Da nossa esquerda mascarada de esquerda já todos estamos fartos de conhecer e experimentar os efeitos, bem como o teor assaz fétido das acções. Operasse sozinha e há muito teria sido corrida a pontapés para a terra do Nunca Mais. O problema é que não opera. Tem a sua partenaire de plantão e serviço, simultaneamente seu garante, confidente e trampolim. Pois, a esquerda mascarada de direita. O palhacinho pobre do circo. Se pudéssemos contemplar isoladamente a esquerda mascarada de esquerda, dificilmente conteríamos o vómito, tal o asco que exala. Se pudéssemos fitá-la sem distracções, nem a mínima hesitação nos inibiria o escarro. Mas quando vamos para golfar, quando já armamos a lostra sonora e justiceira, eis que se nos depara a parelha fiel, a Sancha Pança da pseudo-quixota... E é o engasganço embaraçoso, a dúvida fatal: em qual vamos escarrar primeiro?
Dou um exemplo simples e integral. Escutem só este espécime eloquente e modelar. Atentem só nos primores do raciocínio, na finura da análise...
Dou um exemplo simples e integral. Escutem só este espécime eloquente e modelar. Atentem só nos primores do raciocínio, na finura da análise...
1. (Premissa maior, por assim dizer) «Não se limitou a espoliar-nos da nossa soberania financeira quando irresponsavelmente nos deixou cair no remoinho dos juros e tornou inevitável o pedido de ajuda externa para o Estado e os bancos cumprirem as suas obrigações mais básicas. Sócrates, não exagero, expropriou-nos também da democracia.»
- Eu explico: a Coisa Lomba queixa-se amargamente da Coisa Sócrates. Ter-lhe-á confiscado a democracia. A ela e aos amigos dela (a não ser que se trate do "nós majestático"), porque tal luxo nunca chegou ao dente da generalidade da lusa plebe. Ficamos, logo à partida, sem perceber muito bem se está a denegrir ou a promover o outro. Mas, de enfiada, a coisa adensa e agrava:
2. (Premissa menor, idem) «E com que liberdade iremos votar em Junho senão para selar um destino já traçado? Sócrates estragou-nos o passado e o futuro.»
A Coisa Lomba, mais os amigos, estão sem democracia e sem liberdade para exercer o voto. A Coisa Sócrates, ao que parece, arruinou-lhes o passado e o futuro. Ambos, pelos vistos, eram a crédito. Como por alturas da catástrofe trágica, o destino abate-se em toda a sua potestade e engrenagem. A nós que assistimos, segundo Aristóteles, compete-nos o terror e a piedade. Desponta a catarse? Não, nada disso. Tiremos o cavalinho da chuva. Afinal, nem sequer é de teatro que se trata: é apenas circo. Funambulice básica. Qual catarse, qual carapuça: é a pirueta, acompanhada de auto-tarte na tromba. Ora, oiçam:
3. (Conclusão, ibidem aspas) «Por isso, estas eleições são decisivas. Mostrar-nos-ão aquilo que valemos, até onde vai a nossa aprendizagem e discernimento.»
Como disse?????... Será que ouvimos bem? A democracia foi confiscada e sequestrada para parte incerta, a liberdade evaporou-se, o destino tenebroso está traçado, o voto resume-se doravante à ratificação de factores externos (olha a novidade) e o corolário lógico que a Coisa Lomba extrai disto tudo é que, afinal, "estas eleições são decisivas"? Então, se perderam (a Coisa Lomba e as coisas amigas dela) todo o poder de escolha e decisão, mais a soberania financeira e a virgindade anal, como é que vão decidir o que quer que seja? Isto é badalhoquice lógica das mais bacocas, ó lastimáveis coisinhas. Propaganda abaixo de táxi, ao nível de bancada de estádio da bola.
Para fazer dos outros parvos ou estúpidos convém o cuidado (ou higiene) mínimos de - nem direi ser, mas pelo menos parecer - menos estúpido que eles. Desmesurada tarefa que, claramente, esta Coisa Lomba não alcança. No afã de cobrir a Coisa Sócrates, descobre-se a si em todo o seu esplendor maltrapilho. Mas não é esse o papel do palhacinho pobre na farsa? Não é, pelo seu constante desastre e metódico disparate, promover o palhação rico?
Entendamo-nos. Tivesse a Coisa Sócrates arruinado apenas o futuro, confiscado a democracia e esterilizado para todo o sempre o voto, o arbítrio e o crédito à Coisa Lomba, mai-los respectivos amigos e coespécimes, e eu seria o primeiro o congratulá-lo e a enviar-lhe muitos parabéns. Mandar-lhe-ia até um postal de Boas-Festas acompanhado de diploma de Valor e Mérito. O caso, todavia, é que bem mais que o futuro de medíocres, bacocos e papagaios (que na verdade jamais periga e está sempre salvaguardado), o Nada Excelentíssimo Primeiro-Ministro demissionário arruinou e estampou definitivamente o futuro próximo das pessoas deste país. Das pessoas genuínas e reais deste desgraçado rincão. Afinal, há sempre aqueles que pagam caro todo o esbanjamento sumptuoso dos Fala-baratos! E isso é que não é branqueável. Nem pessoalizável numa única Coisa expiatória, à qual toda uma montanha de trampa infestante, toda ela a escorrer democracia da cloaca para fora, se pretende agora, à pressa e atabalhoadamente, limpar.
