites em Portugal que conheçam e amem o seu país e as suas gentes e que queiram prosseguir o projecto que ficou a meio no século XVI. Ou que pelo menos aguentem o país sem ser enxovalhado lá fora como caloteiro e corrupto.


Zephyrus disse...

«O corporativismo do antigo regime, quanto a mim, potenciava perversões decorrentes do carácter pouco nobre dos portugueses. Se a ideia era desarmadilhar a "luta de classes", acabou, de algum modo, por se fomentar a "luta de castas", ainda hoje tão frequente e mediocrizante entre nós. Aprofundarei este considerando quando me debruçar sobre a "formação das elites".»

Concordo.

dragão disse...

«Andaste bem caladinho este tempo todo.»

nem por isso. Bastava, às vezes, ter lido nas entrelinhas...

«As elites dos EUA ou do Reino Unido lixam os outros para cuidarem dos interesses dos seus.

As elites portuguesas vendem-se e lixam os seus.

Foi assim em 1580, no século XIX e é assim há 5 décadas.»

Zephyrus,

na mouche. É exactamente isso.

José disse...

Ora bem. Há quinhentos anos a descer?

Huummm...é muito ano, e pelas contas já deveríamos estar ao nível do burkina faso ( era o que se dizia há anos sobre o paradigma de terceiro-mundo...) e não estamos.

Isto é uma espécie de sebastianismo ao contrário. Explica-se a decadência pela ausência de ânimo ou de outra coisa qualquer que cola bem com a ideia.
Em resumo, perdemos o graal em finais de quatrocentos e andamos sem rei nem roque e sem saber o que queremos. Portanto, nem esperamos qualquer sebastião de pedreiras ou de pederneiras, porque nem nos damos conta.

Acho que não é assim tão mau e digo isto só para embirrar democraticamente.

A nossa grandeza o que foi, já agora?

Sim, realmente, o que foi mesmo?

Sermos como os americanos são agora?

Mas...se mesmo por aqui são detestados como a malina e a peçonha do séc. XXI como é que os tomamos como paradigma?

A Inglaterra de hoje é modelo de alguma coisa?
Eton tem alguma coisa a ensinar nas ciências humanas da política?

Eu só vejo vantagem real nas escolas de conhecimento prático e engenhoso que é o que os igleses, alemães e americanos têm. Quanto a inventores estamos servidos em engenhocas, embora não estejamos servidos em grandes tecnologias e inteligências naturais.

Mas isto, como digo é para obrigar a reflectir e para não andarmos sempre a carpir mágoas em busca de um tempo perdido que se calhar nem foi assim tão glamoroso como o querem pintar.

José disse...

Acho que a grande reflexão a fazer é sobre Deus. E isso é tão difícil que prefiro saber o que São Tomás já ensinava na Idade Média porque realmente nada mais se disse de novo.

"
“Abomino o pecado, embora ame os pecadores.”


“A beleza é a marca do que é bem feito, seja um universo, seja um objeto.”


Preferia que a missa fosse rezada em latim, com cânticos antigos porque me dá a sensação de estar num lugar magico em que Deus é algo que não se vê e não se sente, mas está presente no espírito seja de que modo for porque isso fica com a imaginação de cada um.

José disse...

Portugal perdeu a noção de Deus no espaço público das escolas, dos púlpitos políticos e outros lugares.

E isso tem sido fatal porque até há vergonha em se dizer "até amanhã, se Deus quiser".

o jacobinismo invadiu tudo como um tsunami.

José disse...

Se forem procurar bem, tal não acontecia nos anos sessenta...

muja disse...

Espero que haja mesmo mais.

Porque, apesar de exposto o problema corporativo, há coisas que isto não explica, a meu ver.

Porque é que não há oficiais superiores? Onde estavam majores, tenentes-coronéis, coronéis? Suponho que os generais estarão já na calha.

Também não explica a tolerância política que eles tiveram. O Silva Pinto diz no livreco que publicou recentemente que havia quem os quisesse prender, o que, aliás, se justificava perfeitamente.

muja disse...

Tendo a concordar com o José no que ele escreveu.

Também me não agrada esse sebastianismo ao contrário.

