O problema, se me permitem recordar, é que a Europa saiu derrotada da Segunda Guerra Mundial. Não tanto a Alemanha, que claramente aspirava a megalomanias peregrinas e apenas perdeu a sua própria autonomia, mas o Império Britânico. Com a queda deste (e dos outros por arrasto), faliu a tentativa civilizadora europeia à escala global e triunfou a Terceiro-mundização do Planeta através dos seus motores principais, apenas hostis porque rivais: os Estados Unidos, a União Soviética e a China.
Ora, se o colonialismo, por dinâmica intrínseca e necessária, implicava uma gradual europeização do "terceiro mundo", posto que baseado numa deslocação de populações europeias e em consequentes laços comunitários a longo prazo, já o neocolonialismo, como a realidade não pára de demonstrar, instala ora o caos ora a exploração desenfreada por cleptocracias convenientes, donde resultou, primeiro, a retirada trágica das populações europeias e, logo de seguida, o êxodo das populações indígenas. Uma vez que a civilização não resolveu o problema no seu local próprio, importou-o. Recebe-o agora em sua casa. Falhada a europeização do Terceiro Mundo, é agora a Europa que se africaniza, muçulmaniza e orientaliza. Perdida a sua cultura, entrega-se agora à multicultura, ou seja, a qualquer cultura - na verdade, cultura nenhuma.
Também, se a civilização europeia, na sua acção colonial, constituía, para as populações autóctones, uma forma de ultrapassagem do tribalismo, ao retirar, devolveu-os à selvajaria - amplificada agora por armamento moderno e manipulação à distância. Mas pior que isso: ao perder, ela mesma, a sua cultura baseada na nação própria e no Deus comum, a Europa resvalou para o tribalismo -tenha essa tribo a forma de gang, partido, facção, seita, sindicato, claque, bando ou sociedade secreta. Como em África, as tribos predominantes são transfronteiriças e promovem cleptarquias supranacionais. Alegremente, o mundo inteiro resvala e patinha no animismo: a Ocidente adoram-se - não pedrinhas, tótens ou entidades naturais, mas - bugigangas, maquinetas ou tótens artificiais. Com a vaidade acrescida de quem se acha o cúmulo da modernidade.
Entretanto, esta Europa cada vez mais americanizada - estes Estados Unidos da Europa * (que mais não são que a balcanização ao retardador desta) que se cozinham à surrelfa e por determinação "superior" -, revelam bem o modelo genético do seu demiurgo - o melting-pot de mão-de-obra emigrante, capital à rédea solta, e lucro acima de tudo.
No meio de tudo isto, não deixa de ser irónico, até natural -e sintomático! - que os nossos jovens, bem intencionados, generosos, mas lavados ao cérebro desde pequeninos, queiram ser Europeus num tempo em que a Europa se vem entregando, sob patrocínio e imposição cripto-alógenos, a um lento e rasteiro hara-kiri.
Para a Nova (Des)Ordem Mundial, que não é europeia, a Europa é só mais uma neocolónia. E as massas que nela habitam, de múltiplas cores e credos, são gado. O que, diga-se de passagem, elas tudo fazem por merecer.
Por mim, cá vou rezando às grandes catástrofes naturais. Tenho fé.
*Nota - Onde os "estados do Sul" se renderam sem a dignidade mínima duma guerra.
*Nota - Onde os "estados do Sul" se renderam sem a dignidade mínima duma guerra.
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