Ah, mas tranquilizemo-nos. Porque para resolver o caos e a bancarrota que uma diarreia parola e ininterrupta de não sei quantos actos eleitorais forjou e despejou no mundo, vamos fazer o quê? Vamos pagar, atamancar e penar mais eleições. Medido, alfaiatado e acamado no caixão, o país vai onde? Vai às urnas. Os envenenadores, travestidos de carpideiras e coveiros, vão a que sítio? À barra do tribunal, como lhes competia? Não, vão a votos. Depois de tratarem do funeral, candidatam-se a quê - à exumação do cadáver? Aos direitos exclusivos na venda do esqueleto para faculdades de medicina internacionais?
Valha-nos ao menos a utilidade das eleições para a Coisa Lomba e respectivas coisas suas amigas, pois, conforme garante e apregoa, mostrarão o que valem e até onde vai a sua aprendizagem e discernimento. Se bem que me parece o dispêndio de um balúrdio, ainda por cima de dinheiros públicos inexistentes, para descobrirem uma coisa tão óbvia e simples que até eu, mesmo sem os dotes divinatórios do professor Marcelo ou de mestre Bambo, lhes posso revelar de graça: não valem grande merda; e quanto à aprendizagem e ao discernimento, pior um pouco, já que vulgarmente oscilam e ricocheteiam entre o deslumbramento e a vertigem. Estilo "entre Cila e Caribdis"? Não, em bom rigor é mais "entre o umbigo e o olho do cu". Ou não fosse esse campo deselísio a pastagem predilecta de todo o bom ruminante púbico, retirando o discernimento do orifício de cima e a aprendizagem do buraco de baixo. Ou o inverso. Ninguém distingue. Macacus mutantis, se preferirdes.
Mas torno ao essencial: o preço duma fortuna para coisa tão pouca, tão rasca... Digam lá que isto não se tornou um antro de patos bravos e dissipadores compulsivos!... Um antro? Um paraíso, melhor dizendo.
PS: O trecho citado. como puderam comprovar, foi retirado do blogue Portugal dos Pequeninos, onde tive oportunidade de me aperceber da pérola. O meu agradecimento ao autor (do referido blogue) pelo fornecimento da preciosidade.
Ah, mas tranquilizemo-nos. Porque para resolver o caos e a bancarrota que uma diarreia parola e ininterrupta de não sei quantos actos eleitorais forjou e despejou no mundo, vamos fazer o quê? Vamos pagar, atamancar e penar mais eleições. Medido, alfaiatado e acamado no caixão, o país vai onde? Vai às urnas. Os envenenadores, travestidos de carpideiras e coveiros, vão a que sítio? À barra do tribunal, como lhes competia? Não, vão a votos. Depois de tratarem do funeral, candidatam-se a quê - à exumação do cadáver? Aos direitos exclusivos na venda do esqueleto para faculdades de medicina internacionais?
Valha-nos ao menos a utilidade das eleições para a Coisa Lomba e respectivas coisas suas amigas, pois, conforme garante e apregoa, mostrarão o que valem e até onde vai a sua aprendizagem e discernimento. Se bem que me parece o dispêndio de um balúrdio, ainda por cima de dinheiros públicos inexistentes, para descobrirem uma coisa tão óbvia e simples que até eu, mesmo sem os dotes divinatórios do professor Marcelo ou de mestre Bambo, lhes posso revelar de graça: não valem grande merda; e quanto à aprendizagem e ao discernimento, pior um pouco, já que vulgarmente oscilam e ricocheteiam entre o deslumbramento e a vertigem. Estilo "entre Cila e Caribdis"? Não, em bom rigor é mais "entre o umbigo e o olho do cu". Ou não fosse esse campo deselísio a pastagem predilecta de todo o bom ruminante púbico, retirando o discernimento do orifício de cima e a aprendizagem do buraco de baixo. Ou o inverso. Ninguém distingue. Macacus mutantis, se preferirdes.
Mas torno ao essencial: o preço duma fortuna para coisa tão pouca, tão rasca... Digam lá que isto não se tornou um antro de patos bravos e dissipadores compulsivos!... Um antro? Um paraíso, melhor dizendo.
PS: O trecho citado. como puderam comprovar, foi retirado do blogue Portugal dos Pequeninos, onde tive oportunidade de me aperceber da pérola. O meu agradecimento ao autor (do referido blogue) pelo fornecimento da preciosidade.
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