E essa história das "elites" dos outros serem boas e as nossas más é como tudo... Aposto que dizem isso em todos os países...

Porque, a bem dizer, bastou um Salazar para fazer mexer mais isto em 40 anos que nos anteriores duzentos. Evidentemente não foi o Salazar que fez tudo sozinho. E ele lá conseguiu desencantar quem desse uma ou duas para a caixa.



muja disse...

Portanto, procurando bem, até se arranja quem não seja mau de todo.

E até se arranjou quem era melhor que isso sendo mesmo bom, quando as circunstâncias o exigiram.

muja disse...

Porque vamos lá ver: fala-se em "ambiente político". Voltamos ao mesmo; o ambiente político hoje é uma trampa. E está tão para as curvas que não se vislumbra fim à vista. Porquê?

A verdade dos factos, a frio, é esta: politicamente, o sistema funcionou como nenhum outro! A sucessão a Salazar é um processo irrepreensível. Atentando então a quem era sucedido e à condição de guerra do país, é um feito notável! E atesta a competência jurídica e política de quem o organizou.

O que houve foi um atentado à democracia e à constitucionalidade! À democracia porque havia, apesar de tudo, eleições a que se não pode disputar completamente a representatividade; e a própria constituição atentada foi sufragada!

O circo posterior ao golpe não pode servir de confirmação a uma profecia auto-realizada! Não é resultado de opressão acumulada nenhuma e era tão ou mais fácil montá-lo hoje como era na altura.

Portanto, mantenho: os senhores vêem o regime com os olhos da altura. Mas os olhos de agora vêem de forma diferente, mais clara porque menos sentimental: aos padrões de agora, o regime funcionou perfeitamente.




Vivendi disse...

"Se a democracia consiste no nivelamento pela base e na recusa de admitir as desigualdades naturais; se a democracia consiste em acreditar que o Poder encontra a sua origem na massa e que o Governo deve ser obra da massa e não do escol, então, efectivamente, eu considero a democracia uma ficção."


António de Oliveira Salazar in «Citações de Salazar

muja disse...

Aliás, funcionou tão perfeitamente que, com uma lei de imprensa (que estava a ser estudada) e mais umas maquilhagens à DGS para acentuar o papel de serviço de informações, e com eleições por sufrágio universal para PR, era um sistema que não devia nada a qualquer outra democracia civilizada.

E estas alterações em nada eram impossíveis e enquadravam-se perfeitamente no mecanismo de reforma do regime pela revisão constitucional previsto pelo próprio.

Vivendi disse...

"O nosso grande problema é o da formação das elites que eduquem e dirijam a Nação. A sua fraqueza ou deficiência é a mais grave crise nacional. Só as gerações em marcha, se devidamente aproveitadas, nos fornecerão os dirigentes – governantes, técnicos, professores, sacerdotes, chefes do trabalho, operários especializados – indispensáveis à nossa completa renovação. Considero até mais urgente a constituição de vastas elites do que ensinar toda a gente a ler. É que os grandes problemas nacionais têm de ser resolvidos, não pelo povo, mas pelas elites enquadrando as massas."


António de Oliveira Salazar in «Homens e Multidões» de António Ferro.

muja disse...

Portanto, vamos com calma. Pode ter sido sempre a descer nos últimos quinhentos anos. Mas de há oitenta para quarenta anos, subiu-se um bocadinho...

Pode não ter sido monárquico, tradicionalista, isto, aquilo ou aquel'outro conforme as inúmeras, infinitas, preferências de cada um. Mas era nacional e era bom. Estudou com dúvida e realizou com fé. E estudou e realizou mesmo.

E não desabou nem derrocou, nem estava em dissolução nem estava podre: foi deitado abaixo.

Vivendi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
dragão disse...

José,

isso é um gajo a querer agarrar-se a pentelhices, para não ter que enfrentar a realidade.

Estamos a falar das "elites", não estamos a falar da nação no seu todo. Pelo contrário, se algum assomo de digninidade e perseverança tem havido é do "povo". O facto é que as elites são rascas (e o próprio Salazar, depois daquele esforço improfícuo e mal concertado, concordava).

E essa de Deus é para rir, não? Ve lá os Ingleses, os Americanos, os Alemães e toda essa malta que tu até pareces admirar pela sua pujança económica, e diz-me lá se Deus lhes faz falta.
Deus é o mercado, ora essa. Não foi cabo dessa igreja que os comunas deram cabo?

«Ânimo", a palavra que tanto te parece contender com o sistema, significa "alma" (do latim e ainda agora). Então não é a alma, mas é a falta de Deus. Deus serve para quê, para ouvir latim e mastigar pastilha de cereal?
Então lês "Portugal perdeu o espírito, perdeu a alma" e depois apresentas-te aqui a proclamar que "falta Deus"....

Estás a arrombar o quê - Um portão escancarado? Está a discordar do quê: daquilo que ao mesmo tempo proclamas?

Lês aqui "A". Outro tipo escreve-te A lá no Blogue. Depois dizes que concordas com "A", mas que o meu A é teoria da conspiração...

Guarda lá a bicicleta e toma lá o balde.







Vivendi disse...

Mais uma vez insisto:

- monarquia tradicionalista
- conselho de sábios (no mínimo 12 e ao estilo clerical) - anciãos da sociedade com prova de vida
- primeiro-ministro executivo (proposto pelos sábios e aceite pelo rei)
- zonas administrativas militares


E o Dragão? Que solução idealiza?

dragão disse...

«Portanto, vamos com calma. Pode ter sido sempre a descer nos últimos quinhentos anos. Mas de há oitenta para quarenta anos, subiu-se um bocadinho...»

As elites, Muja, as elites. Estava-se a falar das elites. Uma andorinha não faz a Primavera (nem meia dúzia, tão pouco)...
Aliás, a Primavera já sabemos quem a faz, precisamente com andorinhas falsas, por falta das verdadeiras.

muja disse...

E se há coisa que a tragi-comédia relatada no postal revela dolorosamente é isto: o regime não caiu por ser pouco democrático; foi deitado abaixo por ser demasiado democrático para alguns!

Falando clara e desassombradamente, a quem deitou o regime abaixo não agradava a democracia que havia e portanto trataram de a substituir por outra que lhes caísse melhor no goto.

Tanto assim é, que nenhum dos seus próceres e figurões - civis ou militares - tem qualquer pejo em pôr esta em causa desavergonhadamente sob o pretexto de qualquer questão menor!

dragão disse...

Vivendi,

As zonas administrativas não precisam de ser militares. E a primeira parece-me bem, embora, para já, e na realidade actual, extremamente difícil de implementar.
Virá outro tempo...

dragão disse...

«E se há coisa que a tragi-comédia relatada no postal revela dolorosamente é isto: o regime não caiu por ser pouco democrático; foi deitado abaixo por ser demasiado democrático para alguns!»

Não é bem isso. O termo correcto para definir o caisa foi "atentado à burocracia". Tanto que o regime posterior não se tornou, na essência, muito mais democrático, mas sim, muito mais burocrático. O que por exemplo o chorrilho, a diarreia permanente na produção de leis, leizinhas e mais decretos só atesta à saciedade. O regime anterior estava a ficar, digamnos, demasiado "liberal".

muja disse...

Ó Dragão, desculpe, mas é bem isso sim senhor.

Fez-se uma coisa que não agradou a uns quantos privilegiados e vai de deitar pela janela constituição - para mais sufragada!, o Direito, a separação de poderes, enfim, os mais elementares princípios de um estado republicano e democrático - justamente o que supostamente se queria implantar! - e fazem-se juntas e conselhos e cenisses à república das bananas para implantar o que justamente já havia!

O sistema político previa mecanismos e maneiras de reformar tudo quanto se exigia, reclamava, ansiava, em pleno cumprimento da ordem constitucional e legal. E funcionavam porque é inegável que se não viesse reformando; e o que é mais, nas mais das vezes, bem. Era burocrático mas todos os estados modernos o são. Portanto, isso não é desculpa.


muja disse...

Queixemo-nos das elites quanto quisermos, mas vir dizer que o regime não prestava, desculpem, mas isso não corresponde ao que daqui, deste tempo, se vê.

Todo esse rosário de queixumes, de jeremíades, de objecções são perfeitamente menores, ínfimas mesmo, comparadas ao que se fez e realizou. E isso é o que importa.

Não havia razão nenhuma, absolutamente nenhuma, para questionar o sistema político vigente, no sentido de o suprimir a qualquer custo. Não havia. Pode e podia preferir-se outros, mas não pode dizer-se que aquele não servia. Servia e serviu. E não serviu mais porque afrontou, finalmente, os privilégios de alguns. Exactamente os mesmos que são hoje... os privilegiados!

dragão disse...

Muja,

eu não me deve ter explicado bem.

A razão que levou à revolta foi o regime ter feito um atentado à burocracia. Neste caso, a mais importante de todas para a casta em questão: a burocracia militar.
Democrática, já a casta militar era, no sentido em que eram todos iguais perante o tempo (consignado na Lista de promoções). O que os chateou à brava foi algém querer alterar esse fundamento religioso, meramente burocrático (já que o que estava em causa, era a competência extraordinária para a guerra, e não a competência para uma determinada função pública ordinária).

Portanto, não estou a dizer que eles atacaram qualquer burocracia. pelo contrário, eles revoltaram-se contra quem, em seu entender, estava a beliscar a sua sagrada burocracia corporativa.

Fiz-me entender agora?

muja disse...

E toda a gente, toda essa legião de queixosos, de reclamantes, de resmungões, aproveitou para despejar sobre as costas desse regime tudo quanto era frustração, sectarismo e questão pessoal.

Foi o regime que mais e melhor fez por Portugal sabe Deus desde quando. E não há corrente, tendência, ou opinião política que dele se não queixe! Et pour cause...

Inventam-se todos os pretextos, todos as questões, todas as ínfimas objecções para negar o óbvio.

dragão disse...

Muja,

É comigo que está a falar?

zazie disse...

Não sei se estava demasiado liberalizado, se estava pouco.
Isso é como o copo, meio cheio ou meio vazio.

Agora o que penso é que "o povo", essa abstracção também nunca é sempre pura com ânimo em Deus ou impura descrente de tudo.

Havia uns personagens, bem do povo, que não tinham propriamente estatuto legal, como tinham os polícias e a polícia de segurança interna que eram uma nova versão da "formiga branca"- os bufos-

Não faço ideia quantos seriam mas o se papel e o facto de terem 2 caras para o poderem ser é suficentemente desagradável e poltrão.

Se foi excesso de liberalização, então esta bufaria estava a mais.

Se foi defeito, então só serviu para moralmente ir fazendo poltrões oportunistas por uns trocos para a reforma.

Anónimo disse...

Sois uma cambada de pessimistas empedernidos. Portugueses de boa raça, portanto.
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Olhai os lírios do campo e as aves do céu...
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Cheira-me a mofo às vezes quando vos leio. Tenham lá paciência, mas tenho este defeito de dizer o que penso. O ar das virtudes do passado torna-se bafiento sem corrente de animo. Eu chamo-lhe passadismo. Porque de passadistas se trata. Os sebastianistas são no fundo... passadistas.
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A grande diferença entre um passadista e um tradicionalista é que este último mantém animo para o futuro porque conserva aquilo que o tempo fez questão de fazer sobreviver. E se sobrevive ao tempo é porque é coisa boa.
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Más são apenas ideias que resultam de meras circunstancias, irreplicáveis portanto. Como o Salazarismo.
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Ide tendes estradas, barragens, escolas, hospitais, universidades, conhecimento para ter um futuro melhor. E tendes a história para lição.
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Saí do bafío. O Vivendi está certissimo. Era por aí em termos ideais. Mas não vai poder ser. A democracia é uma doença crónica. Depois da infecção ninguém se livra dela. Vive com ela e modifica-se para se adpatar melhor. O ideal seria a governance eleita pelo mérito e chefia máxima do estado por quem guarda a tradição. A democracia pode ser aperfeiçoada.
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Portugal tem uma democracia há 40 aninhos. Os bifes e gringalhada têm-na há 250 anos, creio. Tem de estar mais aperfeiçado o sistema do que o nosso.
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Não creio nas virtudes do Salazarismo. Creio nas virtudes de Salazar. Não creio, constato. O Salazarismo não produz salazares com boa probabilidade de exito. Produz elites penduradas no despotismo, frequentemente, de esquerda ou de direita. Não interessa, nem pode ser modelo.
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Qto ao post. Bem, a moral das tropas comuns nunca poderia ser grande coisa. Principalmente decorridos uns 3 ou 4 aninhos. Se não sentem justa e interessante a causa perguntam-se: ora porra, para que é que estou a arriscar a vida?
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Não se trata de combater por uma bandeira. Trata-se de combater pelas ideias de um lider que pensa que fala pela bandeira. Ninguém está disponivel a seguir uma ideia com a qual não se identificam e acham importante. Só se forem obrigados, como era o caso.
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Se a guerra fosse pela manutenção e coesão de uma região de Portugal continental não tenho dúvidas que a moral das tropas não esmorecia.
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Se na decada de 50 tem feito como foi sugerido pelo Humberto (creio) uma consulta às gentes das colonias (brancos e pretos) provavelmente ainda as teriamos. E se as não tivessemos teriamos mantido os interesses.
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Creio que Marcelo não teve categoria nem pulso para contrariar os lideres militares. Um gajo já sabe: para esses quanto mais guerra melhor. É disso que vivem. São profissionais da coisa. Os politicos é que tem de ter mais cabecinha e, sobretudo, liderança para conter os falcões da guerra.
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Rb

zazie disse...

Mas desde quando as altas patentes que ganhavam balúrdios com as comissões militares, estavam interessadas em fazer um golpe para irem jogar dominó para a messe?

Tretas. Tretas absolutas. Entendo melhor que fosse corporativismo interno para mais benesses e por revanches entre eles.

O VPV diz estudou os movimentos liberais e garante que já era assim- sempre se fizeram revoluçõeszinhas militares por aumento de pré.

aliás, essa visão hippie do morgadinho é uma anedota:

Então os tipos alinham num golpe de Estado arriscando ficarem ali mortos e era por causa das mãezinhas estarem com medo de poderem morrer no ultramar?

zazie disse...

"Não se trata de combater por uma bandeira".

Pois não. Nem havia portugueses fora do Continente.

Aqui8lo eram países estrangeiros ocupados por ordem de ditadores.

Lutar por uma bandeira só 2 mil anos depois em Israel, mandando desorelhar quem lá estava para se auto-determinarem da opressão do mundo.

Anónimo disse...

O estado de espirito das maezinhas oh zazie é mais importante do julgas. E isso muda tudo. Uma guerra, tambem.
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Manda lá o teu filhote seguir eventuais ideias de alguém para reconquista das colónias a ver se não dizes logo: menino fica-te aí na bifalhandia (creio que está lá, não é?).
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Rb

zazie disse...

Mas realmente essa dos melicianos e generais com medo da guerra e por causa do medo das mãezinhas a fazerem um golpe de Estado para desocuparem países de africanos, só mesmo de um judeu.

Não é por nada- é a evidência do escrito.

zazie disse...

Mascarado, claro- de um fantasiado de outra raça e de outra bandeira.

zazie disse...

Sim, claro e foram os filhotes que fizeram o MFA.

Consta mesmo que foi a mãezinha do Otelo que traçou o plano.

Nas Caldas tinha sido as mãezinhas em chá que preparam atablhoadamente a coisa.

Ricciardi disse...

Com isto quero dizer que sem animo não se leva empresa alguma a bom porto.
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E o animo devem de várias coisas. No caso da guerra, que seja justa e cujos efeitos sejam percepcionados como úteis.
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Sem isto a moral do povo descamba. Fazem tudo para boicotar os esforços da guerra.
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Rb

muja disse...

Dragão, com todos.

Mas agora percebi o que quis dizer.

Portanto torno: que é então isso - o que esses sujeitos fizeram - senão um atentado à democracia?

Que dizer, o poder legítimo e constitucional decidiu algo que estava no seu pleníssimo direito de decidir, e como não agradou aos senhores militares, zás! deitam o governo, o Estado, a Nação abaixo!

Se isto não é o cúmulo da anti-democracia, não sei que seja!

zazie disse...

Que raio de merda é essa de colónias com que andas sempre na boca?

Colónias, na volta, também podia ser a Madeira e os Açores ou ilhas desabitadas para onde foi gente.

A puta da tua visão fede de racismo e de cópia racista perfeitamente besta.

Portugal tinha ser apenas no Continente. A saga das Descobertas tem de ser uma vergonhosa saga de colonialismo comos os bons dos estrangeiros democráticos fizeram depois.

muja disse...

Para dizer o que se pensa, é preciso pensar primeiro...

Então se foram os profissionais que se insurgiram, não foram os que iam obrigados... Que, por sinal, até estavam a fazer bom trabalho...

zazie disse...

Para pensar é preciso ter, pelo menos, um neurónio disponível.

Não se pode pedir ao vazio que faça sinapses.

muja disse...

O que eu quero dizer é que há dois pesos e duas medidas. Não se julga - ninguém quase julga - o regime anterior imparcialmente.

Não se julga como se julga o de agora, por exemplo. Ou a 1ª República! Ou a monarquia constitucional.

E não falo da esquerdalhada. Esses nem contam para o efeito.

Quem, apesar das opiniões, devia fazer bloco em torno do regime não fez - e o que é sintomático - continua a não fazer, mesmo agora que estão vistas, revistas e comprovadas as consequências!

O regime, o sistema político, representava adequadamente, defendia e resultava do interesse nacional? É isto somente que importa.

muja disse...

E fazer bloco não é ser saudosista, passadista, ou querer o tempo de volta como diz o José.

É simplesmente reconhecer o interesse nacional onde ele justamente existe.

Porque convenhamos: se se não vê o interesse nacional num regime que o promovia, então não se vê em nenhum!

muja disse...

É por isso que eu tenho dificuldades em compreender essas sugestões alternativas de monarquias, etc:

Então se nem àquele, que existiu, que fez, que realizou positivamente, se reconhece a obra; então é num abstracto, num projectado, num por realizar que se vai reconhecer?

Quem realmente defende um sistema que sirva o país, tem de defender inequivocamente a 2ª República independetemente de preferências pessoais. É nesse sentido que eu faço gala em me dizer salazarista.

Ou bem que somos pelo interesse nacional ou não somos. E se somos, temos de sê-lo sempre e reconhecê-lo onde quer que esteja.

muja disse...

Mas ninguém faz bloco! Mais depressa o fazem à volta desta trampa que nos servem agora, alegando que é o possível, que é o menos mau...

Ao outro procuram-lhe buracos, a este tapam-lhos...

É esta dualidade que eu não compreendo... Eu julgo pelo que foi, não pelo que podia ter sido.

Ricciardi disse...

Cala-te oh Zazie. Assemelhas-te à Catarina Martins que me irrita a membrana dos timpanos, tu só o fazes ao meu téquinho solitário e de estimação. Que queres, nem todos podem ter dois.
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Se não for incomodo para ti, abstem-te de comentar os meus comentários.
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Eu tenho a minha pequena loucura. Não preciso da tua. Comento para me distrair e tu atrapalhas-me o raciocionio. As mulheres tem destas coisas.
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Ainda se me atrapalhasses com uma aproximação sensual, com vestido decotado e perninha a-dar-a-dar a sair da saia ainda daria por bem empregue a distracção. Mas não é só palavras ofensivas e brejeiras e eu não tenho essas inclinações sado-qualquer-coisa nem paro em esquina alguma para meter conversa de baixo nivel.
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Rb

José disse...

Bem gostaria de participar mais nesta discussão mas estou a meio de um trabalho em que se ouvem mentiras descaradas e é preciso estar atento.

Mais logo...

muja disse...

E quando digo salazarista, digo marcelista!

Porque quando dizem que o Salazar lá devia ter posto um rei, é preciso averiguar, antes de mais, se o podia ter feito. Porque dizer é mais fácil que fazer.

E depois, o que, ou quem, impediria de fazerem ao rei o que fizeram a Marcelo ou a Tomás?

Os monárquicos? O povo? Viu-se em 1910...

zazie disse...

Foi o Movimento das Mãezinhas das Forças Armadas


":O))))))))))

zazie disse...

É assim que se abortam os golpes.

As mãezinhas são umas linguarudas.

Então não é qeu o meu rico filho, que usa aquele monócolo tão charmoso que lhe ficava muito melhor na messe de cá que na messe de lá, quer também alinhar num golpe contra o filh oda Jaquina que
e bem mais senasto?

E pronto. contou à Jaquina e lá se abortou o golpe.

Realmente, estas mãezinhas nunca tiveram paizinhos que impedissem os filhos de ir para a carreira militar.

zazie disse...

De todo o modo, e isto é para o Muja, se o golpe do MFA foi feito para entregar o ultramar, então aquela malta estava era a sonhar com a reforma antecipada.

O que, como é mais que óbvio, só pode ser dito por quem nem fez a tropa, quanto mais conhecer o que é a carreira militar e o que se ganhava em comissões no ultramar.

muja disse...

Lá está... Por isso é que eu acho que a coisa tem mais que se lhe diga...

Por isso perguntei pelos oficiais superiores... que não são tidos nem achados em história nenhuma.

Que essa história de privilégios sirva para embarcar capitães, percebe-se. Agora os outros a quem já ninguém ia passar à frente...

Além disso, aquilo não se podia organizar sem cobertura superior. E sabemos que houve cobertura e sabemos quem a deu. Foi o Costa Gomes. Porquê?

Era por causa dos privilégios? Quais é que lhe faltavam?...

muja disse...

Portanto, se aquilo aconteceu e só podia ter acontecido com cobertura das altas hierarquias - e ninguém ameaçou os privilégios das altas hierarquias, teve que haver outra razão, outro interesse, que se sobrepôs e usou aquele.

muja disse...

O Spínola, ainda acredito que pudesse ser por solidariedade corporativa, mas não ponho as mãos no fogo.

Mas o Costa Gomes? Está bem está...

dragão disse...

«Portanto, se aquilo aconteceu e só podia ter acontecido com cobertura das altas hierarquias»

Santa ingenuidade...

José disse...

"Lês aqui "A". Outro tipo escreve-te A lá no Blogue. Depois dizes que concordas com "A", mas que o meu A é teoria da conspiração...

Guarda lá a bicicleta e toma lá o balde."

Calma com as conclusões.

O que eu digo e não quero ser troca-tintas é que tendo a aceitar essa versão. "Tendo" e "versão", porque factos há muitos.
Ultimamente, mais concretamente desde que soube por ocasião da data redonda do 25/4 o que se passou na avenida das Naus e junto aos vendedores de bacalhau locais, foi para mim uma revelação feita de semioses diversas.

A cena macaca da chapada ou murro que o um dos oficiais prometeu ao outro que não se queria render é por demais eloquente da rábula que tudo isto na verdade não deixou de ser.

As FA estavam tomadas por um espírito de "camaradagem" que nem o Alpoim Calvão conseguiria desfazer, antes pelo contrário.
Porreirismo versus militarismo deu nisto.
E por isso questiono seriamente se os milicianos que estavam na tropa, entre os quais te incluis garbosamente de boina vermelha, tinham a noção do espírito militar, sei lá, para ir o mais longe possível, de um japonês. Um samurai é um verdadeiro militar. Um miliciano portuquês é um açafate desse militarismo.
Para ficar por mais perto, os prussianos eram militares.

Os milicianos nacionais-porreiristas eram apenas uns gajos com estudos qb a quem deram umas divisas depois de lhes ensinarem como se pegava numa arma e terem oportunidade de ler o Marighella. estou a caricaturar, mas não andarei longe, pelos que conheci.

Portanto a minha teoria carece de mais provas num aspecto essencial sobre as "teorias de conspiração": não sei e desconfio que nunca houve acordo algum entre Marcello Caetano e quem quer que fosse.

Marcello era íntegro, a meu ver e até prova em contrário.

Continuo a admirar o indivíduo.


E assim, para já prefiro andar a pé. Depois, logo se vê.


José disse...

Mais à tardinha que vou continuar a ouvir mentiras por umas horas.

muja disse...

Bom, então vamos por partes:

teve, ou não teve, a cobertura das altas hierarquias? Nomeadamente do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas?

muja disse...

E não falo do golpe, nem sequer do MFA.

Falo do movimento dos capitães. Teve ou não teve conivência - digo mais: colaboração, do CEMGFA?

Zephyrus disse...

O Dragão já percebeu certamente que os EUA são uma plutocracia com um corpo de elites extraordinário que tem há muito tempo um projecto a longo prazo. São fiéis aos seus, compactuam com o mundo anglo-saxónico e embora isto não seja falado em Portugal, acreditam que têm um papel divino e essa inspiração mística está patente em diversos edifícios e monumentos.

O projecto colonial português feria dois grandes interesses globais, o comunismo e os interesses americanos. Os EUA ainda hoje temem o triângulo Brasil-Portugal-Angola pois colocaria a língua portuguesa a dominar boa parte do Atlântico. E quem o disse em livro foi o Niall Fergunson.

Zephyrus disse...

Os portugueses têm diversas fraquezas de espírito, que estão bem descritas por Salazar.

Quando em cargos públicos, colocam de parte o bem comum em nome de uns cargos para familiares e amigos, e em nome do deus Mamon. Não cuidam do interesse nacional e vendem os interesses do país por meia dúzia de tostões.

Só há nação com futuro se alguém no poder e com poder conhecer a fundo as particularidades da alma do português. Salazar conhecia-as e reflectia muito sobre o tema. O estudo do que fez e disse seria imprescindível nas escolas.

Zephyrus disse...

Zazie,

os estrangeiros democráticos abandonaram África pois fica mais barato continuar a explorar aquilo sem terem as despesas que o colonialismo acarreta. E depois, com umas guerras civis, sempre se vendem mais armas. Pagar obras públicas, militares, médicos ou professores? Para quê, se podem sugar as riquezas dos países sem aborrecimentos?

Definitivamente, a larga maioria dos portugueses não compreende o mundo.

Bmonteiro disse...

Algumas achegas:
a)Não me parece que os quadros militares fossem particularmente bem pagos em África.
Embora, durante as comissões, lhes fosse fácil em casa/família, dispor de auxiliares ou criados/as nativos, pouco usual na Metrópole;
Recebiam um suplemento de campanha, de valor pouco significativo, que me lembre.
b)Pergunta que devia ter feito a alguns oficiais mais velhos:como foram capazes de cumprir, uma-duas-três-quatro-cinco comissões, sem nunca se terem perguntado: perante o que encontraram em África, sociedade portuguesa e internacional envolvente, até quando?
Certo: o sucedido no Norte de Angola, exigia de facto o que foi feito: reagir e repor a autoridade. Era o mínimo, aliás depois seguido de um grande esforço no desenvolvimento económico e social até 1974.
c)Porque ignoraram os generais portugueses, a par do governo, os acontecimentos à nossa volta? O caso da Argélia Francesa e o papel do general De Gaulle, não lhes disse nada?
Tivemos um Spínola, não tivemos um De Gaulle.
d)Bandung, a ONU, os ventos da História...e o caminho português para o desastre: Golpe de Estado-PREC.
e)Consequências da rigidez do anterior regime, associado ao primarismo da sua mudança: do mau para os portugueses em África, do péssimo para as populações nativas via guerras civis subsequentes.
f)General De Gaulle, a pergunta de jornalista:
P: pensa que a Argélia irá continuar francesa?
R: claro que sim, a Argélia vai ser tanto francesa quanto a França á romana.
Do general pivot da reconstrução e desenvolvimento da França, insuspeito.

dragão disse...

Bmonteiro,

nós, portuguese, inventámos durante as Descobertas o navegar contra o vento, dito à bolina. O vento da história é uma ventosidade como outra qualquer. O resto também é um bocado como o "mostrengo que está no fim do mar"...

dragão disse...

Mas da massa salarial falarei mais adiante.

jsp disse...

Costa Gomes, posteriormente (anos 80), no Conselho Mundial da Paz e no Conselho Português para a Paz e Cooperação...

Bic Laranja disse...
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